Onde estão os patrocinadores?
Erich Beting
O ano começou no futebol brasileiro com um detalhe preocupante para Flamengo, Palmeiras e São Paulo. Três dos quatro clubes de maior torcida do país estrearam na temporada com uniformes sem um patrocinador principal.
O fato revela algo que já se previa que aconteceria, mas talvez não na velocidade como aparentemente parece querer mostrar. Começa a ficar claro que o mercado de patrocínio no futebol não está assim tão aquecido como previam e aproveitaram os dirigentes nos últimos dois anos.
A era do ''exposição a qualquer custo'' proporcionada por Corinthians e Ronaldo em 2009 e 2010 começa a ser deixada de lado pelos donos da grana.
São dois os motivos para isso. O primeiro, mais direto, é o resultado não tão satisfatório que muitas empresas tiveram em 2011. A projeção otimista não foi tão grande assim, e portanto muita gente tirou um pouco o pé do acelerador. Outro ponto, e essa é a boa notícia para o esporte, é que o mercado, como um todo, já está ficando mais seletivo na hora de investir.
Possivelmente o Corinthians se une ao trio em abril, com a negociação com a Hypermarcas ainda se arrastando. A ideia do clube que provocou toda essa baderna de superexposição de marcas era a de obter um patrocinador ainda no ano passado e, assim, antecipar a saída da empresa que mais bancou o projeto de poluir o uniforme com diversas marcas sem um critério claro de retorno da exposição para cada uma delas. Mas o plano corintiano não vingou, e agora poderemos ver os quatro clubes mais populares do país sem um patrocinador.
O maior problema que vem pela frente para os clubes é encontrar uma empresa que pague o quanto é pedido pela propriedade. Como já foi dito aqui há algum tempo, as marcas que sempre tiveram projetos de investimento de longo prazo no esporte simplesmente desapareceram depois que começou a farra do macacão de Fórmula 1 na camisa de futebol.
O caminho para Flamengo, Palmeiras e São Paulo parece ser árduo. O Fla nem mesmo com Ronaldinho consegue se vender. Os dois grandes paulistas batem cabeça em seus departamentos de marketing e contam com um histórico recente de ''expulsão'' de antigos patrocinadores (o Palmeiras tirou a Samsung, e o São Paulo, a LG).
Os patrocinadores estão disponíveis no mercado. Mas os clubes precisarão ser cada vez mais profissionais na hora de lidar com eles, porque as empresas já não acreditam mais apenas no milagre da exposição da marca quando se fala em investimento no futebol. Ainda mais quando os dirigentes insistem em achar que é possível dar bom retorno com três a cinco marcas expostas numa camisa. Nem mesmo o patrocínio pontual tem sido cogitado.
É o lento caminho da evolução dando mais um passo.