Negócios do Esporte

Os pontuais vão chegando ao fim…

Erich Beting

Maior aberração do futebol brasileiro nos últimos quatro anos, os patrocínios pontuais estão finalmente chegando ao fim. Depois de um período em que as empresas realmente acharam que teriam algum retorno ao investir por apenas um jogo num time de futebol, parece que o mercado de patrocínio esportivo finalmente dá sinais de evolução.

No ano passado já começava a se observar uma tendência para a diminuição dessa estratégia, que talvez tenha atingido seu auge em 2010 e 2011. Durante dois anos, algumas vezes chegou até a ser mais vantajoso para muito clube não ter um patrocinador exclusivo na camisa e optar pela roleta russa do mercado.

Agora, porém, a situação é completamente diferente. E já é possível perceber isso pela movimentação das marcas nos grandes clubes. Depois de regredirmos e poluirmos as camisas, especialmente com o fenômeno Corinthians-Ronaldo em 2009, partimos para um momento em que os próprios clubes perceberam que estavam assassinando sua propriedade mais valiosa e passaram a seguir a máxima de que  ''menos é mais''.

Após a Copa, com a tendência de as receitas aumentarem por conta da melhor exploração do espaço físico do estádio de futebol, naturalmente os clubes vão perceber que o patrocínio na camisa tem de ser mais caro e que terá cada vez menos impacto no orçamento total do clube.

Ao mesmo tempo, com a fragmentação de consumo da mídia, as empresas vão dar mais atenção a alternativas de comunicação. O esporte deve ganhar espaço no planejamento das marcas e, naturalmente, o futebol será o carro-chefe dos investimentos.

É bem provável que, com tudo isso, vamos passar a limpar os uniformes. O fim dos aportes pontuais é o início desse processo.

O Qatar é logo ali…
Não tem muito o que falar sobre as revelações feitas pela revista ''France Football'' sobre o Qatargate, como está sendo chamado o relatório de 20 páginas da publicação dando conta de que houve um grande esquema para a compra de votos para a escolha de Qatar como sede da Copa de 2022.

Os indícios de que certamente havia algo muito maior por trás da escolha surpreendente estavam nos investimentos despropositais feitos a Barcelona (patrocínio da Qatar Fondation) e PSG (compra por um xeque do Qatar) logo após a definição da Fifa.

Até mesmo a saída de Ricardo Teixeira da CBF era indício de que algo tinha dado errado nos planos do trio Teixeira, Sandro Rossel (atual presidente do Barcelona e chefe de campanha do Qatar) e Bin Hamman (líder da candidatura qatari e ex-presidente da federação asiática). Como a própria filha de Teixeira revelou na famosa reportagem da revista ''Piauí'', o ex-manda chuva da CBF estava muito ansioso pela candidatura de Hamman para ocupar a vaga de Joseph Blatter na Fifa.

O problema logicamente não é apenas na escolha do Qatar de forma fraudulenta. E muito menos o duelo pelo poder da Fifa. O buraco é muito maior do que aparenta. E envolve muito mais gente que os petrodólares também podem comprar.