Negócios do Esporte

Arquivo : janeiro 2012

No duelo das montadoras, Kia fecha com Palmeiras
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Erich Beting

Como falado por aqui há alguns dias, a briga entre as montadoras acabou sendo benéfica para o Palmeiras. O clube paulista vai apresentar amanhã o patrocínio da Kia Motors para seu uniforme (leia aqui).

Depois de sair da Fiat e flertar com a JAC, o clube acabou fechando negócio com a montadora que já dá nome à Copa do Brasil e ainda patrocina a Fifa, graças ao acordo internacional da Hyundai-Kia.

O apelo popular que o futebol proporciona faz com que as montadoras decidam apostar no patrocínio para divulgar seus produtos. É assim com a Chevrolet no patrocínio a alguns estaduais, com a Volks no futebol e assim por diante.

Depois da era de patrocínio das empresas de eletroeletrônico, o futebol começa a viver o período das grandes fabricantes de automóveis. A questão é saber até quando a bonança continuará.

Nos Estados Unidos, durante décadas a indústria automobilística bancou os esportes mais populares do país. Com a crise acertando em cheio as montadoras, o patrocínio minguou nos últimos três anos.

Por aqui, o bom momento da indústria automobilística sustenta a farra e a necessidade de exposição. E os clubes e campeonatos se beneficiam disso.


A velocidade da informação*
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Erich Beting

São Paulo, meio-dia. Daniel Carvalho, reforço de peso (literalmente) do Palmeiras para a atual temporada, dá entrevista à rádio Estadão-ESPN. Nela, afirma ter tomado anabolizantes na Rússia para se tornar um jogador mais “forte”, o que justificaria os quilos acima do ideal que ostenta atualmente. Daniel, entre outras coisas, disse que não havia exame antidoping no futebol russo e que, por isso, tomava as injeções recomendada pelo médico do CSKA. Cerca de uma hora depois, na Rússia, a versão dada pelo jogador era contestada por jornalistas, que afirmam ser procedimento-padrão a realização dos testes.

No mundo atual, não existe mais como alguém tentar fantasiar uma realidade. Na época de Twitteres, Facebooks e afins, a velocidade com que uma informação é difundida transporta barreiras de forma jamais vista. Há 30 anos, Daniel Carvalho sairia como vítima de toda essa história, e os jogadores brasileiros passariam a pensar 30 vezes antes de aceitar conversar com um emissário do futebol russo, provavelmente o “lugar em que você é obrigado a tomar bomba”.

Hoje, porém, não há mais espaço para acusações sem prova. Daniel Carvalho caiu na armadilha de usar uma desculpa para explicar o inexplicável e, pior do que isso, acreditar que a mentira prevaleceria por muito tempo ou para sempre. O mesmo jogador que, nem uma hora depois, aparecia em matéria no Globo Esporte tomando uma “raspadinha” de groselha com leite condensado, após o jogo do Palmeiras contra o Guaratinguetá. Fica difícil, depois dessa, tentar explicar como é que o anabolizante foi parar no meio da groselha.

Há tempos falamos da importância do media trainning para o meio do futebol. Ele não serve apenas para o jogador saber falar com desenvoltura sem se preocupar com câmeras e microfones. Mais do que isso, é preciso ter discernimento para entender o impacto de uma declaração, a responsabilidade sobre aquilo que está sendo dito.

Daniel Carvalho passou de vítima a vilão em menos de duas horas. Sinal de que nem mesmo a barreira do fuso horário foi suficiente para perdurar uma história sem pé nem cabeça. A velocidade de transmissão da informação exige, cada vez mais, de consciência às pessoas na hora de dar qualquer declaração.

* Texto publicado originalmente na Universidade do Futebol


A pedalada de Ronaldo
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Erich Beting

Ronaldo postou, na manhã de hoje, uma foto em seu perfil no Twitter dizendo que estava chegando para uma reunião de trabalho numa bicicleta. Rapidamente a mensagem ganhou seus retuítes e, em pouco tempo, as manchetes dos principais sites brasileiros (leia mais aqui).

Brincadeiras à parte, e se a ação foi apenas uma jogada de marketing, o gesto de Ronaldo reflete algo que vem mudando significativamente a cara do mercado de esporte no mundo todo.

A bicicleta tem, a cada dia, tomado mais conta dos espaços urbanos e, com isso, ampliando sua importância na indústria esportiva. Hoje, o mercado de bikes já é o maior no segmento esportivo, com 15% de todas as vendas ligadas ao esporte no mundo, superando as demais modalidades.

Mas qual é o segredo da bike?

Ronaldo matou a charada no seu Twitter, mesmo que de forma involuntária.

As bicicletas começaram a tomar conta não só das ciclovias de lazer mas, também, dos espaços urbanos como forma de deslocamento das pessoas para o trabalho. Cidades como Copenhague (Dinamarca), Amsterdã (Holanda) e Lyon (França) já discutem como fazer para resolver o problema de falta de espaço nas ciclovias nos horários de pico de chegada e saída do trabalho.

Num mundo que defende com unhas e dentes a adoção de hábitos de vida mais saudáveis e meios alternativos (e não poluentes) de transporte, a bicicleta parece ser a solução. A pessoa pratica a atividade física para ir ao trabalho e, também, não polui, não piora a condição de trânsito, etc.

Bicicleta não é mais uma mera diversão, mas sim um estilo de vida.

O futuro do mercado de bicicletas não é o esporte de competição e também não é o lazer. Na era moderna, os carros potentes darão lugar às alternativas saudáveis e não poluentes de transporte. O grande segredo da pedalada de Ronaldo não é usar a bicicleta para ganhar a prova, mas para chegar mais rápido.

Tanto que, coincidentemente, no domingo o astro de basquete LeBron James também adotou a magrela para ir ao jogo do Miami Heat. O motivo? O trânsito ruim de Miami por causa da maratona que era realizada naquele dia.

Nos EUA, país que adotou o carro como meio obrigatório de transporte (85% dos deslocamentos para o trabalho são feitos de carro), o mercado de bicicletas ainda engatinha. Mesmo assim, Nova York, a metrópole americana, já começa a adotar a ciclovia em suas ruas para dispersar o trânsito. Hoje, a cidade tem 18 mil ciclistas por dia usando os quase 300 km em ciclovias.

A pedalada de Ronaldo não é só “moda”, como ele postou no seu Twitter. No futuro, até por uma necessidade, todos vamos usar muito mais as bicicletas como meio de transporte. No Brasil, segundo a Abraciclo, metade das pessoas que usam uma bicicleta tem nela o seu meio de locomoção. O esporte de competição representa apenas 1% de todo o consumo do mercado nacional.

A pedalada para ir ao trabalho não é só um luxo de Ronaldo ou LeBron. Cada vez mais veremos as duas rodas invadindo o espaço público.


Para que serve o marketing de um clube?
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Erich Beting

A pergunta já não é mais tão absurda de se fazer no futebol. Mas, geralmente, o marketing é confundido com a simples busca por patrocínio e receitas para bancar o clube.

Claramente o departamento de marketing tem de ser muito mais do que isso. Precisa fidelizar torcedor, aumentar a base de consumo dos produtos ligados ao clube, conhecer melhor o consumidor e, lógico, buscar vantajosos contratos de patrocínio.

Em setembro passado, o Botafogo mostrou como um departamento de marketing minimamente bem organizado pode trazer resultados excelentes para o clube apesar de ter uma estrutura ainda longe da ideal.

O clube carioca fez uma reunião para seus patrocinadores em que o projeto de patrocínio para 2012 foi apresentado.

O negócio foi simples. Uma apresentação das propriedades comerciais disponíveis, os valores de cada uma delas e, ainda, o retorno que é possível de se obter a partir desses investimentos. Ao final do encontro, o atacante Herrera apareceu e entregou toda a apresentação para os empresários presentes ao local.

Simples e eficiente. Foi a partir disso que o vínculo com Guaraviton foi ampliado, da mesma forma que a Havoline manteve seu aporte.

Um departamento de marketing bem preparado consegue, facilmente, manter a base de conversa num patamar bom de negociação tanto para a empresa quanto para o clube. O encontro prévio com os patrocinadores também foi uma forma de mostrar planejamento e visão de longo prazo.

Com a profissionalização das próprias empresas ao investir no esporte, a história de que sempre negocia-se algo fantástico, que é o “Manto Sagrado” de qualquer uniforme, simplesmente cai por terra.

Marketing serve para vender patrocínio. Mas pode ser bem mais do que isso. E os clubes começam a mostrar, dentro de campo, que com o mínimo de bom planejamento fora dele as coisas podem melhorar. O Botafogo é um bom exemplo disso. Há cinco anos, lutava para não ser rebaixado. Hoje, entra como time favorito, pelo menos, a disputar as primeiras posições.


A mídia começa a ajudar o naming right a pegar no Brasil
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Erich Beting

Primeiro foi o diário “Lance!”, que há alguns dias publicou um editorial informando que passaria a chamar o futuro estádio do Corinthians de “Arena Corinthians”, como uma forma de incentivar a venda do naming right do “Itaquerão”. A atitude foi reforçada na última quarta-feira, com a Fox chamando a Copa Santander Libertadores respeitando o nome do patrocinador (leia mais aqui).

Os dois casos reforçam o caminho daquilo que fez, mundialmente, o mercado de naming rights decolar. Assim como nos Estados Unidos e Canadá, foi a partir de acordos com a mídia que começou a se popularizar a estratégia das empresas de dar nome a estádios e competições.

Por lá, tal como cá, havia a rejeição de grande parte da mídia em falar e respeitar os direitos dos patrocinadores. Com o passar do tempo, porém, a própria mídia passou a aceitar e incentivar esse tipo de patrocínio. E o raciocínio é simples.

A mídia só tem a ganhar com ações de naming right. O benefício é claro. Com uma indústria do esporte cada vez mais amadurecida, há uma tendência de as empresas investirem ainda mais em ações de ativação. E isso inclui, necessariamente, um investimento maior em mídia para comunicar esse patrocínio.

Ou seja. No final das contas, a mídia ganha potencialmente um novo anunciante por conta do patrocínio da empresa.

A mídia começa a ajudar o mercado de naming right a crescer no Brasil. E, com a reforma e modernização de estádios, esse é mais um dos mercados que deve finalmente se consolidar na próxima década. Tudo isso trará mais assunto e maior fonte de faturamento. Inclusive para a própria mídia.


O risco da inovação
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Erich Beting

Participei na manhã desta quarta-feira do XV Troféu Cidade de São Paulo. Entre os patrocinadores do evento estava a Tetra Pak, que produz embalagens em papelão. Uma das novidades da empresa para a prova foi o uso de caixinhas de água para serem entregues aos corredores. O objetivo era transmitir a ideia de o quanto é bacana pensarmos em materiais recicláveis e promovermos a reciclagem de embalagens no nosso dia a dia.

Em tese, a ideia é perfeita. Usa-se a propriedade de patrocínio a uma das mais tradicionais corridas de rua da “Cidade das corridas de rua” para fazer a propaganda de um produto e, mais do que isso, reforçar um conceito fortemente explorado pela marca Tetra Pak, que é a reciclagem de materiais. São por atitudes inovadoras como essa que empresas líderes mantêm seu posto de liderança de mercado.

Como dizia o texto enviado à imprensa antes da prova:

“Durante a corrida, a Tetra Pak distribuirá aos participantes 100 mil caixinhas personalizadas de água, produzidas com matéria-prima renovável e 100% recicláveis. Todo o resíduo gerado será coletado e destinado a uma cooperativa de catadores. Aliando a sustentabilidade ao evento esportivo, a empresa também aproveitará a oportunidade para lançar uma campanha nacional em prol da reciclagem das embalagens. O objetivo é disseminar a mensagem da importância da coleta seletiva e alavancar os índices de reciclagem das embalagens da Tetra Pak em todo o país”.

Ideia perfeita. Mas e a execução? Aí é que entra o risco de toda ação inovadora.

Faltou à Tetra Pak, provavelmente, entender mais do mercado de corrida de rua e especificamente do corredor antes de colocar em prática o planejamento. Na hora da prova, a embalagem pouco usual do produto causou uma rejeição imediata no corredor. No primeiro posto de abastecimento de água, as pessoas relutavam em pegar a água, acreditando que a embalagem era de uma água de coco. Para solucionar o problema, uma pessoa do staff ficava berrando que o produto era água mineral para quem passava. Além disso, a embalagem não era prática de abrir como o copo d’água de plástico, dificultando o manuseio durante a prova.

Inovar é preciso, mas sempre tem um risco, especialmente quando envolve mudança brusca de algo que já dá certo no mercado.


Onde estão os patrocinadores?
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Erich Beting

O ano começou no futebol brasileiro com um detalhe preocupante para Flamengo, Palmeiras e São Paulo. Três dos quatro clubes de maior torcida do país estrearam na temporada com uniformes sem um patrocinador principal.

O fato revela algo que já se previa que aconteceria, mas talvez não na velocidade como aparentemente parece querer mostrar. Começa a ficar claro que o mercado de patrocínio no futebol não está assim tão aquecido como previam e aproveitaram os dirigentes nos últimos dois anos.

A era do “exposição a qualquer custo” proporcionada por Corinthians e Ronaldo em 2009 e 2010 começa a ser deixada de lado pelos donos da grana.

São dois os motivos para isso. O primeiro, mais direto, é o resultado não tão satisfatório que muitas empresas tiveram em 2011. A projeção otimista não foi tão grande assim, e portanto muita gente tirou um pouco o pé do acelerador. Outro ponto, e essa é a boa notícia para o esporte, é que o mercado, como um todo, já está ficando mais seletivo na hora de investir.

Possivelmente o Corinthians se une ao trio em abril, com a negociação com a Hypermarcas ainda se arrastando. A ideia do clube que provocou toda essa baderna de superexposição de marcas era a de obter um patrocinador ainda no ano passado e, assim, antecipar a saída da empresa que mais bancou o projeto de poluir o uniforme com diversas marcas sem um critério claro de retorno da exposição para cada uma delas. Mas o plano corintiano não vingou, e agora poderemos ver os quatro clubes mais populares do país sem um patrocinador.

O maior problema que vem pela frente para os clubes é encontrar uma empresa que pague o quanto é pedido pela propriedade. Como já foi dito aqui há algum tempo, as marcas que sempre tiveram projetos de investimento de longo prazo no esporte simplesmente desapareceram depois que começou a farra do macacão de Fórmula 1 na camisa de futebol.

O caminho para Flamengo, Palmeiras e São Paulo parece ser árduo. O Fla nem mesmo com Ronaldinho consegue se vender. Os dois grandes paulistas batem cabeça em seus departamentos de marketing e contam com um histórico recente de “expulsão” de antigos patrocinadores (o Palmeiras tirou a Samsung, e o São Paulo, a LG).

Os patrocinadores estão disponíveis no mercado. Mas os clubes precisarão ser cada vez mais profissionais na hora de lidar com eles, porque as empresas já não acreditam mais apenas no milagre da exposição da marca quando se fala em investimento no futebol. Ainda mais quando os dirigentes insistem em achar que é possível dar bom retorno com três a cinco marcas expostas numa camisa. Nem mesmo o patrocínio pontual tem sido cogitado.

É o lento caminho da evolução dando mais um passo.


Xavi e Iniesta ou Thiago Neves, Deco e Wagner?
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Erich Beting

Caro torcedor, qual meio-campo você escolheria para o seu time? A dupla Xavi-Iniesta ou o trio Thiago Neves-Deco-Wagner? Possivelmente não há muita dúvida de quem seria o seu meio dos sonhos. Mas então vamos a outra pergunta. E se o custo mensal para contar com uma formação como a do Barcelona fosse próximo da que estará em 2012 no Fluminense? Aí a resposta fica ainda mais fácil de ser encontrada.

Curiosamente é isso o que acontece hoje, época em que o futebol brasileiro é inundado de dinheiro mas sem um controle bem feito dos gastos realizados. Xavi e Iniesta custam, por mês, cerca de R$ 2,8 milhões aos cofres do Barça. O trio do Flu consome por volta de R$ 2 milhões mensais.

Da mesma forma, o Fluminense (via Unimed) paga em Deco, já em final de carreira, o mesmo que a Internazionale gasta com Sneijder, meia titular da seleção holandesa vice-campeã mundial. Considerando que, em 2010, o Flu faturou R$ 75 milhões e a Inter por volta R$ 500 milhões, a comparação soa ainda mais absurda.

O futebol brasileiro tem faturado como nunca conseguiu. Economia em alta, patrocinadores idem. O problema é ter racionalidade na hora de controlar esses gastos. É impossível um clube dispender com Thiago Neves, Deco e Wagner cerca de 70% do que o Barcelona gasta com a melhor dupla de meio-campistas da atualidade. Ou os mesmos 70% do custo de Messi, o melhor do mundo.

Não podemos pensar em termos um futebol rico se não gerarmos frutos com essa riqueza. Enquanto os clubes se estapeiam para pagar salários a jogadores medianos que são equiparáveis aos principais jogadores do mundo, o futebol brasileiro não conseguirá se profissionalizar.

A comparação dos gastos do Flu com Barça e Inter vale também para diversos outros salários astronômicos que têm sido pagos nos últimos meses a jogadores no Brasil. E serve de alerta para alguns investimentos futuros. Será que não valeria ir atrás de reforços do exterior? Por que só a Europa é importadora de pé-de-obra? Ou por que não buscar jogadores fora da América do Sul?

O discurso que permeia o Brasil de hoje é o de transformação do país em potência econômica mundial. Por que o futebol não pode também mudar o curso e começar a importar jogadores de outros lugares? Para isso, porém, é preciso saber fazer melhor uso do dinheiro que parece jorrar cada vez mais dentro dos cofres.


Os chineses acordaram!
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Erich Beting

Outro dia comentei aqui no blog que a briga entre as montadoras de automóveis esquentava no futebol. Ao final do texto, dizia que os fabricantes chineses, que estão revolucionando o mercado como fizeram os coreanos há algumas décadas, ainda não tinham acordado para a força do esporte como forma de construção da marca.

Mas eis que a notícia vem, confirmada por diferentes fontes, de que a JAC Motors ofereceu R$ 20 milhões para estampar sua marca na camisa do Palmeiras (leia a matéria completa aqui).

O negócio ainda não está sacramentado, mas mostra um pouco aquilo que vinha falando no post anterior. O esporte, como plataforma de construção de uma marca, é uma ferramenta fortíssima. O futebol no Brasil, então, é o melhor caminho para uma marca que quer ganhar seu espaço no mercado.

No caso da indústria automobilística, o investimento, quando não é para um campeonato, geralmente está focado num time de São Paulo, principal mercado consumidor do país. E, atualmente, as opções viáveis seriam Palmeiras e São Paulo, que estão com a cota de patrocínio master disponível.

Ao escolher o Palmeiras, a JAC também consegue tirar um concorrente da jogada. A ideia de que a empresa pode substituir a Fiat no clube pode ser, de forma subliminar, transportada para o pensamento do consumidor. Da mesma forma, a exposição permanente que o futebol tem no país e o retorno de reconhecimento de marca que ele proporciona compõem elementos mais do que suficientes para que a aposta seja feita.

O negócio também pode representar a mudança de paradigma do mercado de patrocínio no futebol, virado de cabeça para baixo nos últimos anos pelo fator Ronaldo no Corinthians. A tendência é que cada vez menos empresas estejam dispostas a fazer investimentos dessa magnitude nos clubes sem ter a exclusividade de exposição da sua marca.

Patrocinadores menores e menos comprometidos com planos de longo prazo tendem a desaparecer nos próximos dois anos. O mercado deve ficar restrito a poucas e grandes marcas, que pautarão no relacionamento com o torcedor o desenvolvimento de sua plataforma de comunicação no esporte.

Os chineses acordaram de fato para a força do patrocínio esportivo no Brasil. Se vão fechar negócio com o Palmeiras é outra história. Mas só o fato de pensarem numa plataforma de patrocínio esportivo já indica que podemos ter boas novidades para o mercado nos próximos anos.

O amadurecimento das empresas que vão investir no esporte começa a ser indício de que tempos melhores virão para o mercado esportivo brasileiro.


O que queremos com a Copa do Mundo?
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Erich Beting

Neste instante, mais uma entrevista coletiva acontece com as presenças de Ronaldo, Jerôme Valcke e Aldo Rebelo para falar sobre os preparativos para a Copa do Mundo no Brasil. E mais uma vez virão as declarações de “energia que contagia” do povo brasileiro, do progresso magnífico dos trabalhos, dos envolvimentos sintonizados das diferentes áreas da gestão pública na realização do evento.

Mas a pergunta a que não conseguimos resposta é: O que queremos com a Copa do Mundo?

No projeto para levar para o Rio de Janeiro a edição de 2016 dos Jogos Olímpicos, mostramos claramente que era a oportunidade de a América do Sul pela primeira vez abrigar o torneio, que também pela primeira vez iria para um país emergente do então terceiro mundo, que até 2016 seremos a quinta maior economia do mundo, etc.

Mas e em relação à Copa? O que vamos fazer com ela? De que ela servirá ao país? Há quatro anos que esse debate simplesmente não é colocado em pauta. Perdemos a oportunidade de conseguir extrair do evento investimentos maciços em melhoria de infraestrutura, em geração de empregos, em promoção do turismo no exterior. Não temos nem ao menos nos preocupado em qualificar o micro e pequeno empresário para que o setor de serviços não sofra abalos com a demanda de um evento como esse. Também não fizemos absolutamente nada para impedir especulação imobiliária em locais próximo às áreas de realização dos jogos, algo que encarece, e muito, a conta de um Mundial.

Na noite da última quarta-feira, pelo Twitter, o ministro Aldo Rebelo disse que apresentaria ao Comitê Organizador Local (COL) e à Fifa o projeto de Copa do governo brasileiro. Hoje, mais uma vez, ele tem a oportunidade de mostrar que país queremos para a Copa. Até agora, com a coletiva em andamento, não se falou nada sobre isso. Qual o legado esportivo do evento? O que será dos estádios públicos após o torneio? Como faremos com o aumento da infraestrutura hoteleira após a Copa? São perguntas que seguem sem resposta.

Para piorar ainda mais a sensação de total despreparo do Brasil para o torneio, no site oficial da Copa promovido pelo Ministério do Esporte, um erro grosseiro de informação na capa. Diz lá que a Copa Africana de Nações que começa no sábado servirá para definir o representante africano na Copa das Confederações de 2013, que acontece no Brasil (leia aqui). A definição, porém, só virá no ano que vem mesmo, na edição de 2013 do torneio…