Palmeiras, Lusa e a falta de gestão de eventos no país
Erich Beting
O lamentável episódio envolvendo torcedores da Portuguesa e seguranças do Palmeiras escancara o quão despreparado estamos na gestão de eventos esportivos.
Não vou me ater aqui a quem tem ''culpa'' pelo início da confusão. Muito mais triste é saber que não aprendemos, especialmente quando o universo é o do futebol, o básico.
O estádio do Canindé estava alugado para o Palmeiras. Por que motivo haveria de um torcedor da Portuguesa estar presente no mesmo local? Sim, o estádio é da Lusa, mas, naquele dia e horário, ele pertencia ao Palmeiras.
A questão deveria ser simples assim. O dono do evento é o responsável por gerenciar absolutamente tudo o que se passa no local, enquanto quem fez a concessão do espaço faz as suas exigências.
Fazemos isso em aluguéis de imóveis, espaço para a realização de festas, até mesmo na churrasqueira do prédio. Mas, no futebol, ainda temos a mentalidade de que há sempre um ''dono'', que detém a posse sobre o lugar por merecimento.
Em Campinas, o time do Red Bull teve problemas com dirigentes da Ponte Preta por fazerem um copo plástico com o símbolo do rival Guarani no dia de jogo entre o Red Bull e o Guarani pelo Paulista da Série A-2. O local do jogo era o estádio Moisés Lucarelli, de propriedade da Ponte. Mas, no dia da partida, o dono do evento era o Red Bull, que pagou pelo aluguel do espaço.
Com a mudança de mentalidade na gestão de arenas que devemos assistir nos próximos anos, o futebol brasileiro precisará urgentemente aprender a gerenciar eventos. Do contrário, será difícil pensarmos em locais rentáveis para os donos dos estádios apenas com alguns poucos jogos de futebol para serem realizados.