Negócios do Esporte

O Brasil merece a Copa do Nordeste

Erich Beting

''O Nordeste merece'' é o slogan que permeou a criação do primeiro canal por assinatura voltado para uma região específica do país. O lançamento do Esporte Interativo Nordeste neste começo de ano foi uma das gratas surpresas de um dos mais consistentes projetos de canal esportivo no país.

Na noite de quarta-feira, mais de 60 mil torcedores lotaram o estádio do Castelão para acompanhar a grande decisão entre Ceará e Sport, pela Copa do Nordeste. O título do Sport coroou o mais interessante torneio que o futebol brasileiro conseguiu produzir nos três primeiros meses do ano.

Mas quais os segredos do sucesso da Copa do Nordeste?

Para começar, essa é uma das poucas competições no país com um ''dono''. Os clubes nordestinos assumiram, para si, a gestão do torneio. A CBF fica responsável pela gestão técnica. E, a grande sacada, cabe ao Esporte Interativo os direitos de comercialização do evento. Com isso, o Nordestão é um dos poucos campeonatos em que há uma negociação coletiva de propriedades comerciais.

Sem ter uma liga gestora da competição, coube ao parceiro de mídia tomar conta da gestão dos patrocínios do evento. Até aí, nenhuma grande novidade. Isso acontece, sem sucesso, com a Globo na Stock Car, no NBB e na Superliga de vôlei.

O lado bom, no caso da Copa do Nordeste, é que o DNA do Esporte Interativo é de uma agência de marketing esportivo. Os sócios foram quem, no começo dos anos 2000, gerenciaram comercialmente a Liga do Nordeste e, também, a Copa Coca-Cola, entre outros eventos, com a bandeira da Top Sports.

A mudança da Top para a Esporte Interativo, a partir de 2005, marcou também a mudança no conceito de um canal de TV com programação 100% de esporte. Com a volta do Nordestão, em 2010, surgiu para o EI a chance de voltar a fazer o que foi a origem da empresa e, mais do que isso, a começar a trilhar um caminho de domínio do mercado esportivo dentro do Nordeste.

A ressurreição da competição tem muito a ver com o grau de importância que o campeonato passou a ter. Com os Estaduais enfraquecidos e deficitários, os clubes de maior torcida passaram a ter no Nordestão a tábua de salvação esportiva e financeira.

A Copa do Nordeste é, para os times grandes da região, o grande torneio para se disputar no início da temporada. Inteligentemente, a CBF fez com que o campeão passasse a ter vaga na Copa Sul-Americana, criando mais um atrativo esportivo para o torneio.

Pelo Nordeste, é bem capaz que o Brasil comece a fazer, de vez, com que o futebol tenha competições mais atrativas e rentáveis. A Copa do Nordeste, hoje, é um campeonato que não apenas a região merece, mas o Brasil inteiro.

O show desta quarta-feira no Castelão foi só mais uma prova disso.