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“Segunda Campeã” exige profissionalismo do atleta
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Erich Beting

Até que demorou mais do que esperava a primeira discussão acerca da proposta do SporTV na “Segunda Campeã”, como está sendo apelidado o jogo de segunda-feira à noite transmitido pela emissora com exclusividade. Veio do ex-jogador Tinga a crítica sobre o fato de os jogadores terem de conceder, dentro de um estúdio, ainda com a roupa de jogo, a entrevista para o programa “Bem, Amigos”, que começa colado na sequência da partida.

Na primeira “Segunda Campeã”, o vazamento da conversa de Cuca com Diego Souza sobre o time do Santos gerou insatisfação dos palmeirenses. Desta vez, Tinga desceu a lenha no fato de os jogadores serem obrigados a irem direto do campo para a entrevista “ainda cansados”, segundo argumentou o ex-jogador de Inter e Cruzeiro.

Particularmente, achei a proposta da entrevista pós-jogo num estúdio, só com dois jogadores e um treinador, um formato bem interessante. O atleta ali, ainda com o uniforme de jogo, é um elemento novo para os programas de debate. O “confronto” entre jogadores que acabaram de sair da partida, bem como de um treinador, também é outra situação que agrada do ponto de vista jornalístico. Ainda acho que o “Bem, Amigos” deve explorar ainda mais o conteúdo jornalístico trazido por essa situação, focar a entrevista nos detalhes do jogo, instigar ainda mais o atleta e o treinador, mas isso também fugiria demais da característica do próprio programa.

Para o torcedor, acredito também que seja legal sair daquele formato batido e modorrento das entrevistas coletivas pós-jogo. Lentas, massacrantes, repetitivas, etc. Ali existe mais dinamismo, o atleta está ainda com o jogo quente na cabeça, existe o confronto direto do debate com outros atores da partida.

Mas e para atletas e treinadores, será que Tinga está certo em reclamar?

Já havia tido essa percepção logo depois de Sport x Palmeiras e reforcei-a acompanhando o pós-jogo de Cruzeiro x Atlético-PR. O jogador precisará ser muito mais profissional para encarar esse bate-papo após a partida.

Respostas menos pasteurizadas, inteligência para se posicionar, preocupação com a imagem que será transmitida por ele após o jogo. Tudo isso é exigido no formato apresentado até agora. O atleta não poderá ficar naquela mesma expressão de sempre, mantendo o mesmo padrão de resposta, fugindo de respostas mais agudas.

No esporte profissional, o atleta precisa entender sua posição como protagonista não apenas dentro de campo. Ele tem de saber se posicionar e fugir do padrão. Nesse formato da “Segunda Campeã”, o jogador de futebol, pela primeira vez, precisa ser um pouco mais do que alguém que “faz parte do grupo”, que “chegou para somar” e que o “importante são os três pontos”.

E, como qualquer mudança de padrão, ela gera descontentamento. O fato é que o jogador de futebol no Brasil está tendo de sair da zona de conforto para ser mais atleta, mais profissional. “Só” jogar futebol é tarefa fácil demais nesse cenário…


Atletas olímpicos não estão na Grécia Antiga
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Erich Beting

A polêmica do dia foi provocada mais uma vez via redes sociais. Raquel Endres, mulher de Gustavo Endres, jogador multicampeão pela seleção masculina de vôlei, fez um desabafo sobre o fato de que teve de comprar a tocha olímpica para Gustavo ter de relíquia após ter conduzido o artefato na passagem dele pelo Rio Grande do Sul, seu estado natal.

O desabafo de Raquel, publicado por Gustavo em seus perfis, tem sua lógica. O cara é um baita campeão, representou o Brasil e não teve o direito de receber o presente após a condução da tocha?

Na Grécia Antiga, quando surgiu o conceito das Olimpíadas, o grego que era um campeão olímpico era venerado por ser um semideus. Numa cultura que valorizava o físico, ser o melhor entre os atletas era um feito comparável ao de um deus grego.

Quando recriamos o conceito das Olimpíadas nos Jogos Olímpicos da Era Moderna, reutilizamos aqueles conceitos de semideuses para valorizar a competição e ajudar a promovê-la. Só que isso criou uma cultura completamente equivocada, entre os atletas, de que chegar a uma Olimpíada é colocá-lo num patamar diferente em relação aos demais “mortais”.

Mas o que diferencia Gustavo de Carlito Lima, um agricultor de Cratéus, interior do Ceará, que foi escolhido também para conduzir a tocha? Ou de Cardozinho, folclórico corredor de Juazeiro, na Bahia, que também foi indicado pela prefeitura de sua cidade pelo trabalho que ele faz e que ajuda a promover a prática de esporte? Assim como Gustavo, Carlito e Cardozinho não tiveram o prazer de ganhar a tocha de presente após ter conduzido-a pelas ruas de sua terra. Os governos de suas cidades não poderiam dispender dinheiro para fazer um mimo ao condutor. Eles têm lugares mais importantes para gastar sua verba.

Em diversas ocasiões, ex-atletas reclamaram que não foram chamados para conduzir a tocha, como se fosse obrigação que o momento fosse restrito a eles. O grande negócio do revezamento é que ele transforma os Jogos Olímpicos não num evento exclusivo de semideuses, mas em algo democrático, palpável e aberto a todos. Seja um produtor de mel, um corredor amador ou um campeão olímpico.

Os atletas olímpicos ainda acham que estão na Grécia Antiga e que, por isso, são semideuses com mais direitos do que os demais. Em vez de reclamar, deveriam aproveitar as histórias de condução da tocha olímpica para entender que o mundo é feito de todo tipo de gente, e que cada uma dela, a seu modo, tem algum feito que é valioso para uma outra pessoa.


O que será da 9ine na volta de Ronaldo?
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Erich Beting

Ronaldo voltará para o comando da 9ine. Mas qual 9ine volta a encontrar Ronaldo, dois anos depois de ele ter deixado o dia a dia das operações da agência de marketing esportivo e entretenimento?

Quando, em 2013, a 9ine passou para o comando de Marcus Buaiz, o Brasil do Esporte ainda vivia na euforia do pré-Copa, da esperança do pré-sal e num cenário ainda de pré-crise. A gente já tinha uma sensação estranha guardada, mas estava longe de ser o pessimismo que começou a crescer nas manifestações de junho, durante a Copa das Confederações.

Nesse cenário, tudo era motivo para pensar grande. A 9ine era uma agência que vinha tendo muito sucesso ao reinventar o conceito de gerenciamento de carreira de atletas. Anderson Silva tinha sido praticamente elevado à condição de ídolo nacional graças ao trabalho da empresa. Junto com ele (e com a bagagem de Ronaldo) vieram outras celebridades para o casting da agência.

Buaiz, então, temperou ainda mais o negócio. Com histórico no ramo artístico, ele começou a trazer para a 9ine o braço “entretenimento” que fazia parte do nome da agência desde o seu lançamento. Os dois anos anteriores à era Buaiz foram marcados por uma série de ações ligadas ao mercado de esporte, tendo Anderson Silva como carro-chefe, mas também com trabalhos bacanas em contas de empresa, ações com atletas, etc.

O problema, a partir dali, foi que Buaiz guinou demais a 9ine para o entretenimento. E, sem a presença de Ronaldo, a agência começou a perder espaço no esporte. Tanto que, de um ano para cá, na pré-Olimpíada, as notícias que vinham da agência eram de acordos com Paolla Oliveira, Claudia Leitte e outras celebridades do meio artístico.

Agora, esse povo migra para a ACT10N com Marcus Buaiz. E Ronaldo, que 9ine encontra?

A agência ainda deve ter os contratos com Ronaldo (claro), Neymar (quem não tem?) e Rafael Nadal (que não rendeu nenhum negócio ainda). Mas perdeu, ao longo de dois anos, o mercado corporativo, que ajuda a pagar boa parte da conta.

No fundo, no fundo, a tendência é que a 9ine se transforme na nova versão da R9, a marca que lá atrás foi criada pela Nike para explorar – e bem – a imagem de Ronaldo. O Fenômeno, por si só, já é uma empresa que precisa de uma agência para cuidar de sua imagem.

Mas, no Brasil pós-Jogos, pós-Impeachment, pós-pré-sal e em crise, é difícil imaginar que a agência consiga voltar a ter o tamanho e o fôlego de 2011, quando Ronaldo deixou os campos para enveredar num novo negócio que poderia ser fenomenal, mas que enfrentou uma realidade muito diferente da expectativa que existia sobre o mercado esportivo do país.

É difícil imaginar que haverá mercado para a 9ine retomar o espaço que lhe começava a ser aberto em 2013, quando Ronaldo se afastou da agência. Só não dá para dizer que é impossível porque a própria história de superação de Ronaldo dentro de campo prova que ele é capaz de grandes retornos. Mas, para isso, o Fenômeno precisará ter o mesmo “sangue nos olhos” que estava pré-Copa. Tanto na de 2002 quanto na de 2014…


Por que o atleta não vira garoto-propaganda?
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Erich Beting

Neymar não renovou, após quatro anos, o contrato de publicidade que tinha com a Lupo. O astro do Barcelona, maior nome do futebol brasileiro na atualidade, foi substituído pelo ator global Cauã Reymond (veja aqui).

A troca de garoto-propaganda da marca é emblemática. Nos últimos cinco anos, a empresa investiu bastante na promoção de sua linha Lupo Sport, voltada para a prática de atividade física. Foi um movimento que chegou até mesmo a fazer da marca uma fabricante de material esportivo, tendo contrato, por exemplo, com o Atlético Mineiro campeão da Libertadores de 2013.

A mudança de rumo na comunicação da campanha é cercada de muitos fatores.

Neymar, hoje, vale muito mais do que em 2012, quando o acordo foi fechado. O próprio momento político-econômico do Brasil era completamente diferente do atual. E, ainda, havia uma perspectiva de crescimento da Lupo como marca esportiva.

Mas por que não optar por uma outra opção dentro do esporte, um pouco mais barata, ainda mais tendo o cenário de Jogos Olímpicos a caminho?

O fato é que, no Brasil, atleta não é a primeira opção quando se pensa num garoto-propaganda. Além da maior dificuldade em atuar diante das câmeras em relação a atores, os esportistas ainda são pouco familiares para a população em geral.

Outro agravante, especificamente este ano, é que o atleta está caro. Por conta das Olimpíadas, os cachês tiveram um aumento natural com a maior procura por atletas. Assim, a empresa acaba pensando ainda mais se vale a pena investir num rosto não tão conhecido para ter um hipotético bom resultado conforme a performance dele no Rio.

É perfeitamente compreensível uma marca substituir Neymar por Cauã Reymond. O que o esporte precisa fazer, urgentemente, é trabalhar melhor a imagem dos atletas para conseguir ocupar esse espaço. Ou, então, veremos papelões como o protagonizado por Rosângela Santos no atletismo. O atleta precisa de preparo. Do contrário, seguirá sempre à margem do filão do mercado publicitário.


Wendell Lira é o “abaixo o futebol moderno” na Fifa
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Erich Beting

Foi emblemática a vitória de Wendell Lira no prêmio Puskas de gol mais bonito de 2015 pela Fifa. A presença do brasileiro na festa da entidade é um tapa na cara do “futebol moderno” que foi colocado em seu modo hard  durante a cerimônia transmitida ontem para quase 200 países.

O Gala Fifa, como o evento tenta ser chamado, é a colocação do futebol como negócio em seu nível máximo.

O atleta é, desde o início, alçado ao patamar de estrela de Hollywood. Os fãs ficam à espera de um autógrafo ou uma selfie enquanto o jogador desliza sobre o tapete vermelho, no melhor estilo “red carpet” do Oscar. As entrevistas pré-prêmio com os finalistas, os carrões chegando ao auditório onde se realiza a premiação, tudo faz parte de um universo artificial que o dinheiro permitiu existir ao futebol.

No fim das contas, tudo é superlativo na premiação que a Fifa criou de uns tempos para cá. Por isso mesmo, a vitória de Wendell representa o grito de “abaixo o futebol moderno” que ainda sobrevive em meio à transformação do esporte mais popular e, talvez, mais democrático do mundo, num circo comandado pela grana.

A realidade da bola é muito mais Wendell e muito menos Messi. Por isso foi tão legal ver aquele “penetra” na festa dos craques milionários e midiáticos. Embasbacado igual criança que vê seu ídolo pela primeira vez. Feliz igual criança que ganha a primeira bola oficial. Sincero como criança.

Para quem vive o negócio do esporte, ter um Wendell Lira entre os craques do mundo todo é nos trazer de volta à realidade. É lembrar o motivo pelo qual o marketing deve trabalhar.

Teimamos em colocar os jogadores no lugar de semideuses, num panteão quase inatingível, acessível apenas para alguns poucos próximos a um tapete vermelho na Suíça. Quando, na realidade, o que movimenta o futebol são os Wendells com suas acrobacias para conseguir marcar um gol na vida.

O futebol moderno não precisa acabar. Mas precisa, urgentemente, passar a ser feito por e para seres humanos. O nível de dinheiro envolvido ficou tão grande que os marqueteiros passaram a viver uma realidade paralela, cada vez mais descolada do “mundo real”.

Wendell Lira é o sopro que nos mostra para quem o futebol deve ser feito.

 


Receita para impedir o êxodo chinês
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Erich Beting

O desmantelamento do Corinthians ligou o sinal de alerta para um fenômeno que já vinha acontecendo nos últimos três anos no futebol brasileiro, mas que não se dava muita atenção. A China decidiu importar pé-de-obra brasileiro e ao que tudo indica não vai parar com isso tão cedo.

O projeto chinês, que começou a ser colocado em prática em 2010, é de fazer da liga de futebol um produto forte. Mas, para isso, os chineses precisam aprender a jogar bola. Para quem imagina que a marca da seleção brasileira está acabada, foi o fato de o país ser o único pentacampeão do mundo e ter criado jogadores como Pelé, Romário, Ronaldo e tantos outros que fez os chineses acreditarem que somos o país do futebol.

Fama, como se sabe, não é algo que acaba da noite para o dia. Se o 7 a 1 for a exceção, e não regra a partir de agora, a história do apagão vai virar verdade. O Brasil quase sempre está entre os oito melhores a cada Copa do Mundo. É impossível achar que não sabemos jogar futebol. Ainda mais para quem não entende muito do riscado.

E aí é que entra o ponto. Se a China quer tanto o pé-de-obra brasileiro, como fazer para acabar com o êxodo?

A fórmula não é mágica. Mas ela requer planejamento, paciência e, principalmente, persistência. A única forma de acabar com o interesse do jogador brasileiro em aceitar ir para o desconhecido é dar, a ele, perspectiva de continuar por aqui.

A história de colonização do mundo, bem ou mal, foi feita dessa forma. Quem decidiu ir para o desconhecido foi quem não tinha muita perspectiva no lugar onde estava. Não foram os reis e nobres portugueses que desembarcaram por aqui, mas emissários dos governantes, que não tinham muita alternativa de vida a não ser ir construir a vida noutro lugar, onde as terras eram novas.

O futebol brasileiro hoje não oferece perspectiva ao jogador. Qual o plano que o Corinthians tinha para Renato Augusto e Jadson, seus dois melhores jogadores no ano passado? Eles tinham um projeto de seguir atuando pelo clube? Havia um trabalho pensado em usar a imagem deles para criar produtos, aproximar do torcedor, aumentar a receita do clube e do atleta a partir disso?

Além disso, qual a perspectiva que Jadson e Renato tinham para o mercado de futebol na América do Sul? Qual a atratividade de jogar o Paulistão, a Copa do Brasil, o Brasileiro e, até mesmo, a Libertadores? Os jogos são entre os melhores do mundo, que todos param para assistir? Qual o bônus de disputar essas grandes competições? O que isso mexe com a vaidade do atleta, com o objetivo pessoal dele?

Dentro desse cenário, a diferença entre estar no Brasil ou na China é mínima.

Há a barreira cultural, o desafio de se viver num país praticamente oposto ao nosso. É por isso que, ao aparecer um caminhão chinês cheio de dinheiro para esses atletas, a resposta mais lógica é o “sim”.

Para evitar o êxodo chinês, o futebol brasileiro precisa oferecer algo além de bons salários aos atletas. Sem um bom produto, jogar em Itaquera ou em Pequim dá na mesma. Ou melhor. Rende muito mais aos cofres do jogador.

 


UFC tenta fazer o que Fifa e COI não conseguiram
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Erich Beting

A decisão da 9ine de se afastar das relações com o UFC é apenas mais um episódio envolvendo a atitude tomada em 2014 pela principal competição de MMA, quando anunciou um acordo com a Reebok. A revolta da 9ine é só mais uma. Nos EUA, a gritaria contra a decisão de fazer com que o atleta seja apenas um funcionário do UFC quando está dentro do octógono já é antiga.

Na prática, o que o UFC tenta fazer é algo que nem Fifa, nem COI, conseguiram. A liga de MMA quer fazer com que os direitos sobre a arena de luta sejam exclusivos dela. Ou seja, qualquer marca que for aparecer no octógono só pode se for parte de um negócio fechado pelo UFC.

A maneira radical com a qual o UFC trata o assunto tem explicação. Após a era dos grandes lutadores, o MMA vive hoje um vácuo de ídolos. Saiu a era dos brasileiros liderados por Anderson Silva e dos americanos comandados por Chael Sonnen e entramos num período em que Ronda Rousey é o maior expoente midiático do UFC, que claramente passou a apostar no apelo das lutas femininas.

O ponto é que o modelo de negócios do UFC é completamente diferente daquele que norteia o esporte. Os atletas são funcionários da liga. No período de consolidação do MMA, a geração de receitas tinha um caminho mais claro. O UFC ganhava em acordos de patrocínio e, principalmente, direitos de transmissão e pay-per-view, enquanto os atletas, além das bolsas de luta, tinham como receita os patrocínios pontuais e/ou acordos mais longos.

Só que isso causou um negócio em que o UFC perdia patrocínio para o próprio atleta contratado dele. A propaganda da Renault usando todos os principais lutadores brasileiros talvez seja o exemplo mais claro disso para o Brasil. Em vez de fechar com o UFC, a marca procurou os atletas e fez uma campanha com eles, voltadas para o país.

Agora, o UFC quer coibir exatamente esse tipo de atitude de seus funcionários. Assim, no octógono, apenas as marcas que são dele terão o direito de aparecer. É uma forma de melhorar a entrega para os patrocinadores, de profissionalizar a exposição das marcas e, consequentemente, de embolsar mais dinheiro.

O problema é que a primeira marca a entrar nesse novo esquema foi a de um fornecedor de material esportivo. E, ao fazer isso, a Reebok tirou dos atletas a chance de fechar o acordo que lhes é mais fácil de conseguir. Ao perderem essa fonte de receita, os atletas começaram a chiar.

Agora, sem poder mostrar outras marcas, os lutadores passam a reclamar ainda mais. Tudo, afinal, é uma questão de distribuição de receita. Na história das Olimpíadas e da Copa do Mundo, o artista ganhou a queda de braço. O problema, agora, é que o artista, no caso, é um funcionário contratado do UFC, e não um atleta que chegou até o octógono por índice técnico, em decorrência de seu desempenho esportivo.

A ruptura da 9ine é só mais um capítulo de uma briga que, nos EUA, até agora, tem o UFC como vencedor. O futuro apresenta três caminhos possíveis. A ruptura dos atletas e a criação de uma liga paralela que consiga se tornar um grande negócio como é hoje o UFC, a “vitória” do UFC, com os atletas aceitando buscar parceiros comerciais apenas para fora do octógono, ou então uma via de conciliação, que parece muito pouco provável dado o apetite da Reebok em reposicionar sua marca a partir do acordo com o UFC.


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