A tola discussão sobre a Lei Geral da Copa
Erich Beting
Ficou para o dia 6 de março a discussão dos temas polêmicos sobre a Lei Geral da Copa. E o que isso significa, na verdade?
A Fifa colocou como problema urgente do Brasil para a Copa a aprovação da lei que vai regulamentar todos os detalhes pertinentes à organização do Mundial em solo brasileiro.
Agora, os pontos que atravancam a pauta (o benefício da meia-entrada e a permissão do consumo de bebida alcoólica) são exatamente dois debates que o Brasil, desde sempre, já tinha aceitado as regras da Fifa.
E esse é o maior problema. Não apenas por aqui. O fato é que, desde sempre, a Fifa coloca uma série de regras para que um país tenha o direito de abrigar a Copa do Mundo. E, além disso, obriga os governantes do país a assinarem um documento aceitando essas condições e, também, tornando-os fiadores do evento no caso de a conta “não fechar”.
Até hoje a Coreia do Sul e o Japão sofrem com estádios deficitários, a África do Sul simplesmente contabiliza uma manada branca, e por aí vai. Na Alemanha, o governo soube se preparar para as regras da Fifa e tirar o melhor proveito delas para melhorar alguns pontos da infraestrutura esportiva do país. O resultado é claro. O legado da Copa realmente existe para os alemães.
A discussão sobre a Lei Geral da Copa não vai mudar. Vamos ter de reduzir ao máximo o acesso à meia-entrada, vamos ter de permitir a venda de bebidas dentro dos estádios e, também, continuaremos a ter de pagar a conta no caso de alguma hecatombe.
O Brasil já concordou com isso em 2006, quando apresentou o interesse em se candidatar para receber a Copa. Desde antes disso já se sabia quais eram as regras da Fifa para um país-sede.
A ânsia de receber o evento é maior do que qualquer coisa. E é isso que os seus organizadores sabem fazer, muito bem, para ditarem a regra do jogo. Não há o que ser criticado sobre a Lei Geral da Copa depois de seis anos que o país se candidatou para ser sede do evento.
O ferimento à soberania nacional já ocorreu quando aceitamos assinar sem ler a um papel que garantia que a Copa do Mundo é da Fifa, acontece com as regras delas e o Brasil precisa se adequar a isso.
É possível, porém, fazer do limão uma boa limonada. Por que não usar a gestão do evento Copa do Mundo para aprender a entregar um produto de melhor qualidade para o consumidor?
O debate que temos hoje no Congresso deveria ter ocorrido em 2005, quando ainda postulávamos a sede da Copa. E não foi feito por total ignorância da população sobre o que estava por vir. A magia do futebol é linda, de fato. A realidade, porém, é muito cruel…