Negócios do Esporte

O pepino dos camarotes na Copa

Erich Beting

O recado foi dado pela Fifa ainda em 2010, quando apresentou o planejamento financeiro para o próximo quadriênio, que envolvia a Copa do Mundo no Brasil, em 2014. A expectativa da entidade era aumentar em US$ 600 milhões o seu faturamento para o período 2011-2014. Com US$ 3,2 bilhões garantidos pelos contratos já existentes, a expectativa para aumentar os ganhos estava na Copa no Brasil.

O principal caminho para isso estaria em duas operações. A primeira era a venda de cotas de patrocínio locais para a Copa. A outra, na negociação dos camarotes para o Mundial. No ciclo 2007-2010, a área mais nobre dos estádios rendeu US$ 120 milhões aos cofres da Fifa. Para o período 2011-2014, a ideia era alcançar, pelo menos, US$ 100 milhões a mais.

Até agora, porém, o resultado está bem distante de ser aquele planejado. Como mostra reportagem de hoje do UOL (leia aqui), na Copa das Confederações há um encalhe de ingressos para os camarotes. Já para a Copa do Mundo, a procura é boa, mas o fechamento de negócios ainda está abaixo do plano.

O motivo pode ser a ganância de quem vende os espaços (um consórcio formado pelas agências Match e Traffic). Primeiramente não é possível fazer vendas de ingressos para apenas uma partida. Resguardados pelo mico nas vendas dos camarotes na Copa da África do Sul, quando a Fifa chegou a vender para pessoa física o espaço, Match e Traffic decidiram fazer a negociação só por meio de pacotes com mais de um estádio para o comprador. O resultado é o preço lá nas alturas pelo espaço.

E aí entra o ponto crucial dessa história. O mercado brasileiro começou com um entusiasmo gigantesco o ciclo da Copa, mas, passada a primeira metade desses quatro anos, a poeira baixou, as obras de melhoria, principalmente em infraestrutura, não saíram e, assim, a Copa do Mundo hoje é um ponto de interrogação para as companhias. Claro que ela acontecerá e será preciso ter um espaço no estádio para levar clientes e diretores graduados para ver as partidas. Mas a que preço?

A precificação dos camarotes é hoje o maior problema para que o plano comercial da Fifa seja bem-sucedido. Muitas empresas já investiram milhões para ter os ingressos vips. Mas a maior parte delas está acreditando que, com a corda no pescoço às vésperas das competições (no caso, as duas Copas, de 2013 e 2014), Match e Traffic vão baixar a pedida.

Até agora, os camarotes para 2014, que tinham tudo para ser um dos grandes negócios do Mundial no Brasil, revelam-se um dos maiores micos que o mercado corporativo tem para resolver.