Negócios do Esporte

Os chineses acordaram!

Erich Beting

Outro dia comentei aqui no blog que a briga entre as montadoras de automóveis esquentava no futebol. Ao final do texto, dizia que os fabricantes chineses, que estão revolucionando o mercado como fizeram os coreanos há algumas décadas, ainda não tinham acordado para a força do esporte como forma de construção da marca.

Mas eis que a notícia vem, confirmada por diferentes fontes, de que a JAC Motors ofereceu R$ 20 milhões para estampar sua marca na camisa do Palmeiras (leia a matéria completa aqui).

O negócio ainda não está sacramentado, mas mostra um pouco aquilo que vinha falando no post anterior. O esporte, como plataforma de construção de uma marca, é uma ferramenta fortíssima. O futebol no Brasil, então, é o melhor caminho para uma marca que quer ganhar seu espaço no mercado.

No caso da indústria automobilística, o investimento, quando não é para um campeonato, geralmente está focado num time de São Paulo, principal mercado consumidor do país. E, atualmente, as opções viáveis seriam Palmeiras e São Paulo, que estão com a cota de patrocínio master disponível.

Ao escolher o Palmeiras, a JAC também consegue tirar um concorrente da jogada. A ideia de que a empresa pode substituir a Fiat no clube pode ser, de forma subliminar, transportada para o pensamento do consumidor. Da mesma forma, a exposição permanente que o futebol tem no país e o retorno de reconhecimento de marca que ele proporciona compõem elementos mais do que suficientes para que a aposta seja feita.

O negócio também pode representar a mudança de paradigma do mercado de patrocínio no futebol, virado de cabeça para baixo nos últimos anos pelo fator Ronaldo no Corinthians. A tendência é que cada vez menos empresas estejam dispostas a fazer investimentos dessa magnitude nos clubes sem ter a exclusividade de exposição da sua marca.

Patrocinadores menores e menos comprometidos com planos de longo prazo tendem a desaparecer nos próximos dois anos. O mercado deve ficar restrito a poucas e grandes marcas, que pautarão no relacionamento com o torcedor o desenvolvimento de sua plataforma de comunicação no esporte.

Os chineses acordaram de fato para a força do patrocínio esportivo no Brasil. Se vão fechar negócio com o Palmeiras é outra história. Mas só o fato de pensarem numa plataforma de patrocínio esportivo já indica que podemos ter boas novidades para o mercado nos próximos anos.

O amadurecimento das empresas que vão investir no esporte começa a ser indício de que tempos melhores virão para o mercado esportivo brasileiro.