A gestão começa a atrair os grandes patrocinadores
Erich Beting
O modelo de gestão de um clube ou entidade esportiva começa, finalmente, a fazer a diferença na hora em que uma empresa decide onde vai aportar seu investimento no esporte. Por trás da decisão da Nike de patrocinar Bahia, Coritiba, Inter e Santos está também a maneira como esses clubes têm sido gerenciados (leia mais aqui).
Como já foi dito aqui há algum tempo, a tendência é o próprio mercado de investidores no esporte forçar a profissionalização do segmento. Não há mais espaço para que o amadorismo na gestão de recursos impere no esporte. Ou os gestores esportivos sejam, de fato, bons gerentes, ou o dinheiro só ficará concentrado nas mãos de quem tiver preparado para isso.
O primeiro passo de mudança de patamar do esporte no Brasil é o ânimo que toma conta das empresas com a presença de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos no país. Historicamente, o mercado esportivo aumenta cerca de 30% em época de Mundial. Com o torneio sendo realizado em solo nacional, a tendência é de que as pessoas consumam ainda mais o esporte.
Nesse cenário de expansão, os recursos alocados para o esporte só tendem a aumentar, como temos visto, principalmente, de dois anos para cá. Mas, da mesma forma, não existe mais espaço nesse cenário para a gestão irresponsável. A cada dia que passa, vemos a entrada de dinheiro ser direcionada para quem tem feito um trabalho profissional.
No caso do futebol, o movimento é cada vez mais claro. A gestão é que tem determinado acordos melhores, de maior duração e com empresas de maior porte. Os clubes perceberam que precisam movimentar suas marcas em torno dos torcedores. E isso exige a presença de parceiros comerciais que consigam atender a esse tipo de necessidade.
Com o futebol caminhando nessa direção, aos poucos as demais modalidades vão seguir para isso. Já é possível observar esse movimento em algumas confederações, especialmente na CBJ (judô), na CBV (vôlei) e na CBRu (rúgbi). Não por acaso essas são entidades que têm aumentado substancialmente a presença de parceiros comerciais, além de ter diversificado as fontes de receita, dependendo menos de verba pública e buscando outras alternativas.
O cenário de Copa e Olimpíadas impulsiona essa mudança de patamar do esporte no país. E é esse o primeiro passo necessário para que, depois dos megaeventos, tenhamos uma indústria e um público mais maduros para o esporte continuar em rota de crescimento.