Negócios do Esporte

Ibope indica fórmula batida do futebol na TV

Erich Beting

Ainda não dá para dizer se é algo que será corriqueiro ou é apenas circunstancial por conta do período de férias. Mas começa a ficar preocupante o baixo índice de audiência do Campeonato Brasileiro na TV. No último domingo, o empate entre Atlético Paranaense e Corinthians rendeu 20 pontos na medição do Ibope, somando-se as audiências  de Globo e Band (15 e 5, respectivamente).

Vários fatores contribuem para um resultado baixo. O domingo ensolarado em boa parte de São Paulo e as férias escolares são motivos importantes para terem afastado o torcedor da telinha. Soma-se a isso um torcedor corintiano até certo ponto acomodado pelo bom desempenho do time em outros campeonatos e é natural que o Ibope não decole.

Mas os baixos índices de audiência também podem mostrar que nem tudo anda tão bem no atual relacionamento do torcedor com o futebol na TV. Neste ano, apenas os jogos decisivos cravaram bons índices na telinha. A ''culpa'', como muita gente gosta de colocar, não é apenas da fórmula da competição por pontos corridos. Estaduais, Copa Bridgestone Libertadores e Copa Perdigão do Brasil também mostram que o buraco pode estar mais embaixo.

O sentimento é de que a fórmula atual promoção do futebol brasileiro na TV está saturada. Desde que fechou o acordo com os clubes no formato de contratos individuais, a Globo dá claros privilégios para as transmissões de Flamengo e Corinthians na TV aberta. Com isso, os eventos que são transmitidos deixam de ser ''raros''. Hoje é muito comum para o torcedor corintiano ou flamenguista ligar a telinha e ver os atletas de seus times em campo.

Essa bipolarização da TV gera, no médio e longo prazo, uma perda de interesse por parte do torcedor. Não só por aquele que não torce para os times ''favorecidos'', mas também os próprios flamenguistas e corintianos começam a priorizar jogos e a abandonar aquelas transmissões de partidas que poderiam ser consideradas menos interessantes.

Um dos grandes segredos da promoção de eventos para a televisão em outros mercados está exatamente em criar grandes histórias a cada evento. O melhor exemplo, como quase tudo que envolve hoje o esporte, vem do UFC. Cada luta é acompanhada sempre por uma grande ''história'', que promove o evento.

Com os mesmos artistas a cada transmissão, como achar que o futebol não vá começar a virar ''paisagem'' dentro da cabeça do telespectador?

É urgente a revisão do modelo criado para a promoção do futebol na TV no Brasil. Do jeito que está, em breve os índices só estarão em alta quando for final de campeonato.