Negócios do Esporte

O que foi fazer o Glorioso?

Erich Beting

O Botafogo fechou um patrocínio com a Telexfree. Não seria assim nenhuma grande notícia, não fosse por um detalhe. A Telexfree é uma empresa que, desde 12 de junho de 2013, está proibida de atuar no Brasil por um suposto esquema de ''pirâmide financeira'', jargão usado para se referir a uma empresa que promete remunerar as pessoas que aportarem dinheiro nela mas que, com o tempo, só paga a pouquíssimas pessoas no topo da cadeia (entenda o caso aqui).

Sim, estamos falando de um clube com uma história centenária e que voltou, este ano, à disputa da tão almejada Copa Bridgestone Libertadores. Por mais que esteja precisando de dinheiro, o clube precisa saber preservar a sua marca.

Nos anos 80, quando as marcas começaram a aparecer nas camisas de futebol, virou motivo de chacota o Palmeiras ter anunciado a Galeria Pajé no uniforme. O espaço, na época, era um dos principais centros da pirataria na cidade de São Paulo.

Quase 30 anos depois, o que foi fazer o Glorioso se não algo absolutamente similar a isso?

O pior é que não dá nem para dizer que ''tem coisas que só acontecem com o Botafogo''. É só vermos o quão obscuro são os fundos de investimento que contratam jogadores para os clubes que penam para ajustar as contas. Em busca da glória da conquista, os dirigentes se perdem em acordos suspeitos. Que o diga o Corinthians, que após o baque com o MSI aprendeu a lição e mudou radicalmente suas atitudes no mercado, o que explica em parte o sucesso obtido dentro de campo.

Ou o futebol no Brasil entende que é preciso fazer um intenso e imenso trabalho de fortalecimento das marcas dos clubes, ou continuaremos a ver situações bizarras como a que o Botafogo acaba de protagonizar. E, com isso, o produto vai ficando cada vez menos atrativo para quem pretende fazer um trabalho sério dentro do esporte.

É só conferir abaixo o vídeo em que a Telexfree anuncia o acordo com o Botafogo. Ele sintetiza, bem, o nível do novo parceiro do Botafogo…