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O cuspe em Messi representa o ódio que destrói o futebol

Erich Beting

Messi foi agredido no aeroporto de Narita, em Tóquio, quando o time do Barcelona preparava-se para deixar o Japão após ganhar pela terceira vez o mundo. O craque argentino, que mais uma vez jogou demais na decisão (dessa vez contra o River Plate), ouviu impropérios e tomou um cuspe de um apaixonado pelo time argentino.

Como pode, por mais que esteja com o coração doído, um torcedor cuspir no maior ídolo de seu próprio país só porque ele fez o que de melhor sabe contra seu time de coração?

Messi acabou com o River. Assim como acabou com o Bayern de Munique para chegar até o Japão, assim como passou por cima de outros times muito melhores que o rival argentino e outros tanto piores. Passou jogando bola, sendo leal com os adversários, fazendo magias como aquela em que deixou o melhor zagueiro do mundo, Boateng, estatelado no chão após um drible desmoralizante para simplesmente encobrir o melhor goleiro do mundo e destruir o até então melhor time do mundo.

O que Messi faz com os pés não se pode apagar dos olhos. E do coração de quem se apaixona pelo futebol.

Messi é o cara que não desperta ódio em absolutamente ninguém. Ele é diferente de Neymar, de Suárez, de Cristiano Ronaldo. Não provoca, não reclama, não desrespeita o adversário, não chama para a briga. Joga bola. Como nenhum dos outro três consegue fazer com tanta constância!

O cuspe de um torcedor argentino em seu maior ídolo é a típica atitude de ódio que destrói o futebol. O craque é aquele cara que você respeita, não só pelo que ele faz pelo seu time, mas pelo que ele faz pelo futebol.

Cuspir em Messi é demonstrar o que há de pior no fanático. É o amor cego, doentio, que vira ódio e transforma em inimigo quem for diferente dele. É exatamente esse tipo de pessoa que o futebol precisa combater.

Alguns acham que isso é acabar com o futebol de raiz, tradicional, apaixonado. É o ''moderno'' jogando para escanteio o torcedor ''de verdade'', aquele que faz qualquer coisa pela paixão.

Mas que paixão é essa que permite a alguém achar que é minimamente racional pensar em cuspir no cara que melhor representa a essência do futebol? Isso não é demonstrar amor pelo esporte. É um completo desrespeito à bola.

A boa notícia é que Messi tentou reagir ao agressor. Ufa, ele é humano!

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