Negócios do Esporte

A disputa das montadoras chegou ao esporte
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Erich Beting

A Chevrolet anunciou na última terça-feira que será a detentora dos naming rights de três Estaduais que começam no final da semana: Paulista, Goiano e Paranaense (leia mais aqui e aqui).

O negócio pode significar uma mudança importante para o mercado de patrocínio esportivo nos próximos anos. A disputa entre as montadoras de carro pode vir a ficar mais acirrada daqui para a frente, aumentando a geração de receita para o esporte.

Até então o mercado contava com dois atores principais. A Volkswagen (com seleção brasileira, Brasil Open de tênis, surfe e outros acordos menores) e a Hyundai-Kia (com a Copa do Mundo e o naming right da Copa do Brasil da Kia).

Com a venda dos carros em alta no Brasil e a economia crescendo, a tendência é que as montadoras invistam cada vez mais no segmento esportivo para poder criar ações diferenciadas ao público, ainda mais as grandes fabricantes, que usam o esporte pelo apelo com o público.

A entrada da Chevrolet e possível confirmação da Nissan como patrocinadora dos Jogos Olímpicos mostram que o cenário está cada vez mais claro para uma disputa deflagrada das grandes montadoras pelas principais propriedades nos esportes de massa.

No final das contas, a Fiat, que até então estava declinando de patrocinar o Palmeiras, poderá se ver ''obrigada'' a não perder uma propriedade de muita visibilidade no mercado.

É só mais uma prova de que a força das montadoras poderá impulsionar ainda mais a lucratividade do esporte no Brasil na atualidade. E olha que as grandes empresas chinesas ainda não olharam o marketing esportivo como ferramenta para aumentar a lembrança de marca e, consequentemente, aumentar as vendas.

O que devemos assistir, nos próximos anos, é um movimento similar ao que viveu o mercado de eletrônicos há uma década, quando LG, Samsung e Panasonic entraram pesado no investimento em esporte por aqui.


A ética e o futebol
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Erich Beting

O tema voltou à pauta com a entrevista dada por Patrícia Amorim sobre o caso (mais um!!!!) envolvendo a negociação com Thiago Neves. A presidente do Flamengo reclama que seu colega de Fluminense, Peter Siemsen, não honra com a palavra, agindo de outra forma nos bastidores.

Em suma, voltamos a debater a ética na negociação envolvendo clubes de futebol. Recentemente ouvi de um graúdo dirigente do futebol de que é impossível pensarmos no modelo de liga, como funciona nos esportes americanos, por exemplo, se não existe um mínimo de ética na relação entre os clubes.

A frase desse dirigente mostra uma faceta bem complicada que o futebol vive não apenas no Brasil. Não existe o menor comportamento ético entre os clubes. Via de regra, os fins justificam os meios. A lógica é mais ou menos a que dita o comportamento de uma criança mimada. Os clubes, os atletas, os empresários, os árbitros, os dirigentes, todos decidem que vão fazer pressão e jogo de cena até conseguir aquilo que quer.

Por acaso isso fere a conduta moralmente aceitável? Pouco importa. Ou melhor, nem mesmo vem ao caso! É o exemplo mais banal que temos de um jogador que faz corpo mole para mudar de time. Quão antiético é esse comportamento? Infelizmente é raro vermos a demissão por justa causa no mundo da bola.

Nessa toada, não há nada de absurdo nesse triângulo amoroso entre Fla-Thiago-Flu. Ele apenas reflete o quão pouco ético é o meio do futebol. É por isso que não é possível colocar em prática conceitos como a adoção de um teto salarial, a divisão de receita por mérito esportivo do clube para aumentar a competitividade da competição, a busca de igualdade competitiva entre os clubes para não termos desníveis técnicos, etc.

Isso não significa que o modelo americano de gestão do esporte seja pautado pela ética. Muito pelo contrário, há muito jogo sujo, tentativa de trapaças e coisas do gênero (que o digam as recentes greves na NBA e na NFL). Mas o fato é que os dirigentes sabem que, para manter a competição em nível elevado e, dessa forma, ganhar mais dinheiro, é preciso ter um comportamento minimamente ético.

No futebol, o conceito do que é uma conduta ética é restrito ao imaginário de cada um, e não do ambiente como um todo. Carlitos Tevez que o diga…


Para que servem os amistosos de pré-temporada?
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Erich Beting

Palmeiras, Corinthians e Flamengo deram neste final de semana um aperitivo de como podem ser proveitosos os amistosos de pré-temporada dos clubes no Brasil. Esqueçam o aspecto técnico, vamos nos focar na questão mercadológica.

No sábado, o Palmeiras recebeu o Ajax, num amistoso promovido pela Aegon, patrocinadora do clube holandês. A empresa de seguros fez uma série de ações com o time holandês em terra brasileira. Os jogadores participaram de um evento fechado para colaboradores, além de a empresa ter tido direito a todas as placas publicitárias no estádio durante a partida, entre outros benefícios.

No domingo, diversas empresas que não estão regularmente presentes no futebol participaram da partida entre Corinthians e Flamengo com a compra da placa de publicidade estática do jogo. O destaque, nesse caso, foram para as multinacionais Adidas, Burger King e Panasonic, que estão fora do pacote de futebol da Globo e, com isso, não aparecem no gramado durante a maior parte do ano.

O que esses casos mostram é que existe um potencial muito grande ainda a ser explorado pelos clubes brasileiros nesses amistosos de pré-temporada. Com a economia do Brasil em alta, o interesse das multinacionais pelo consumidor tupiniquim é cada vez maior. Isso faz com que tenhamos a possibilidade de, com os amistosos, abrir o caminho para que clubes de outros países e seus respectivos patrocinadores venham jogar aqui.

O caso do Palmeiras com o Ajax é um claro exemplo disso. Se os clubes se prepararem para a janela de julho/agosto, podem faturar bastante com esses amistosos. Empresas dispostas a pagar a conta não faltam. O que precisa é ter um planejamento para aproveitar da melhor forma possível as oportunidades de mercado. E, claro, pensar também no benefício técnico de um jogo amistoso.


Interlagos e o drama do esporte privado no Brasil
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Erich Beting

A Confederação Brasileira de Automobilismo anunciou na última quinta-feira que fará uma reunião com a São Paulo Turismo para discutir o que o meio automobilístico tem considerado um ''aumento abusivo'' nos preços para a locação do autódromo de Interlagos, em São Paulo.

A questão revela um problema recorrente do esporte no Brasil, que é a cultura que temos de sempre querer pagar pouco, ou quase nada, para organizar um evento esportivo no país.

O acesso gratuito ao esporte foi uma prática recorrente desde o governo Vargas, quando investiu-se pela primeira vez na massificação do culto às atividades esportivas. Depois, na era militar, essa tornou-se ainda mais recorrente fazer do acesso ao esporte um dever de Estado.

Hoje, porém, o conceito de esporte profissional é completamente diferente daquele que tem de ser oferecido gratuitamente pelo governo. Sim, é função dos governantes garantirem o acesso da população à prática esportiva, mas não quando é para consumirmos o esporte de alto rendimento.

O aumento das taxas para locação de Interlagos tem um propósito claro. A cidade de São Paulo não quer mais ter de perder dinheiro com a gestão do autódromo. Ele precisa ser uma unidade lucrativa. Não há nada de mal nisso, até porque Interlagos é hoje um dos pouquíssimos autódromos existentes no país e em boas condições para a organização de um evento de automobilismo.

E o ponto é exatamente esse. Para que consiga ser bom, o autódromo tem de fazer manutenção, ter melhorias, investir em reformas, etc. Como isso pode ser feito sem que a taxa seja cobrada de quem utiliza esse espaço?

Aí que entra o problema cultural do esporte brasileiro. Não nos conformamos em ter de pagar para consumir esporte. Acostumamo-nos a ter tudo de graça, ou quase isso. E aí quando há uma mudança que vai encarecer a organização de um evento, começa a haver uma gritaria geral de que quem aumenta os valores só pensa em lucro.

Gritar contra a Copa do Mundo ou os Jogos Olímpicos é fácil e correto. Mas como podemos de fato mudar alguma coisa se ainda continuamos a achar que, tirando esses grandes eventos, o governo tem de arcar com os custos de qualquer outro esporte?

Será que dá para pensar hoje em gestão do esporte sem fazer a conta fechar no final do mês? Em todo o mundo já se vão 30 anos, pelo menos, que a resposta para essa pergunta está bem clara.


A Kodak pode ensinar muito ao Palmeiras
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Erich Beting

Um dos maiores gigantes do mercado de fotografia hoje agoniza. Nos próximos meses, a Kodak estará diante de uma encruzilhada. Ou consegue vender mais de mil patentes que tem registradas em seu nome, ou possivelmente terá de pedir a falência e sair definitivamente de um mercado que é cada vez menos seu.

A derrocada da marca pioneira no serviço de fotografia serve de alerta também para um clube de futebol que já foi um dos maiores do país e que hoje vive uma situação muito parecida com a da empresa americana. As trapalhadas recentes da diretoria do Palmeiras, de contratar e descontratar jogadores, somam-se a uma série de insucessos recentes que tende a jogar para baixo um dos clubes mais tradicionais do país.

A ''sorte'' do Palmeiras é que não se cogita pedir a falência do clube. Mas o processo pelo qual atravessa hoje o clube lembra, e muito, aquele que levou para o buraco companhias que um dia foram gigantescas, mas que atualmente existem apenas na lembrança de seus milhões de consumidores do passado.

O Palmeiras passa por uma crise gerencial que afeta todo o clube. O reflexo disso, agora claro, é na desordem que se transformou o departamento de futebol. No esporte, o último sinal de alerta que reflete a bagunça de um clube é dentro de campo. Mas, fora dele, o processo de derrocada palmeirense vem desde o não-planejamento para a saída da co-gestão com a Parmalat, em 2000.

Desde aquela época, o clube não inova, não tem programas de detecção e retenção de talentos, não tem cargos administrativos com pouca rotação, etc. Sim, a maior parte dos clubes tem trabalhado sempre dessa forma e aparentemente não sofrem o mesmo mal do Verdão. Mas hoje a crise parece não ter fim no Palestra Itália.

O Palmeiras pode usar a Kodak como um estudo de caso. A empresa que foi a pioneira na criação do filme fotográfico e, também, no desenvolvimento da máquina digital, mas que não apostou na revolução digital que vivemos nas últimas décadas, hoje está próxima de ir para a falência.

O problema palmeirense hoje é a falta de controle dentro do clube. O presidente não consegue trabalhar, assolado por dívidas adquiridas em gestões anteriores, e da mesma forma não tem capacidade política para inovar, buscar novas soluções, governar. Isso se reflete dentro de campo, reforçado pelos fracassos recentes e pela ira do consumidor, cada vez mais exigente.

A solução no mundo corporativo seria abrir um pedido de falência, ou encontrar um investidor disposto a comprar a empresa e recolocá-la nos eixos. No esporte, a primeira hipótese é pouco provável. A segunda é um tabu dentro dos clubes brasileiros e raramente consegue ser executada (tanto que Palmeiras e Parmalat formam um exemplo de ponto fora da curva até hoje).

Para a casa voltar a ficar em pé, gestão é fundamental. Pulso firme, autonomia para as diferentes áreas de atuação do clube e muito, mas muito trabalho de gerenciamento de crise são primordiais. A má notícia para o torcedor palmeirense é que nenhuma dessas características parecem estar presentes hoje dentro do clube.

A falta de um plano para o adeus de Marcos, a pataquada das não-contratações de Richarlyson e Carlos Alberto e a apresentação do reforço peso-pesado de Daniel Carvalho são sintomas mais do que claros do pesadelo que ronda esse começo de ano do Palmeiras. O negócio agora é olhar com carinho para o caso da Kodak e tentar, desesperadamente, achar uma maneira de recolocar a casa em pé.


A mudança que finalmente virá em 2012
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Erich Beting

O mercado esportivo começará a viver dias intensos em 2012.

FINALMENTE!

Com os Jogos Olímpicos, naturalmente vão crescer as ações de patrocínio a atletas que são potenciais vitoriosos em Londres. Mas a grande mudança se dará no segundo semestre, depois que acabarem as competições na Inglaterra.

O fio vai virar, finalmente, para o país. Até 2016, seremos a capital do esporte mundial, com a realização dos dois maiores eventos esportivos do planeta. As ações das empresas, que ainda estavam numa espécie de estado de dormência, finalmente vão brotar aos montes.

Patrocinadores oficiais vão começar a comunicar melhor os seus patrocínios, atletas que tiverem bons resultados em Londres vão colher os frutos da fama adquirida pensando no Rio-2016, o futebol continuará a receber altos investimentos.

Não, caro leitor, não é apenas um devaneio de uma mente ainda perturbada pela ressaca de Ano Novo. Pelo contrário. O texto foi escrito antes mesmo de o Natal começar…

Mas é o caminho natural do crescimento da indústria do esporte no Brasil. As empresas vão acordar para o processo de amadurecimento da indústria. Terão de investir mais e cada vez melhor, do contrário suas marcas não vão se sobressair.

E, aos poucos, a entrada de mais dinheiro no esporte forçará uma profissionalização, ainda que não completa, da gestão do esporte no país. Essa é a parte mais lenta de todo processo, mas será a mais importante para garantirmos outros anos bons para a indústria esportiva brasileira. Essa, sim, é mais uma esperança do que uma certeza de Ano Novo.

Feliz 2012 a todos!


Os melhores do ano de 2011
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Erich Beting

Quais foram as melhores ações de marketing esportivo no ano que passou? Confira aqui a nossa retrospectiva de 2011 com aquilo que teve de melhor em 2011 no Brasil.

O destaque, claro, é o ''fico'' de Neymar, que pode representar uma quebra de paradigma para o futuro do futebol como negócio no país. A insistência do Santos em manter o seu maior talento vinculado ao clube foi fundamental para mostrar que podemos ter uma nova mentalidade na gestão de nosso futebol.

Em vez da vitrine, temos de ser o produto. A vitrine é a exposição da mídia, a geração de talentos que naturalmente brotam por aqui, a racionalização do calendário, etc.

Que 2012 comece com uma enxurrada de grandes negócios envolvendo o esporte. E que, em dezembro do ano que chega, nós possamos ter de desmembrar em duas a lista de melhores ações de marketing.

Um bom ano a todos!


O primeiro “gol” de Ronaldo no COL
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Erich Beting

Ronaldo conseguiu fazer o seu primeiro gol como articulador do Comitê Organizador Local da Copa do Mundo de 2014. O Fenômeno aparentemente calou uma importante voz dissonante do Mundial no país.

Ao abrir o diálogo com Romário para que os deficientes físicos tenham acesso à competição (leia aqui), Ronaldo não apenas teve uma atitude inteligente, coisa que até então não havia se passado pelas cabeças que ''controlam'' o COL. Romário era até agora uma das mais poderosas vozes contra o desmando da organização da Copa no país.

Agora, com a entrevista coletiva de imprensa que houve no último dia 23, claramente o Baixinho já passou a fazer parte do processo, como o próprio Ronaldo prometeu quando assumiu o cargo no COL, que era unir o país para que sentíssemos orgulho de poder realizar a Copa por aqui.

O Fenômeno tenta agregar todas as partes dissonantes em torno do Mundial, além, é claro, de ser um escudo para Ricardo Teixeira.

A falta de engajamento da população com a Copa não é novidade. Pelo contrário, tem sido cada vez mais constante. Problema semelhante foi encontrado na Alemanha, quando Joseph Blatter declarou que a Copa era da Fifa, e não do país anfitrião. Na época, Beckenbauer fez, como de costume, um ótimo papel como meio-campista, articulando as diferentes partes em torno de um bem maior, que era realizar o Mundial e mostrar uma Alemanha sem preconceitos, pronta para ''fazer amigos'', como dizia o slogan da competição.

Ronaldo, até agora, dá a cara a tapa, mas sem qualquer sinalização de que o Brasil sabe, de fato, o que quer com a Copa do Mundo. No país que se orgulha de ser criativo, improvisar e pouco planejar, precisamos mais uma vez da genialidade e do poder de convencimento de Ronaldo para driblar as incertezas.

Mas o primeiro gol ficou com um quê de gosto amargo. Com certeza a dupla Ro-Ro nos deu muito mais alegrias dentro de campo. Fora dele, seria bom que ela continuasse a brilhar, mas sem a sombra de Ricardo Teixeira por trás.


Os EUA ensinam mais uma vez a promover o esporte
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Erich Beting

''Big Things Are Coming''. Esse é o lema que permeia o regresso da NBA às atividades no próximo final de semana, mais especificamente no dia 25 de dezembro. A ideia de fazer a liga de basquete dos EUA voltar às quadras exatamente no feriado do Natal é mais uma prova da genialidade do americano quando o assunto é o marketing e a promoção do esporte.

Tão logo foi ao fim o locaute que quase levou ao cancelamento da temporada da liga, os gestores da NBA traçaram uma estratégia para voltar a promover o campeonato e atrair a atenção do público. O maior receio era o de que o torcedor se afastasse da competição por conta do impasse que atrasou em quatro meses o início das atividades no basquete.

A liga decidiu abrir os treinos para o público, reaproximar os atletas dos fãs e, por fim, usar o feriado de Natal para promover a volta da bola laranja às quadras. Como os próprios organizadores da NBA disseram, o objetivo é perceber, já na rodada inaugural, o quanto a liga foi afetada pela paralisação e quais atitudes viriam a ser tomadas para reconquistar o público.

O dia 25 de dezembro é espetacular para o esporte. Muita gente em casa sem fazer nada, ou ainda na cidade ávido por uma atração para ser consumida. Mais uma vez, os americanos dão um show e mostram como o esporte tem de ser inserido dentro da cultura do entretenimento. Por aqui, com o resquício que temos das épocas ditatoriais, acostumamo-nos a ver a necessidade sempre de o atleta se concentrar, ficar enclausurado antes de uma disputa. Seria impossível pensarmos em realizar um evento no dia 25, ou até mesmo em 1° de janeiro.

Por essas e outras, nossa cultura impede o crescimento ainda maior da indústria do esporte. Uma pena. É só olhar para os EUA e usar um pouco das ótimas ideias que sempre surgem. A volta da NBA no dia de Natal é mais um bom exemplo disso.

BOAS FESTAS!
O blogueiro deseja a todos um Feliz Natal, uma excelente passagem de ano e agradece pela companhia durante 2011. Voltamos na segunda semana de janeiro com tudo sobre os negócios envolvendo o esporte. Até lá, ficamos com uma retrospectiva do ano e com alguns pitacos de como a indústria do esporte deve se comportar em 2012! Bom descanso a todos!


O dinheiro público no esporte é válido?
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Erich Beting

Uma das polêmicas surgidas na semana foi, mais uma vez, sobre o uso do dinheiro público para ajudar na construção de praças esportivas. Depois da isenção concedida ao estádio do Corinthians, agora o tema é a possibilidade de o São Paulo obter ajuda para a reforma, ampliação e modernização do complexo do estádio do Morumbi.

De todos os lados surgiram diversos ataques à proposta. As críticas, geralmente, seguem a linha do ''absurdo o uso de dinheiro público numa construção privada'', ou então ''com esse dinheiro seria possível construir escolas, hospitais, etc.''.

Uma coisa precisa ficar clara. O orçamento dos municípios, estados e União já são determinados no começo do ano. Assim, a verba da saúde ou da educação não é afetada pela verba destinada ao esporte. No caso da necessidade de construção de arenas para a Copa do Mundo, na maior parte dos casos em que o dinheiro público é usado uma contingência extra foi deslocada para esse fim.

Outro ponto importante é a distinção entre injeção de dinheiro público e a contrapartida com benefícios como isenção fiscal e/ou cessão de terreno. Isso não é uso de dinheiro público diretamente no esporte, mas uma espécie de investimento que o governo faz para ter um aumento de verba com a geração de empregos, pagamento de impostos, aumento de consumo, etc.

Esse é o cenário ideal. Mas é claro que o mau uso que se fez até hoje do dinheiro público no esporte justifica a preocupação. Também é preciso analisar de que forma é feita a gestão de recursos públicos em geral para, então, analisarmos mais friamente a questão.

Como já disse há algum tempo por aqui, não existe nada de errado em a prefeitura conceder benefícios em troca da construção do estádio do Corinthians em Itaquera. Desde que, em contrapartida, realmente a região tenha um projeto para receber a praça esportiva e ter uma melhoria na qualidade de vida a partir disso. O mesmo raciocínio vale para o Morumbi ou qualquer outro estádio em qualquer cidade brasileira.

O que temos de separar é a concessão do benefício público da caridade pública para o esporte. São coisas absolutamente distintas, sendo que a caridade simplesmente não podem existir.

Uma renúncia fiscal não deixa de ser um investimento que o órgão público faz para receber um empreendimento que não seria feito naquele lugar caso não houvesse o benefício. A conta não precisa ser paga pelo governo, mas a partir do momento em que ele deixa de cobrar alguns impostos para que o estádio vá para um determinado lugar, pode se beneficiar no longo prazo com a geração de mais receita a partir da expansão local provocada por esse estádio.

Na Europa, um exemplo clássico disso foi a construção da Amsterdam Arena. Até mesmo a União Europeia investiu no estádio. Ou seja, o cidadão de outro país que não a Holanda ajudou a construir um estádio na capital holandesa! Só que a diferença básica é que o estádio ajudou a desenvolver uma nova área comercial de Amsterdã, além de promover mais uma capital europeia, auxiliando no processo de consolidação do Euro (vale lembrar que o estádio é de 1996, quando a UE ainda engatinhava).

Por aqui, o mesmo raciocínio tem de ser colocado em prática. O dinheiro público pode fazer parte do esporte, mas desde que a contrapartida seja clara e, mais do que isso, colocada em prática. Uma renúncia fiscal tem de ter como premissa o desenvolvimento de uma região. Dentro de uma cobrança séria de uso do dinheiro público, não há qualquer problema em ser dada uma melhor condição para o desenvolvimento de qualquer produto privado.

Boa parte do crescimento do país nos últimos anos foi calcado na concessão de benefícios para a instalação de empresas estrangeiras por aqui (um exemplo recente é a guerra travada para que finalmente os produtos da Apple possam ser produzidos em solo nacional). O esporte precisa de um choque de gestão e melhoria de infraestrutura para atingir um patamar mais profissional e que possibilite uma melhoria geral na indústria esportiva.

Uma boa forma de se conseguir isso é concedendo benefícios para que consigamos acelerar o processo de profissionalização do esporte. Em troca, o governo é beneficiado com o aumento de gastos com o esporte e, consequentemente, o pagamento de impostos que esse aumento de consumo vai gerar.

Não se pode confundir isso, porém, com empréstimo a fundo perdido e sem contrapartida. E, para quem acha que estádio não gera desenvolvimento de uma região, segue uma foto da fase de construção do Morumbi, em São Paulo, nos anos 1950.