Negócios do Esporte

Os clubes regrediram mais de 30 anos nesta década!

Erich Beting

''A liga não vai dar liga. E o presidente da CBF, seja ele o Marin ou qualquer outro, vai continuar a ter o poder de tomar as decisões relativas ao Campeonato Brasileiro. Talvez em 2016 as coisas, realmente, comecem a mudar para melhor''.

Essa foi a frase usada no fim de um post que fiz por aqui em março de 2012 (''A liga que não vai dar liga'', leia aqui).

Na época, o exercício de futurologia que fazia era o que poderia acontecer com o futebol brasileiro sem Ricardo Teixeira. A saída do manda-chuva da CBF abria, naquele instante, uma espécie de ''vácuo de poder''. Marin era o presidente, mas muita gente começava a colocar as mangas de fora e tentava abocanhar algum pedaço do negócio.

Naquela época, fazia pouco mais de um ano que o Clube dos 13 havia implodido. Isso representou o fim de qualquer união entre os clubes. O C13, até um ano antes, negociava os direitos de TV do Brasileirão. Os clubes, então, romperam a união e passaram a ir na base do ''cada um por si''. O argumento era o de que, assim, eles ganhariam mais da TV. O primeiro acordo era válido até 2015. Por isso a ideia de que, até 2016, nada mudaria.

Em 2014, precisando de dinheiro, os clubes renegociaram os contratos individuais com a TV até 2019. Isso significa que o prazo que havia antes de nenhuma mudança até 2016 foi estendido. Agora, pelo menos até 2020 não há menor condição de se pensar numa união entre os clubes.

A maior prova disso está no enfraquecimento do movimento que propunha a criação de uma liga. Mesmo estropiada pela prisão do ex-presidente José Maria Marin e com o atual presidente, Marco Polo Del Nero, tendo de não só ser honesto, como parecer honesto, a CBF consegue ser muito mais forte do que os clubes.

A geração atual de presidentes dos clubes praticamente não estava no poder há quatro anos, quando foi decidido que o jogo de vendas de propriedades comerciais do Brasileirão deixaria de ser coletivo para se basear no egoísmo do ''cada um por si''. Isso resultou na falta de um líder entre os clubes para poder conduzir movimentos que tornassem o futebol mais forte.

Em 1987, quando foi criado o Clube dos 13, a CBF vivia uma grave crise financeira e não tinha qualquer condição de tocar o Brasileirão. Por necessidade, foi criada uma instituição que uniria as equipes e organizaria um torneio mais racional e rentável para todos (em 1986 o Nacional teve 80 clubes!!!). A diferença é que havia, naquela época, consenso e união entre os grandes clubes do país para racionalizar o calendário e tornar o Brasileirão um produto melhor.

Hoje, por incrível que possa parecer, o futebol no Brasil regrediu mais de 30 anos!