Negócios do Esporte

Futebol brasileiro ganha o Barcelona na briga por patrocínio

Erich Beting

Se o problema até julho era a Copa do Mundo, agora será o Barcelona. Pelo menos é essa a desculpa que poderá ser usada pelos clubes de futebol no Brasil na sua incapacidade de adequar-se à nova realidade econômica que se desenha desde 2012 e que agora escancaradamente dá as caras. O clube espanhol será o novo concorrente dos times brasileiros na disputa pelo dinheiro das marcas.

Nesta quinta-feira, o Barça e a Gillette apresentaram o acordo de patrocínio para a região da América Latina. Com direito a ação com Lionel Messi, destaque no site oficial do clube e exposição gritante da marca em veículos de mídia no Brasil, o patrocínio mostra o novo foco de investimento do clube espanhol. Com um trio de ataque formado pelo melhor jogador da Argentina, o melhor do Brasil e o melhor do Uruguai, é natural que o marketing do Barcelona volte seus olhos para o mercado latino-americano (detalhes aqui).

O problema é o que isso pode representar para os clubes de futebol no Brasil.

Se já estava difícil arranjar patrocínio sem um concorrente de peso a não ser a própria acomodação natural do mercado aos valores abusivos que eram cobrados pelos clubes, agora a situação é mais complicada. O Barcelona não cobrará os valores astronômicos pelo patrocínio. Pelo contrário, o dinheiro é substancialmente mais baixo.

Afinal, o negócio não é tanto a exposição da marca da empresa, mas as possibilidades de uso da marca do clube para ações com o consumidor da América Latina. Nesse sentido, a comparação é simples.

De um lado, é preciso gastar milhões para patrocinar um clube de ponta no Brasil e ter alta exposição da marca em campeonatos como o Brasileirão, a Copa do Brasil, a Sul-Americana e a Libertadores. Pouca coisa além disso dá para ser feita. No máximo, fazer campanhas com ingressos (que quase sempre sobram) para a ida a essas partidas.

Do outro, com menos dinheiro, é possível fazer ações promocionais envolvendo um dos clubes mais desejados do mundo. Você investe menos no patrocínio, não ganha tanta exposição, mas tem verba para fazer promoções que levem, por exemplo, torcedores para acompanhar um jogo do Barcelona no Camp Nou.

Com a comparação, parece ser inegável o que gera mais valor para a marca, não é mesmo?

Se a desculpa até julho foi a Copa do Mundo, agora o discurso deverá mudar para a concorrência desleal do Barcelona. Ou então só agora os clubes vão perceber que a desculpa não cola…