Negócios do Esporte

O handebol e o drama do esporte no Brasil

Erich Beting

A mudança de sede do Mundial feminino de handebol, cerca de seis meses antes do início da competição, revela um problema sério que afeta o Brasil ''do esporte''. O desenvolvimento do esporte no país passa, necessariamente, pela melhoria das instalações esportivas que temos por aqui.

Se quisermos ter atletas para competir, precisamos dar condições a eles para se desenvolverem. Santa Catarina oferecia todas as condições financeiras para que o Mundial fosse realizado no estado. Foi esse o motivo, aliás, que fez com que a Confederação Brasileira de Handebol escolhesse o estado como sede do torneio.

O problema foi a condição esportiva para abrigar o torneio. Não temos capacidade para fazer o torneio lá e, muito provavelmente, em diversos outros lugares do país. Talvez até no estado de São Paulo, nova sede do Mundial, tenhamos dificuldades para conseguir encontrar ginásios prontos e aptos a receber a competição.

Na semana passada, foi inaugurada em São Paulo a nova pista de atletismo do Complexo Esportivo do Ibirapuera. É de primeiro nível, mas também é a única da cidade mais populosa do país. Pelo Brasil, existem outras quatro pistas de atletismo aptas a receber competições internacionais. Da mesma forma, temos menos de 20 autódromos espalhados pelos estados brasileiros. Isso sem contar complexos de natação, ginásios de basquete, vôlei, judô, etc.

É fundamental, sem dúvida, investir na formação de categorias de base em todos os esportes. Mas é primordial, também, oferecer estrutura para que tenhamos grandes competições mundiais no país. O incentivo à prática esportiva passa, também, pelo acesso que as pessoas têm aos grandes eventos e grandes atletas.

Com os Jogos Olímpicos em 2016, a tendência é que o Brasil passe a ser local para abrigar diversas competições preparatórias. Atletas internacionais precisam conhecer e se aclimatar ao país. A formação de atletas é um processo lento e que demanda investimento de longo prazo. De nada adianta, porém, termos praticantes do esporte se não existe local para essa prática.

A mudança de sede do Mundial de handebol é um alerta para o país que vai respirar esporte pelos próximos seis anos.

Correção: A cidade de São Paulo tem duas pistas de atletismo de primeiro nível. Uma no Ibirapuera e a outra do Centro Olímpico.

  1. jose carlos delgado

    20/08/2011 13:08:04

    meus namigos falta muita coisa para esporter decolar no brasil. amazonas na decada de 70 era a 6ª maior potencia no brasil no masculino e o feminino eramos campeoes brasileiros. hoje no amazomas, a federação de handebol nao tem sede propria. so tem escritorio que funciona no ginasio coberto o renee monteiro. potencial temos de norte a sul guardada as devidas proporções. o problemas é que essas caras que se tornam presidentes das confederalçoes nacionais de qualquer coisa, se perpetuam no poder e, já era. os politicos esses nem se falam. so pensam neles e o povo os jovens... tao nem ai. a solução... nao sei... quem sabe rezar????? quem sabe DEUS nao da alguma sabedoria a eles e eles se manquem e tratem um esporte tão legal como o handebol como coisa seria???...

  2. Julio Oliveira

    27/05/2011 01:38:52

    Erich, para responder isso creio que a participaçao da TV é essencial. No inicio dos anos 80 a Record abraçou o volei e divulgou mostrando jogos, em horario importante, acompanhando times, "fabricando" idolos e tornando o esporte uma febre. Lembro bem que antes disso ninguem achava volei legal de jogar e muito menos de assitir. Claro que a CBV na epoca foi competente para aproveitar o momento e fazer a lição de casa. Talvez falte mesmo é gestão por parte da confederação, federação, clubes. Voce lembra de algum esporte menos famoso ter criado algum projeto para massificar o esporte? Para oferecer algo interessante para a midia mostrar e explorar? Fazer algo diferente para mostrar ao publico que o esporte em questao é uma chance de lazer, cultura, educação, etc?

  3. Julio Oliveira

    27/05/2011 01:37:45

    Erich, para responder isso creio que a participaçao da TV é essencial. No inicio dos anos 80 a Record abraçou o volei e divulgou mostrando jogos, em horario importante, acompanhando times, "fabricando" idolos e tornando o esporte uma febre. Lembro bem que antes disso ninguem achava volei legal de jogar e muito menos de assitir. Claro que a CBV na epoca foi competente para aproveitar o momento e fazer a lição de casa. Demos sorte tambem de haver uma geração talentosa, o boicote nas Oimpiadas de Los Angeles,enfim... Tem que ser feito todo o caminho. Talvez falte mesmo é gestão por parte da confederação, federação, clubes. Voce lembra de algum esporte menos famoso ter criado algum projeto para massificar o esporte? Para oferecer algo interessante para a midia mostrar e explorar? Fazer algo diferente para mostrar ao publico que o esporte em questao é uma chance de lazer, cultura, educação, etc?

  4. Erich Beting

    26/05/2011 12:37:36

    Rafael, a pergunta não é de simples resposta... Precisamos ter atletas, times, ídolos. Nos EUA, o futebol (soccer) tem uma situação similar à do handebol por aqui. Muita gente pratica a modalidade na escola, mas ela é vista apenas como um esporte escolar. Não há uma percepção de que seria possível seguir uma carreira no profissional. Temos de formar mais atletas e fortalecer o esporte no alto rendimento para que a prática da base migre para o profissional. Mas isso passa por ligas mais bem organizadas, mídia mais poliesportiva e interessada em mostrar o esporte, os campeonatos mais fortes que sejam interessantes para a mídia, atletas de alto padrão mundial atuando aqui, etc. Vale lembrar, porém, que o handebol, mundialmente, não é um esporte tão popular, o que explica também a dificuldade de crescimento do esporte. Um abraço, Erich

  5. ricardo berti

    26/05/2011 08:08:18

    Fui atleta de handebol, 15 anos que parei, fui tecnico de juniores, preparador de goleiros, hoje me dedico a negócios não ligados ao esporte.Infelizmente, muito frustrante, ja que o handebol é uma paixão, mas no Brasil, qualquer esporte, mesmo o futebol, é para meia duzia.Não há nada. Erich, nem o Flamengo, dizem as pesquisas o maior clube do brasil, não tem centro de treinamento, e o handebol? Talves o unico mesmo que precariamente seja o de arco verde em PE, onde participei de treinamentos e jogos.Será que ainda existe??????O Brasil está encontrando o caminho do esporte, o poker, e mais a cara do nosso pais, infelismente.

  6. Sergio Presley

    26/05/2011 00:55:55

    O comentário do Paulo Henrique é exteremamente defasado em relação ao esporte escolar, posso citar grandes exemplos aqui, começando por mim e minha equipe de handebol masculino campeã brasileiro escolar em fortaleza/2010. Meu amigo campeão brasileiro escolar de voleibol feminino e tantos outros. tudo isso realizado em escolares particulares de São Paulo. Com grande qualidade de trabalho e organização, sem os quais nem olimpíadas escolares internas são possíveis. Em minha escola realizamos um olimpíada interna onde participam 300 crianças e suas familias e um bom númereo de amigos em mais de quinze modalidades e utilizamos espaços oficiais para fazê-la (Icaro de Castro Mello, Constancio Vaz Guimarães, etc). Existem sim grande competições esportivas escolares onde todos sem exceção podem mostrar seu valor escolas públicas e particulares. Basta procurar se informar mais e corretamente com quem conhece sem ficar acusando a todos de "mambembes e caricatos"; Sr. Paulo temos pessoas sérias que trabalham com esporte escolar, e somos especialistas, estudiosos, dedicados e vitoriosos.Prof Sérgio Presley, CAMPEÃO BRASILEIRO ESCOLAR DE HANDEBOL 2010.

  7. Rafael de Souza

    25/05/2011 23:57:08

    Erich,Em primeiro lugar adoro sua coluna, e leio regularmente. Gosto da visão pragmática, de que o esporte é um espetáculo, que de alguma forma tem de gerar resultado, sem romantismo ou assistencialismo.Sempre se fala em esporte de base, que precisa ser praticado nas escolas, etc, mas taí um caso emblemático de só isso não resolve.Qual o problema com o Handebol?!?! depois do futebol, deve ser o segundo esporte mais praticado nos colégios (possivelmente mais que volei e basquete), pois usa basicamente a infra-estrutura do futebol (só a bola é diferente). Mas a coisa não decola! Não tem exposição nenhuma na mídia, ou no jornalismo, nada!O que acontece com o Handebol? o que precisaria ser feito pro esporte decolar, já que na "base" é tão praticado...

  8. Julio Oliveira

    25/05/2011 19:53:02

    Erich, o problema do desenvolvimento estrutural do nosso esporte é similar ao problema de por que não temos uma estrutura boa em nosso país para quase tudo: vontade política. Os dirigentes esportivos em nosso esporte vivem em pequenas ditaduras, na qual se eternizam e fazem o que bem entendem. E agora com um agravante: há dinheiro aparecendo em nosso esporte. Se não houver mobilização dos atletas e apoio da midia em sua maioria (digo em sua maioria pq a Globo é a que mais apoia esse modelo exclusivista~) nada mudará. JAMAIS! Pode haver dez Ólimpíadas seguidas e nada acontecerá.

  9. Felipe

    25/05/2011 18:39:38

    http://esporte.uol.com.br/futebol/clubes/sao-paulo/fotos/?abrefoto=2Resumo da ópera:Mais um papelão do Juvenal.Numa história que foi uma calamidade para o SãoPaulo, tanto em termos financeiros quanto de imagem.Primeiro, o São Paulo brigou com a CBF/Globo, numa briga que não era sua, e sim da Record (não é, sr. Julio Casares?).Resultado: o Morumbi fora da Copa.E, agora, o São Paulo coloca o rabo no meio das pernas, abaixa a cabeça e assina com a Globo.Lamentável.

  10. lucimar malavazzi penteado

    25/05/2011 18:01:01

    Caro Erich vc sabe todo mundo sabe as faltas de tudo no Brasil.E a coisa não anda. Por que o nosso Ministro dos Esportes em vez de fazer palanque eleitoral em São Paulo,não começa a discutir uma política esportiva para o país. Talvez até 2015 possamos ter alguma definição.Investimento , leis e incentivos o país tem.O que falta para a execução de arenas, parques aquáticos, pista de atletismo, estádio poliesportivo e profissionais qualificados para tal ?Será que educação?Será que boa vontade?Será que pessoas arrojadas?Será que idealistas-sonhadores- que tenham o dissernimento do bem e do mal?Ou realmente pessoas comprometidas em formar cidadãos competitivos não só no esporte, mas em diminuir as "leis dos Gersons", tapetões,enriquecimentos relâmpagos e desvios afora?Brasil país sede da Copa e Olimpíada, o preço foi alto. Até quando o povo terá que pagar a conta e sempre ficar devendo aos olhos do mundo a falta de tudo.Mais triste ainda é assistir o atleta (personagem principal) sonhar com o degrau mais alto do Podium.

  11. Marcelo Fernandes

    25/05/2011 15:22:00

    Sou formado em Educação Física pela UFRJ, e concordo completamente quando devemos dar uma atenção primordial a educação física escolar e ao esporte na escola, antes de pensarmos em sediar grandes eventos esportivos, mesmo que tenhamos equipamentos para o mesmo, o que não é o caso. Quando iniciamos a prática de exercício físico nas escolas através de aulas bem orientadas de educação física, passamos a valorizar culturalmente essa prática entre nossos jovens. Com essa dinâmica bem estruturada desde o início do processo escolar, passamos a introduzir gincanas, jogos e esportes, desta forma passamos a dar a possibilidade da experimentação na base escolar. Com esse processo iniciado podemos oferecer as crianças opções de práticas esportivas onde cada uma delas venha a se identificar, e oportunamente no futuro podemos ter um atleta ou um cidadão que tenha consciência da importância do exercício físico para a sua saúde. O Brasil precisa saber executar muito bem a primeira etapa nos primeiros anos da escola, mas para isso devemos iniciar um longo processo de reestruturação de educação física escolar. E quem sabe daqui a uns 50 anos termos condições pessoais e de equipamentos para realizarmos grandes eventos em nosso país.

  12. Paulo henrique

    25/05/2011 14:42:05

    O Brasil não é um um país de esportes,nem o país do futebol, aqui a formação esportiva é mambembe e caricata , cheira de folclore e estórias romanceadas.Nas escolas os professores não tem como motivas a prática esportiva e em a essência que motiva o esporte, que é a competição, não existe qualificação atlética escolar nem a fantasia infantil de competir contra alguém, por isso, poucos se interessam por manter , cultuar e manter uma quadra poliesportiva ou um evento esportivo.

Os comentários não representam a opinião do portal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Leia os termos de uso