Jeremy Lin e a maneira americana de olhar o esporte
Erich Beting
O americano vive uma lua-de-mel com Jeremy Lin, americano descendente de taiwaneses, formado em Harvard, armador do New York Knicks e recém-empossado como astro maior da NBA, a liga de basquete do país.
A ''Linsanity'' começou há cerca de duas semanas e é hoje assunto em toda Nova York. Num campeonato que já começou com atraso por causa do locaute, não tem grandes destaques nos times grandes, como o LA Lakers, e sofria para engrenar no gosto das pessoas, o chino-americano Lin parece ser a solução.
Essa é a maneira americana de olhar o esporte. O foco é o consumidor, enquanto o atleta ou o time são as ferramentas para gerar o interesse da pessoa em consumir a modalidade.
A NBA sobreviveria sem Lin, mas com ele a história fica muito mais legal. E o massacre da mídia com relatos sobre o fenômeno do estudante de Harvard que conseguiu chegar à liga mais importante do basquete enche de vontade do público em acompanhar o esporte.
Não por acaso, os dois últimos jogos de Lin pelo Knicks bateram os recordes de audiência na televisão desde os tempos de Jordan. Nas ruas de Nova York, as camisas de número 17 do time da cidade estão espalhadas pelas lojas, de olho no consumo do turista, especialmente o chinês.
Lin não é um craque, mas tinha uma história legal para ser explorada. O americano consegue fazer do esporte um grande meio de se contar grandes histórias e, assim, aumentar o faturamento.
No Brasil, os gestores esportivos continuam a achar que seu grande feito é alimentar a mídia com polêmicas vazias. Enquanto isso o consumidor segue abandonado e ávido para gastar dinheiro.
Não é por acaso que, em solo brasileiro, os gastos em shoppings, shows e cinemas seguem aumentando em proporção bem maior que no esporte. Esses outros segmentos perceberam há pelo menos duas décadas que fazem parte da indústria do entretenimento. Já passou da hora de o esporte acordar para o potencial de consumo que está adormecido. Lin é só mais um exemplo disso.