A profissionalização forçada do esporte
Erich Beting
Não tem jeito. O esporte será obrigado a se tornar cada vez mais profissional no Brasil. E esse talvez seja de fato um dos ''legados'' da realização de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos no país nos próximos anos.
À parte da revolução que está com cara de que vai se aproximar na CBF, os clubes de futebol no Brasil puxam a fila e, aos poucos, começam a ter nos seus departamentos de marketing pessoas com formação acadêmica e, mais do que isso, atuação profissional nas áreas de marketing, publicidade e correlatas.
É uma evolução que ao poucos também começa a se espalhar para outras modalidades e tomará um caminho sem volta no país em cerca de dez anos.
Até 2016, os investimentos das empresas no esporte passarão a ser cada vez maiores e mais criteriosos. O achismo na hora de buscar uma oportunidade está sendo abandonado de vez, e isso força que o esporte esteja preparado para oferecer um bom retorno para os investidores.
Mesmo que com atraso, o Brasil começa a descobrir que investir no esporte não é só caridade, mas um negócio de fato, com prazo de duração, metas previamente estabelecidas e mensurações que vão muito além da simples exposição da marca, sem criar qualquer vínculo com o consumidor.
Num mundo cada vez com mais multiplataformas de comunicação e com a mídia totalmente segmentada, o esporte transforma-se numa eficiente forma de encontrar e se engajar com o consumidor. Só para se ter uma ideia, na Copa de 58, por exemplo, apenas o rádio e os veículos impressos eram usados como meios de busca pela informação pelo torcedor. Em 2014, são pelo menos cinco diferentes plataformas para acompanhar uma partida, além do próprio estádio.
Ainda que à força, as coisas começam a evoluir. Mais um bom exemplo vem do Corinthians, que coloca como diretor de marketing Ivan Marques, um dos sócios da agência de publicidade F/Nazca (leia mais aqui), além de manter toda a estrutura que há quase uma década está no clube.
O esporte também precisa saber fazer marketing, vender seu produto e saber quem é seu consumidor. Do contrário, vai ficar parado no tempo e, possivelmente, será ultrapassado pelos concorrentes.