Negócios do Esporte

O difícil caminho para o empreendedorismo no esporte

Erich Beting

No último final de semana e pelos próximos dias, quatro países asiáticos vão receber os melhores nomes do tênis mundial para um torneio de exibição denominado ''Liga Internacional de Tênis''. Contando com os melhores do mundo de hoje e do passado, o evento é uma espécie de grande encontro da nata do esporte (detalhes aqui).

Um evento que custa caro para acontecer, mas que por isso mesmo pode gerar bons frutos para quem é seu organizador.

Desde que descobrimos a pauta na Máquina do Esporte e discutimos o viés de abordagem da notícia, fiquei pensando no que impediria o Brasil de realizar algo parecido com o que está sendo feito lá na Ásia.

O principal entrave, é claro, é o alto valor a ser pago para um evento desse tipo. Cada cidade-sede botou R$ 50 milhões para ter os atletas, que atuam como uma espécie de embaixadores do local (é só acompanhar as postagens de Roger Federer no Facebook para entender a amplitude que é dada ao evento e ao país anfitrião do atleta).

Investimento público em um torneio de exibição é um tema mais do que polêmico por aqui e, atualmente, praticamente difícil de acontecer. Poderia ser justificado pelo retorno em mídia, promoção turística, etc., mas desde os protestos de junho de 2013 que esse tipo de conta simplesmente deixou de existir.

Ao fazer uma competição com os grandes nomes mundiais do tênis, atuais e passados, a organização atraiu público, mídia e, naturalmente, patrocinadores. Para alcançar isso, porém, foi preciso empreender. Em fazer um projeto grandioso e entregá-lo ao público – a faixa com “obrigado por virem a Filipinas” é a melhor tradução do feito alcançado.

Talvez aí esteja o grande problema da indústria brasileira. Falta coragem para o empreendedorismo, especialmente nos grandes eventos. Só que o problema não está só na pretensa falta de coragem dos organizadores.

Falta coragem para a indústria toda.

Que patrocinador “paga para ver” antes de um primeiro evento? Que mídia exibe o torneio sem esperar alto índice de audiência na primeira edição? Sem estímulo da indústria, quase nunca há uma segunda vez. Todo projeto leva tempo para vingar. Com o esporte, não é diferente.

O empreendedorismo no Brasil já é um caminho espinhoso. No esporte, em que a própria indústria não entende a necessidade de ''fazer diferente'', em que o funcionário de uma empresa tem mais medo da demissão do que ousadia para ganhar a promoção, é ainda mais complicado conseguir montar projetos que realmente causem impacto. Geralmente, o tombo é sempre maior do que dá para aguentar.