Negócios do Esporte

Daniel Alves dá aula de gestão em entrevista

Erich Beting

Daniel Alves talvez seja hoje para a seleção brasileira o que foi Roberto Carlos. Um lateral espetacular, de alta qualidade técnica e ótimo vigor físico. Protagonista nos clubes por onde passou, na seleção brasileira não conseguiu ganhar o carinho devido da torcida. Às vezes, levou injustamente a fama pela derrota do time nacional.

Mas, assim como Roberto Carlos, Dani Alves sabe se posicionar. Dentro e fora de campo.

A ESPN exibiu o bombástico ''Bola da Vez'' com o lateral-direito do Barcelona e, muito possivelmente, ex-titular da seleção brasileira. É bem provável que, após a entrevista em que ele detonou de tudo um pouco na gestão do futebol brasileiro, seu lugar com a camisa 2 da seleção seja reservado para outro.

Mas é impossível não se impressionar com a aula de gestão que o baiano arretado deu nessa entrevista. Dani colocou, até onde dava, o dedo na ferida. A história de que o Guardiola queria a seleção e a CBF o desprezou foi o de menos. Não necessariamente ele resolveria o problema do time nacional. E, muito menos, é a solução para um futebol que está parado no tempo.

Interessante mesmo foi a aula de gestão que Dani Alves deu. Falou sobre como o futebol, por aqui, está preso a conceitos arcaicos. E, após ser cobrado por não dar resultados, mostrou que queria falar. E falou. Não tirou o dele da reta pelo fiasco em campo nos últimos anos, mas deu alguns indícios de que muito do que não anda dentro de campo, é reflexo do que está desandando fora dele.

Infelizmente o jogador brasileiro, para se tornar profissional, ainda precisa cruzar o Oceano. Dani Alves foi só mais uma prova disso. Tanto que foi emblemática a última resposta na entrevista. Em linhas gerais ele deixou claro que agiu de forma pensada, procurando um microfone que pudesse ecoar aquilo que estava entalado na garganta.

O Bom Senso foi um movimento que só conseguiu surgir no Brasil depois que os jogadores que atuaram no futebol profissionalizado da Europa regressaram, em fim de carreira, ao país. Dani Alves foi o primeiro a ter ainda algo a perder que colocou a boca no trombone.