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Alemães dão mais uma pista para explicar seu sucesso
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Erich Beting

A Bundesliga se transformou, de uns três anos para cá, em referência de modelo de negócios para diversas outras competições esportivas na Europa. A final da Liga dos Campeões entre Bayern e Borussia, em pleno estádio de Wembley, foi uma espécie de tapa na cara dos ingleses, que até então consideravam que nada superava a Premier League em termos de eficiência na gestão e qualidade nos times.

Nesta semana, na redação da Máquina do Esporte, chegou um relatório impresso sobre o impacto econômico que a Bundesliga gera na Alemanha. Feito pela consultoria McKinsey, o estudo aponta o quanto o futebol gera de empregos, injeta na economia germânica e, mais ainda, onde podem crescer suas fontes de receita.

Um dos itens levantados pela consultoria é os direitos de transmissão do Campeonato Alemão. Por enquanto, os alemães têm um torneio cujos valores de venda para o exterior são baixos quando comparados a Inglaterra, Itália e Espanha.

Como os alemães mudam isso? Uma das estratégias adotadas foi “exportar” o conhecimento sobre a Bundesliga. Os alemães têm mapeado os diferentes mercados em potencial e adotado estratégias agressivas de negociação. Isso fica claro quando um veículo brasileiro sobre negócios do esporte recebe o relatório que fala sobre os negócios do futebol na Alemanha.

Entre os inúmeros itens que temos levantado para tentar explicar o sucesso do futebol alemão, algo que saltou aos olhos nos 7 a 1 e na posterior conquista do título mundial, quase nunca destacamos a eficiência do marketing e promoção da Bundesliga, principal produto de exportação do futebol da Alemanha.

Há cinco anos a liga decidiu que precisaria começar a ganhar o exterior para incrementar as receitas dos clubes. Tudo isso para fazer com que uma receita não mudasse, a de venda de ingressos. Sim, os alemães não aceitam encarecer o custo do futebol para o torcedor ir ao jogo. E, assim, busca ampliar as fontes de arrecadação.

Hoje, não por acaso, mais de R$ 30 bilhões são injetados na economia alemã pelo futebol. A taxa de crescimento do segmento só não é maior que o de aeronaves. Os detalhes você pode conferir aqui. Se o futebol quiser sair da mesmice, vale, bastante, passar um período de aprendizado na Alemanha…


O que mudou nos 7 a 1 foi a autoestima do torcedor
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Erich Beting

Reforma já!

Técnico estrangeiro já!

Muda tudo!

Não foi um apagão!

Fora, Marin!

Abaixo à CBF!

Gol da Alemanha!

Há um ano, ouvíamos, ainda tão atordoados quanto os 11 jogadores em campo naquele fatídico 8 de julho de 2014, algumas dessas frases sendo proferidas por torcedores destroçados pela maior humilhação já sofrida pela seleção brasileira dentro de campo.

E, um ano depois, o que mudou após os 7 a 1?

A percepção geral é de que nada mudou. Saiu Marin, entrou Del Nero. Saiu Felipão, entrou Dunga. Sai Neymar, o time não se acha…

E talvez seja exatamente essa a grande mudança que exista no imaginário brasileiro após os 7 a 1.

De forma visível e palpável, nada mudou. Os dirigentes seguem os mesmos, tentando forçar a não-aprovação de leis que minem o poder quase supralei da CBF na atualidade. O treinador é quase o mesmo, com a diferença de que agora chamaram o pessoal do passado para dar ideias sobre o futuro. O Brasileirão segue a ser (des)organizado do mesmo jeito, sem uma preocupação com o produto apresentado.

Mas, de forma estrutural, muita coisa começa a mudar.

Os jogadores fizeram, após os 7 a 1, a maior mobilização já vista da categoria no Brasil. Cruzaram as pernas e sentaram nos chãos, protestando contra o descaso dos cartolas com o futebol. Viraram uma frente de combate à CBF tão importante a ponto de influenciar a presidência da República a tentar melhorar alguma coisa no futebol.

Os torcedores, a seu modo, também refletem o impacto dos sete gols na cabeça. A crença de que ser apenas o país pentacampeão do mundo já garante títulos e favoritismo ao Brasil caiu pela terra arrasada. A sensação de que não somos mais “o melhor” faz bem para o próprio processo de mudança que precisa acontecer.

No fim das contas, 7 a 1 não foi pouco. E, um ano depois do massacre alemão, o Brasil ainda procura juntar os cacos do maior pesadelo futebolístico da história.

Dá para virar o jogo, mas isso requer muito esforço e trabalho de planejamento no longo prazo. Algo que o Brasil, dentro e fora de campo, na economia e no esporte, na política e nas artes, não está acostumado a fazer.

O que não dá para imaginar é que nada tenha mudado após os 7 a 1. Imagine o que teria de fato mudado se o Brasil tivesse ganho a Copa? Possivelmente, ainda teríamos o mesmo Brasileirão apagado e insosso, mas a sensação era a de que ninguém pode com o único hexacampeão mundial.

A maior mudança provocada nos 7 a 1 foi a diminuição da autoestima do torcedor. E isso é o primeiro passo para, aí sim, mudar mais coisa no futebol brasileiro.


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