Negócios do Esporte

Benvindo ao futebol, Nizan!

Erich Beting

Nizan Guanaes é uma figura admirável. Um dos maiores publicitários da história do Brasil e um dos grandes gênios da comunicação no Brasil. Na última terça-feira, Nizan dedicou sua coluna quinzenal na ''Folha de São Paulo'' para falar de futebol. O tema era a necessidade de o futebol espetáculo entrar em campo no Brasil.

Em sua explanação, basicamente Guanaes fala que o jogo de futebol precisa ser entendido como um espetáculo de mais de duas horas de duração, que temos de melhorar a qualidade do serviço ao torcedor, que não há momento mais oportuno para isso do que agora, quando o Brasil assume uma função deprotagonista na combalida economia mundial.

Para quem passa a olhar só agora para o mercado do futebol, sem dúvida nenhuma que a sensação que se tem é de que apenas um tolo não saberia que o caminho a seguir seja esse. Mas é ingenuidade demais achar que os clubes de futebol não saibam quais são os passos a serem dados para tornar o esporte mais rentável.

Não é por falta de vontade, na maioria das vezes, que as mudanças não acontecem na proporção que se deseja. Para quem está no mercado publicitário, com seus mais de 60 anos de atividade no Brasil, parece amadora a situação do marketing esportivo no país.

Mas o buraco é beeem mais embaixo. Sim, ainda há muito amadorismo, mas como o futebol poderá se tornar espetáculo se, na maior parte das vezes, a estrutura dos clubes não permite que o negócio se desenvolva?

Os departamentos de marketing dos clubes evoluíram demasiadamente nos últimos dez anos. E, aos poucos, trazem melhoras sensíveis para o futebol como espetáculo. Mas ainda estamos muito longes de atingir os patamares das principais ligas europeias e americanas do esporte.

Como fazer hoje um espetáculo se a verba da televisão continua a ser a principal fonte de receita dos clubes, causando uma dependência exagerada de quem detém os direitos de transmissão? De que forma conseguir exigir horários mais decentes de início da partida se o dinheiro da TV já foi adiantado para um ou dois anos à frente?

Como alavancar mais a receita no estádio se hoje a infraestrutura esportiva está sucateada? Como oferecer um programa com quatro horas de duração se os estádios não comportam qualquer opção de entretenimento além do jogo em si? E como construir um estádio novo sem recursos, ou sem mesmo um estádio próprio?

Como conseguir revelar e reter talentos (e não repatriar atletas que já não têm mercado no exterior) se a verba de patrocinadores não é suficiente para manter a folha salarial atual?

E, o mais fundamental, como montar e manter um trabalho de longo prazo se a cada dois anos é preciso mudar todo o corpo diretivo do clube? Nada contra a democracia que evita o continuísmo nos clubes, mas tudo a favor da continuidade de um trabalho bem feito. Do contrário, a cada dois anos tudo é preciso mudar com uma nova diretoria.

Sim, o futebol-arte precisa dar lugar, fora de campo, ao futebol espetáculo. Mas o futebol brasileiro ainda tem imensas questões a serem resolvidas em seu sistema de gestão. A guinada dos clubes da Europa aconteceu quando eles perceberam que era preciso tornar profissionais seus corpos diretivos. Por aqui, a maior dificuldade é ter condição política para fazer essa mudança.

Para quem acabou de chegar, parece que a terra é fértil e cheia de oportunidades por incompetência alheia. Mas o buraco é mais embaixo. As coisas têm melhorado, mas não é nada fácil prever que será de um dia para o outro que o futebol será um espetáculo.

Ainda têm muitas questões a serem resolvidas. Mas seja muito benvindo ao futebol, Nizan! Caras como você podem ajudar a agilizarmos esse processo.

  1. Che Guevara da Fiel

    11/08/2011 15:21:22

    TODOS CONTRA O FUTEBOL NEGÓCIO!!!!!FUTEBOL É CULTURA POPULAR!!!!! FESTA POPULAR!!!!!! PELO FIM DO FUTEBOL MERCADORIA E DA TORCIDA CONSUMIDORA JÁ!!!!!!

  2. Erich Beting

    11/08/2011 14:56:38

    Caro Francisco, já leu a nova revisão gramatical? Um abraço, Erich

  3. Piki

    11/08/2011 14:13:22

    Eu achei meio inocente sua "boas vindas" ao Nizan.O interesse dele é participar desse grande negócio e, com certeza, elitizando, padronizando e, principalmente, ESTERILIZANDO o esporte como fez com a Stock e os desfiles de moda.Eu não tenho a menor duvida que a entrada dele no futebol será muito mais prejudicial ao torcedor, aos clubes e ao esporte, do que benéfica. Pode fazer muita maquiagem e embelezamento, para a Globo e para os gringos mas, a essencia de esporte do povo e das massas, será totalmente desvirtuada.Não acredito em absolutamente nenhum interesse esportivo ou no futebol, apenas interesse pessoal em se inserir em um momento de destaque desse esporte.

  4. Carlos Estevam

    11/08/2011 13:09:24

    A questão brasileira é puramente cultural, nós não temos o habito do planejamento no longo prazo, porque a unica preocupação dos dirigente é revelar jogador para vender, ate parece a historia do pau brasil, que exploraram tanto que nem tem mais. O futebol profissional no Brasil como em outros segmentos da nossa sociedade; embora sejam instiuições privadas, é de intervenção do governo porque todos os clubes tem divida com o INSS, mas isso aqui é Brasil, como dizia Renato Russo "o Brasil é o pais do futuro", o problema é que o futuro esta passando e nada parece que vai mudar.

  5. FRANCISCO GIUSTI

    11/08/2011 12:22:58

    CARO BLOGUEIRO QUALQUER ESTUDANTE DO PRIMEIRO GRAU SABE QUE A PALAVRA CERTA E BEMVINDO E NAO BENVINDO VOCE DEVERIA ESTUDAR MAISO PORTUGUES

  6. Thiago Carpa

    11/08/2011 11:57:22

    Bem-vindo???Mais um esperto entrando para o clube.A coisa tá feia.

  7. Silvano Dantas

    11/08/2011 09:52:31

    Espero que outros mais entre no meio do futebol e desta forma ocupando espaço do amadorismo e dando confiança e transparencia no setor, para que ai posssamos dar um passo a frente.

  8. renato arruda

    11/08/2011 09:39:47

    Qualquer pessoa um pouco informada, sabe que o Nizan está certo.Só que para mudaro que é preciso, tem que se começar de cima para baixo.CBF, Rede Globo, FPF, Presidentes de clubes.Aí o bicho pega.$$$$$$$$$$$$$$$$$$

  9. Gladistone

    11/08/2011 08:35:18

    Ué! E qual o problema de ser um negócio? Aliás, o problema é justamente esse, de não ser encarado como um negócio, por isso esse amadorismo que esta ai, se for encarado como um negócio, com a obrigação de dar lucro, certamente diminuiriam as contratações para favorecer quem não deve e outros tantos problemas, no final das contas o maior beneficiado seria justamente o torcedor, que seria tratado com mais respeito, conforto e dignidade.

  10. LOpes

    11/08/2011 07:52:12

    Prezado, Benvindo e nome próprio. Bem-vindo é a saudação.Obrigado.

  11. Luis Cardoso

    11/08/2011 01:12:47

    Muito inocente sua boa vinda ao Nizan..... Não percebes que este é apenas mais um mega negocio sendo iniciado por ele e sua equipe? Quanto as eleiçoes nos clubes, que mal tem trocar o corpo diretivo de 2 em 2 anos? Não seria melhor mexer na ferida principal e trocar quem está lá ha decadas, como o Ricardo Teixeira? Isso sim daria uma nova oportunidade de mudar o futebol no Brasil.... Mesmo com Andres entrando na presidencia da CBF depois, desque que mudasse nos mesmos 2 em 2 anos que vc tanto criticou!!!Abraços, Luis

  12. Thiago Gonçalves Fernandes

    11/08/2011 00:39:19

    Erich,Me responde se você souber, o Manchester United é uma S/A ou uma LTDA?Você acredita que no Brasil, seria uma boa os clubes serem uma S/A ?

  13. Paulo Amaral

    11/08/2011 00:05:04

    O futebol e a propaganda talvez não sejam tão diferentes assim. No premiadíssimo mercado publicitário brasileiro, também existe a dependência absurda das agências de publicidade nacionais da mesma emissora. Nizan Guanaes, que detém a conta de cinco patrocinadores da seleção brasileira em suas agências, provavelmente quebraria como os clubes de futebol se esse veículo deixasse de pagar comissões por fora para suas empresas anunciarem no futebol.

Os comentários não representam a opinião do portal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Leia os termos de uso