Negócios do Esporte

Arquivo : maio 2011

Quando a Fifa irá mudar?
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Erich Beting

Nunca.

A certeza eu tive há cerca de dez anos, quando li pela primeira vez o livro “Como eles roubaram o jogo”, de David Yalop (obrigado a todos que mandaram a correção do autor do livro, a memória me traiu ontem quando escrevia). O jornalista inglês conseguiu, com maestria, revelar de que forma João Havelange alcancou a presidência da entidade ainda nos anos 70 e como fez para transformar o futebol num negócio extremamente rentável e corruptível. Infelizmente esse livro está, hoje, proibido de circular em terras brasileiras por conta de uma determinação da Justiça em favor de Havelange. Mas, quem tiver a oportunidade, pegue emprestado (e devolva!!!!) para ler.

Para quem trabalha ou deseja trabalhar com esporte, a leitura desse livro faz compreender com a maior naturalidade possível os últimos acontecimentos que pudemos presenciar na Fifa. Escândalos de corrupção, venda de votos (ao que consta, em troca de alguns projetores muitos delegados da Concacaf ficaram ao lado de Joseph Blatter) e diversas outras facilidades proporcionadas pela entidade compõem um cenário muito comum ao universo do esporte há cerca de cinco décadas.

Nada do que vemos agora acontecer com Jerôme Valcke, Jack Warner, Bin Hamman ou Joseph Blatter é tanta novidade assim. Faz parte de uma cultura impregnada, de uma tradição enraizada na estrutura da Fifa há décadas. O problema é que essas decisões obscuras interferem numa das coisas que é a maior paixão das pessoas: o futebol.

Legalmente, a Fifa é uma entidade privada que deve somente a ela mesma satisfação. Por isso mesmo a sua Comissão de Ética está muito mais acostumada a comissões do que a princípios éticos. Por conta disso, também, não conseguimos enxergar uma mudança visível na estrutura da entidade, por mais sonhos que tenhamos de que a lisura do futebol que nos acostumamos a ver quando crianças também perdurasse na vida adulta.

A Fifa não vai mudar. Prova disso é que Jerôme Valcke, o que orgulhosamente afirmou que Ricardo Teixeira estava “limpo”, hoje é o segundo cara na hierarquia da entidade. Ele ocupa o cargo que Blatter ocupou durante toda a vida política de João Havelange à frente da instituição. Até aí, nada demais.

Só que, há três anos, Valcke provocou um prejuízo de US$ 100 milhões para a Fifa, ao fazer com que ela perdesse uma ação movida pela MasterCard por quebra de contrato. Foi ele quem, ainda no cargo de diretor de comunicação, fechou acordo com a Visa de patrocínio das Copas de 2006 e 2010, mesmo tendo a marca concorrente e então parceira da Fifa a preferência para renovar o acordo. Na época, Valcke foi demitido. Menos de dois anos depois, voltou com plenos poderes à entidade.

Alguém ainda acha que há qualquer chance de a estrutura da Fifa mudar? O alento, para quem sonha em trabalhar com futebol, é que a indústria da bola é tão grande que lhe permite garantir o seu sustento sem precisar, diretamente, negociar com os grandes caciques da bola. Porque, claramente, é preciso muito estômago para isso.


Més que un club*
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Erich Beting

O domínio absoluto, inegável e irretocável do Barcelona na final da Liga dos Campeões da Europa fez todo mundo ter a certeza de poder ter acompanhado um jogo perfeito de um dos times de futebol mais perfeitos da história. Bola nos pés (e no chão!), habilidade, inteligência, categoria e, sobretudo, espetáculo. O Barça campeoníssimo da Europa é, sem dúvida, um dos grandes da história.

Qualquer fã do futebol aplaude entusiasmado o show do Barcelona. E qualquer fã do marketing tem, também, que ficar em pé para venerar a grandiosidade dessa equipe.

O show dentro de campo dado pelo Barça é a síntese de um dos mais bem sucedidos casos de gerenciamento de uma marca no universo dos negócios e, talvez, o melhor da história do esporte.

O slogan que define o Barcelona está definido: “Més que un club”, ou “Mais que um clube”. E, junto a esse lema, está intrínseca uma série de outros atributos que faz com que o time espanhol seja, hoje, a mais pura essência do que uma empresa tem de fazer se quiser ser uma marca mundialmente reconhecida e líder em seu mercado de atuação no mundo.

A frase que move o Barcelona não se aplica apenas a atitudes fora de campo. Dentro dele, seus jogadores transpiram o sentido de ser mais do que um simples clube de futebol. É um espetáculo, uma aula, algo fora de qualquer propósito visto no sentido de se jogar bola pelo menos nas últimas duas ou três décadas.

Mas como é possível um clube que, em 2003, estava preocupado em não falir chegar em tão pouco tempo a uma hegemonia soberana dentro do futebol?

A resposta é simples, mas o processo é extremamente complexo e precisa de pulso firme. Em 2003, o Barça era um clube endividado, sem alma e que assistia ao Real Madrid, seu maior rival, vangloriar-se de ser um dos clubes mais famosos e desejados do mundo. Naquela época, o clube catalão acumulava dívidas, gastava em demasia com jogadores estrangeiros e não via o orgulho de ser do Barcelona estampado em seus atletas (algo que, para um catalão, é praticamente uma ofensa pessoal tão ruim quanto xingar a família).

O que se seguiu foi um processo total de resgate do sentimento de ser parte do Barcelona, de representar um clube e, mais do que isso, uma região da Espanha. O orgulho catalão moveu o time para a criação do conceito de ser “Més que un club”, assim mesmo, na língua local. A Espanha pode esperar, a Catalunha – e o Barcelona – está acima de tudo.

Foi com esse pensamento que o Barça voltou os seus olhos para a sua origem. Em vez de contratar jogadores caros de outros países, investiu na gestão das categorias de base. Atleta bom se faz dentro de casa. Passou a contratar menos e, com isso, gastar menos. Investiu na formação cultural de seus atletas menores, que foram imersos em aulas sobre a história do clube, da região da Catalunha, da Espanha. Passou, fora de campo, a investir pesado na gestão financeira, no controle de gastos, no equacionamento das dívidas, na busca de outras receitas. O torcedor tornou-se a principal razão de existir para o Barcelona.

O primeiro resultado dessa guinada veio em 2006, com um time magistral comandado por Ronaldinho Gaúcho e Eto’o campeão da Europa depois de quase 15 anos. Mas a redenção veio agora, em 2011, com o segundo título continental, trazido por um time que foi formado quase que em sua totalidade nas “canteras”, como são chamadas as equipes de base.

O Barcelona aplica, dentro de campo, a filosofia que emprega fora dele. A marca de ser “Mais que um clube” é internacionalmente reconhecida e, acima disso, aceita. Na indústria do esporte, o resultado dentro da competição geralmente reflete o trabalho que é feito fora dela. Quase sempre quem faz o dever de casa bem feito tira as melhores notas na hora de competir.

Quando todos os times do mundo se curvam ao poder do Barcelona, ele fecha o ciclo e prova que consegue ser muito mais do que um clube. É uma marca mundialmente reconhecida como sinônimo de qualidade, competência, liderança, inovação (o patrocínio para a Unicef que o diga).

O Barcelona conseguiu levar para o campo do esporte algo que, antes, pensava-se ser restrito ao universo das marcas de bens de consumo. Para quem pretende repetir esse sucesso, é preciso ir muito além das quatro linhas do campo.

* Coluna publicada originalmente na Universidade do Futebol


Os empresários cansaram de esperar o esporte
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Erich Beting

Falei aqui outro dia dos movimentos que começam a surgir no esporte brasileiro, com a criação de alguns projetos paralelos às instituições esportivas liderados por ex-atletas e empresários.

Depois dos últimos acontecimentos envolvendo o estádio paulistano e a saída da cidade de São Paulo da Copa das Confederações (só isso que vou falar sobre o modorrento tema), bem como a mudança de sede do Mundial de handebol feminino por falta de condições de Santa Catarina, esses movimentos que aparecem no país dão a mostra clara de que os empresários estão cansados de esperar pelo esporte.

Durante muitos anos, foram poucas as iniciativas envolvendo o patrocínio no esporte. Quase sempre os grandes investimentos tinham por trás a motivação de empresários, e não de empresas. Isso se dava, principalmente, pela ineficiência de o esporte se projetar como uma plataforma de negócio. Com isso, o empresário enxergava a oportunidade que o esporte não sabia mostrar que existia.

Agora, as empresas (e, principalmente, os grandes empresários) perceberam que não se pode mais deixar de investir em esporte. Seja pelo retorno do ponto de vista social, seja pela oportunidade de fortalecimento das marcas que patrocinam, essa é a necessidade do momento na cabeça do universo corporativo.

Mas a diferença é que os empresários, claramente, cansaram de esperar pela profissionalização do esporte. Por conta da crescente obrigação que clubes de futebol e instituições têm hoje de aumentar receita e fazer mais negócios, acreditava-se que a profissionalização seria acelerada também por causa da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos.

Mas o esporte ainda não acordou. Pior que isso. Assiste a uma entrada ainda maior de dinheiro por causa do aumento do interesse das empresas em investir e não tem se atentado para a necessidade de bom gerenciamento dessa verba cada vez maior.

Os empresários cansaram de esperar por essa profissionalização e decidiram caminhar por conta própria. Neste sábado, durante o passeio do Barcelona na Inglaterra, num show de transformação do esporte em espetáculo e dinheiro, aqui em São Paulo importantes empresários debatiam como aproveitar as melhores oportunidades para investir em esporte e, mais do que isso, em aproveitar o potencial de transformação social que ele proporciona.

Na plateia, praticamente apenas ex-atletas e empresários estavam presentes. Os dirigentes esportivos continuam fora. E, depois, reclamam quando surgem iniciativas “anárquicas”. Os empresários cansaram de esperar por projetos que mostrem que investir no esporte é um grande negócio. Sendo assim, melhor partir para a carreira solo.

O atleta continua a ser o maior beneficiado disso.


O maior marketeiro do esporte
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Erich Beting

Usain Bolt voltou às pistas e ganhou a primeira prova que disputou da Diamond League. O velocista jamaicano, mais uma vez, superou seus rivais e venceu nove meses depois de ausência das pistas.

Na mesma semana, Bolt foi eleito o “mais marketeiro” atleta do mundo. Entre todos os esportistas do planeta, o dono do recorde mundial dos 100m rasos é também o atleta com a capacidade de gerar maior retorno para os seus patrocinadores.

O levantamento tem como base o valor que o atleta poderia gerar num eventual contrato de patrocínio que seria firmado com uma empresa. Nos critérios estão a capacidade de esse esportista angajar as pessoas a consumirem a marca anunciante por endossar o produto.

O que faz de Bolt tão especial a ponto de vencer a lista montada pela Sports Pro, empresa inglesa que produz reportagens e relatórios sobre o mercado de esporte em todo o mundo?

Bolt é carismático, líder em sua área de atuação e uma pessoa que motiva as pessoas. Além disso, fora das pistas, tem comportamento irretocável. Combina-se a esse fator a queda de alguns “gigantes”, como Tiger Woods ou Roger Federer e pronto!

O jamaicano consegue, hoje, reunir todas as características que fazem uma marca querer um atleta para endossá-la. Fosse ele americano, sem dúvida a fortuna seria ainda maior do que já é. E talvez seja esse um dos maiores trunfos de Bolt: em todos os casos, ele é um “peixe fora d’água”.

Veja abaixo a lista com os cinco esportistas mais marketeiros segundo a Sports Pro.

1 – Usain Bolt (JAM) – Atletismo
2 – LeBron James (EUA) – Basquete
3 – Cristiano Ronaldo (POR) – Futebol
4 – Lionel Messi (ARG) – Futebol
5 – Lewis Hamilton (ING) – Automobilismo


O crescimento do PPV e o novo acordo do Brasileirão
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Erich Beting

A venda de pacotes de pay-per-view do Campeonato Brasileiro já chega a quase 1 milhão de pessoas com o torneio ainda em sua primeira rodada. Os números, divulgados hoje pelo “Meio & Mensagem” mostram que, em menos de meio ano, já há o mesmo número de consumidores do pacote do que em todo o ano de 2010. E o que isso significa em termos práticos para o novo acordo de TV do Brasileirão que foi fechado pelos clubes com a Globo, individualmente?

Nos acordos, a receita de PPV continua a ter um valor variável. Depois que os custos de produção acabam, os clubes e a Globosat, detentora do sistema, dividem os lucros. Essa receita que varia conforme a compra é ótima para todos, já que passa a ser de interesse dos dois lados o crescimento das vendas.

Mas o exemplo do comportamento de vendas do PPV, que a cada ano cresce mais levanta uma dúvida. Será que foi tão vantajoso assim para os times assinarem com a Globo até 2015 um preço único para o pacote de TV fechada? Da mesma forma que aumentam as vendas do jogo “pago”, crescem a cada dia os assinantes de TV a cabo no país.

Economia mais estável, pacotes de canais mais baratos, melhor poder aquisitivo da população. Tudo ajuda para que se tenha uma previsão de crescimento do negócio TV fechada no Brasil para a próxima década. Quem sabe como estará esse mercado nos próximos três anos? Qual o impacto que os investimentos em infraestrutura de transmissão de dados terão sobre o negócio de TV no país?

Essas são perguntas que deveriam ter sido levadas em conta pelos dirigentes que fecharam os acordos com a televisão até 2015. Ou, pelo menos, que eles olhassem os relatórios de venda de pacotes de PPV e do número de assinantes de TV a cabo no país nos últimos quatro anos para analisar se estavam, mesmo, fazendo um “ótimo negócio” como todo clube adora enfatizar quando anuncia o fechamento do contrato com a Globo.

Só para se ter uma ideia, entre 2009 e 2011, praticamente dobrou o número de venda do PPV. A negociação dos pacotes saltou de 686 mil para 1 milhão de compradores, sendo que a previsão da Globosat é encerrar o ano com 1,2 milhão de assinantes do sistema. Da mesma forma, a entrada da TV a cabo nos lares brasileiros só aumenta a cada ano.

Será que o clube sabe, de fato, qual o real valor do seu negócio de direitos de transmissão?


O handebol e o drama do esporte no Brasil
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Erich Beting

A mudança de sede do Mundial feminino de handebol, cerca de seis meses antes do início da competição, revela um problema sério que afeta o Brasil “do esporte”. O desenvolvimento do esporte no país passa, necessariamente, pela melhoria das instalações esportivas que temos por aqui.

Se quisermos ter atletas para competir, precisamos dar condições a eles para se desenvolverem. Santa Catarina oferecia todas as condições financeiras para que o Mundial fosse realizado no estado. Foi esse o motivo, aliás, que fez com que a Confederação Brasileira de Handebol escolhesse o estado como sede do torneio.

O problema foi a condição esportiva para abrigar o torneio. Não temos capacidade para fazer o torneio lá e, muito provavelmente, em diversos outros lugares do país. Talvez até no estado de São Paulo, nova sede do Mundial, tenhamos dificuldades para conseguir encontrar ginásios prontos e aptos a receber a competição.

Na semana passada, foi inaugurada em São Paulo a nova pista de atletismo do Complexo Esportivo do Ibirapuera. É de primeiro nível, mas também é a única da cidade mais populosa do país. Pelo Brasil, existem outras quatro pistas de atletismo aptas a receber competições internacionais. Da mesma forma, temos menos de 20 autódromos espalhados pelos estados brasileiros. Isso sem contar complexos de natação, ginásios de basquete, vôlei, judô, etc.

É fundamental, sem dúvida, investir na formação de categorias de base em todos os esportes. Mas é primordial, também, oferecer estrutura para que tenhamos grandes competições mundiais no país. O incentivo à prática esportiva passa, também, pelo acesso que as pessoas têm aos grandes eventos e grandes atletas.

Com os Jogos Olímpicos em 2016, a tendência é que o Brasil passe a ser local para abrigar diversas competições preparatórias. Atletas internacionais precisam conhecer e se aclimatar ao país. A formação de atletas é um processo lento e que demanda investimento de longo prazo. De nada adianta, porém, termos praticantes do esporte se não existe local para essa prática.

A mudança de sede do Mundial de handebol é um alerta para o país que vai respirar esporte pelos próximos seis anos.

Correção: A cidade de São Paulo tem duas pistas de atletismo de primeiro nível. Uma no Ibirapuera e a outra do Centro Olímpico.


Valencia acirra duelo na área de ensino no Brasil
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Erich Beting

Um dos primeiros mercados que tem se desenvolvido no esporte do Brasil por conta da proximidade de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos é o de ensino. De 2009 para cá, especialmente depois da escolha do Rio como sede dos Jogos de 2016, pipocam diversos cursos de formação em gestão do esporte no país, além de fóruns e seminários.

Mais curiosa, porém, é a invasão de instituições estrangeiras para passarem um pouco de conhecimento na área para um mercado ainda carente – e repleto de oportunidades – como o nosso. Depois de Real Madrid e Milan, chegou a vez de o Valencia desembarcar por aqui. Em parceria com a Unimonte e a Mozel Gestão Educacional foi lançado o programa “The Academy Brasil” na manhã desta segunda num evento em São Paulo.

Na apresentação Jorge Coll, coordenador do curso da Fundación Valencia, fez uma referência histórica que vale para comparar o momento vivido hoje pelo Brasil e aquele que a Espanha enfrentou há cerca de 20 anos, pouco antes de os Jogos Olímpicos irem para Barcelona.

“Em meados dos anos 80 não tínhamos cursos que formavam gestores esportivos. Esse foi um passo importante que demos para conseguir pensar no futuro depois de 1992”.

Hoje, Valência, com 1 milhão de habitantes, concentra investimentos que permitem que a cidade receba etapas da competição de vela America’s Cup, da Fórmula 1 (o GP da Europa) e da Moto GP, além de diversos outros eventos menores. A Espanha, como um todo, soube aproveitar a profissionalização à força gerada pelas Olimpíadas de 1992.

Hoje, 20 anos depois, o Brasil tem a chance de começar esse processo. Uma notícia boa é que aumenta a oferta de cursos na área esportiva, especialmente naquela que se refere à gestão. A má notícia é que ainda é escasso o trabalho no esporte, que não acompanha o ritmo da oferta de cursos e formação de profissionais especializados.


Rio-2016 faz surgir “poder paralelo” no esporte olímpico
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Erich Beting

Na próxima semana, a cidade de São Paulo receberá dois grandes lançamentos para o mercado de investimento na formação de atletas relacionado aos Jogos Olímpicos.

Na terça-feira será colocado em prática o Movimento Live Wright, em homenagem ao empresário Roger Ian Wright, morto há dois anos num acidente aéreo, para fomentar o desenvolvimento do esporte no país a partir de centros de formação e treinamento. No sábado, o Grupo Lide, comandado pelo empresário João Dória Jr., vai anunciar a criação do seu braço de esporte, dentro de um projeto social que engloba o investimento na formação de atletas.

Nos dois casos, a ideia é fazer com que o surgimento de novos atletas não dependa da atuação do Comitê Olímpico Brasileiro. Esse talvez seja hoje um dos primeiros reflexos da mudança no desenvolvimento do esporte no país. Com mais gente interessada em investir por conta dos Jogos de 2016, surgem projetos que já não cabem nos braços do COB, anteriormente uma espécie de parada obrigatória  para quem quisesse investir no esporte no Brasil.

O movimento, inclusive, incomoda Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB. Tanto que, no sábado, não haverá nenhum representante do comitê no evento do Lide Esporte, mesmo com o nome de Nuzman tendo sido anunciado como palestrante em alguns convites. Pelo contrário, alguns desafetos declarados do dirigente, como Joaquim Cruz e Paula, do basquete, participarão dos debates no fórum.

O “poder paralelo” começou a surgir, após quase duas décadas de soberania do COB em tudo o que dizia respeito a investimento nas modalidades olímpicas. Sinal de que os tempos estão mudando. Os maiores beneficiados, sem dúvida, passarão a ser os atletas, que terão mais oportunidades para se desenvolver. Demorou, mas a iniciativa privada finalmente enxerga o esporte como um todo como uma plataforma de investimento.


Série B é segundo golpe da Globo sobre RedeTV!
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Erich Beting

A disputa pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro teve um segundo round na última semana, quando a Band foi oficializada como a emissora oficial da Série B do Campeonato Brasileiro a partir do próximo dia 21 de maio. A emissora da família Saad tirou da RedeTV! os direitos de exibir a competição. A decisão é mais um baque para o canal que já havia ganho, mas sem levar, os direitos de exibir o Brasileirão da Série A entre 2012 e 2014.

Mesmo sem aparecer, a Globo foi a principal vencedora dessa história. A Band comprou, em tese, os direitos de exibir o campeonato da Sportpromotion, agência de marketing que é responsável pela gestão comercial da Segundona em parceria com a CBF. A Globo é a principal detentora dos direitos para TV aberta, TV fechada e pay-per-view, mas geralmente só tem exibido as partidas do campeonato nos seus canais pagos. Nos últimos seis anos, a RedeTV! ficou com a transmissão em TV aberta do torneio, com raras aparições da Globo nos anos em que clubes de grande torcida participaram da competição.

Para este ano de 2011, a dobradinha Globo e Band será feita nas duas principais divisões do futebol brasileiro, dando mostras de que deverá continuar também quando terminar de ser resolvida a transmissão do Brasileirão entre 2012-2015.

Fica cada vez mais claro que está bem longe de acontecer a via de conciliação entre Globo e RedeTV! (particularmente, esse era o caminho que eu considerava o mais racional para ser tomado pelas duas partes) para acomodar os interesses do processo de aniquilação do Clube dos 13. Sinal de que poderemos ter guerras de liminares ou brigas intermináveis na Justiça.

Para o mercado, e para o torcedor, o mais provável, neste momento, é que Globo e Band continuem a reinar soberanas no direitos de transmissão do futebol no país.


Audi dá vaga de carro a torcedor do Manchester
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Erich Beting

Uma ação simples, mas que revela como um patrocinador pode facilmente fazer a ativação de sua marca sem precisar, necessariamente, da exposição na camisa do clube. Na Inglaterra, o Manchester United e a Audi, que patrocina o time campeão inglês, fecharam um acordo para que proprietários de carro da Audi tenham estacionamento gratuito no estádio Old Trafford.

A ação é válida para os jogos dos dias 22 e 24 de maio próximos. O primeiro, é na rodada de encerramento do Campeonato Inglês, e o segundo é a partida de despedida de Gary Neville.

A dinâmica da promoção é simples. O torcedor se cadastra no site, preenche todas as informações, e ainda tem de confirmar os dados sobre o carro que possui. No dia da partida, o estacionamento só será válido para quem estiver, obviamente, dirigindo o carro da marca.

O clube e a empresa conseguem coletar diversas informações com esse cadastro preenchido pelo torcedor. A Audi reforça a sua ligação com o Manchester e ainda colhe preciosos dados de donos de seus carros. E, por fim, o torcedor sente-se privilegiado pelo benefício.

Por aqui, ainda continuamos a achar que só exposição na camisa basta. É lógico que, em se tratando de estádio de futebol em dia de jogo, temos um entrave claro para esse tipo de ação: quantos estádios poderiam oferecer estacionamento de carros para seu torcedor?