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Allianz Parque terá o seu Independence Day?
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Erich Beting

A briga (mais uma) entre Palmeiras e WTorre pela utilização do Allianz Parque ganhou um novo capítulo no dia de ontem com a declaração pública do presidente palmeirense, Paulo Nobre, de que defende o lado do torcedor que se revolta contra a construtora pelo fato de o clube ser colocado em segundo plano na realização de eventos no estádio.

Porém a opção da WTorre de exibir o filme “Independence Day 2” no lugar de realizar a partida do Palmeiras contra o América, pelo Brasileirão, é a prova de que o estádio palmeirense precisa encontrar o seu próprio dia da independência.

Com um tosco contrato de cessão de exploração de terreno, em que a redação do texto não permite entender quem tem o direito a o que, só há poucas certezas nesse acordo: a WTorre tem o direito de escolher se abre ou não o estádio para o uso do Palmeiras e, se não o fizer, tem de dar uma verba para o clube; as receitas com exploração comercial (patrocínio, camarote e eventos) são da construtora, que paga 20% ao clube do que for arrecadado.

O maior entrave é sobre o número de assentos que as duas partes possuem. O contrato não é claro sobre isso e cada lado tem um entendimento sobre o tema. É isso o que levou à disputa judicial entre os dois e é isso o que impede que haja uma relação de empatia entre os dois lados.

Desde que o estádio foi inaugurado, há 1 ano e meio, Palmeiras e WTorre fazem, ao mesmo tempo, papel de bandido e de mocinho nessa história. Exatamente pela maneira mal construída da relação, porém, é que a situação chega ao extremo.

É mais rentável para a WTorre alugar o estádio para uma exibição de filme do que abrir para um jogo com lotação quase máxima? Provavelmente cada lado dará uma versão diferente para a história e, para piorar, ambos devem estar com sua parcela de razão.

Fosse uma relação saudável e, sem dúvida, os dois lados chegariam ao consenso de que é possível fazer jogo E filme no mesmo dia. Eventos distintos, horários distintos, usos distintos. Afinal, não foi por conta dessa capacidade multiuso que a Allianz decidiu investir no patrocínio do estádio?

O problema é que o orgulho, dos dois lados, faz com que o negócio seja prejudicado. O cliente, seja ele a empresa que loca o espaço para mostrar um filme ou o torcedor palmeirense que gostaria de ver o time em seu estádio, é colocado para escanteio nessa história.

Já passou da hora de WTorre e Palmeiras deixarem o ego de lado e entrarem em sintonia fina para fazer o investimento todo na reconstrução do Palestra Itália valer a pena. Sorte de ambos que a Allianz sabe que, mesmo com essa relação tensa, o naming right é um bom negócio para ela.

Mas, sem dúvida, outros parceiros temem fazer parte do negócio por não ter a menor certeza de que ele será baseado numa relação estável e que tem como princípio básico fazer com que o espaço seja ocupado a maior parte do tempo e pelo maior número de pessoas. Geralmente é isso que faz com que um local de eventos tenha sucesso comercial…

Quando um evento que toma 10% da capacidade do estádio é escolhido no lugar de outro que gera a ocupação máxima dele é sinal de que pode ter chegado o conflito que precisava para o Allianz Parque ter, finalmente, o seu Independence Day.


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