O que é maior? O fico de Neymar ou o volto de Pelé?
Erich Beting
Foi com uma enorme euforia que o mercado esportivo brasileiro celebrou, há alguns dias, o ''fico'' de Neymar no Santos. Ontem, o clube paulista anunciou, da mesma forma, o ''volto'' de Pelé, maior jogador da história do clube e do futebol. Já diria a máxima que futebol é momento, mas também não precisamos exagerar.
A repercussão do ''volto'' acabou sendo bem menor que a do ''fico'', mas o fato é que, na proporção, o Santos tem tanto ou até mais a ganhar passando a ter Pelé como um ''funcionário'' do clube. A começar pela representatividade de um e de outro no futebol mundial, é incomparável o apelo que o Rei do Futebol consegue trazer para o Santos.
Mas a questão é muito maior do que essa.
Nos anos 60 e 70, Pelé foi responsável por fazer o Santos ser um time admirado nacionalmente. Isso fez com que, hoje, o Peixe pudesse ter a oitava maior torcida do país, com cerca de dez vezes mais torcedores que o tamanho da cidade em que o clube está, feito inédito entre os times de futebol no Brasil. Pelé também foi fundamental para levar o Santos a excursões no exterior, mas sua marca acabou, globalmente, tornando-se mais forte que a do clube.
Agora é esse novo contexto que Pelé pode, de novo, ajudar e muito o Santos.
Ao que tudo indica, o futebol brasileiro vai entrar nos eixos. Teremos um calendário mais racional que permitirá aos clubes viajarem para realizar amistosos e promover suas marcas em ações além-mar. Com Pelé contratado para ser uma espécie de ''embaixador'', o Santos só tem a ganhar.
Marca realmente global, Pelé tem um alcance muito superior ao de Neymar. Sua presença atrai a atenção da mídia do mundo todo e ainda, se bem trabalha, reforça todo o apelo histórico do Santos de ser um clube formador de grandes talentos, que é todo o mote da campanha dos 100 anos do clube para 2012.
Impressionante é ver que ainda vivemos na era em que quase todo mundo ainda acha que o futebol acontece apenas dentro de campo. Sob essa ótica, o Santos não deve olhar o passado, mas mirar no presente. No final das contas, o ''volto'' poderá ser bem maior que o do ''fico''.