O UFC indica o caminho a ser seguido pelo esporte
Erich Beting
O sucesso que transforma cada vez mais o UFC numa realidade dentro do mercado brasileiro mostra o caminho a ser seguido pelo esporte no Brasil se quiser ganhar espaço mesmo com o domínio absoluto do futebol na preferência nacional.
Neste próximo final de semana será possível assistir à estreia das lutas na Globo, emissora com maior alcance e audiência do país. A ida do UFC para a telinha global é uma vitória do modelo de negócios proposto pelos americanos desde que assumiram a gestão do antigo Pride.
O sucesso do UFC é a essência de como o esporte tem de ser gerenciado pensando no entretenimento do público. A competição dentro de campo, do ringue, da quadra ou da piscina é o grande atrativo, sem dúvida, mas tudo tem de girar em torno do torcedor.
Quem banca toda a estrutura de sucesso de uma liga esportiva (e o UFC é exatamente a aplicação do conceito de liga no segmento de lutas) é o consumidor, tanto que para ele tem de ser dirigido todo o pensamento na organização do esporte.
Uma das chaves para o UFC ter espaço na TV aberta é, sem dúvida, o fato de não concorrer no horário com o futebol. Claro que ajuda, e muito, ter a diferença por conta do fuso horário americano, onde acontece a maioria dos combates, mas também é essencial saber que não é possível brigar com quem é maior.
O modelo americano de gestão do esporte pensa, prioritariamente, em três pilares básicos de sustentação de uma modalidade: divulgação na mídia, o consumidor e a disputa equilibrada para deixar uma competição acirrada e, assim, atrativa para todos.
O UFC é a essência desse modelo. Sempre é criada uma grande história em torno de uma luta, ajudando a promover os lutadores e o interesse do público. Com isso, no dia da disputa, o torcedor não vê outra alternativa a não ser acompanhar a luta.
Por aqui, o conceito de promoção de uma competição esportiva ainda está muito longe do ideal. Com algumas boas exceções (o basquete, com a criação do NBB, passou a pensar muito nessa questão), são raros os casos de ações promocionais eficientes para divulgar um evento.
Para complicar ainda mais essa história, geralmente não nos preocupamos em ver a mídia como uma parceira de transmissão, atendo-se apenas ao quanto ela pode pagar pelo evento, mas não na entrega que é oferecida para aumentar a promoção da modalidade e da competição em si.
Os gestores de clubes e entidades esportivas precisam, cada vez mais, olhar para o UFC sem ver a luta, mas atendo-se a todo o processo de divulgação que cerca um embate da categoria. É o melhor exemplo que temos hoje de como o esporte pode crescer se souber olhar para o entretenimento.