A liga que não vai dar liga
Erich Beting
Ainda é cedo para pensar em qualquer mudança na CBF num curto espaço de tempo. Até é prudente que, num primeiro momento, não haja mudanças bruscas na organização do futebol brasileiro. Mas a mudança que, aparentemente, deve surgir, é a criação de uma liga de clubes para organizar o Campeonato Brasileiro.
E, do jeito que a coisa está, a liga já nasceria da mesma forma que estava o Clube dos 13: morta.
Com a chegada de Marin ao poder, após duas décadas o futebol no Brasil deixa de ter uma concentração de poder como na gestão Teixeira. Se o ex-presidente conseguiu chegar ao status de Todo Poderoso do futebol nacional foi exatamente por ter acabado, logo no início de seu mandato, com a força dos clubes. Dissolveu o Clube dos 13 e retomou para a CBF o poder de organizar competições.
O que era para ser então uma liga do Campeonato Brasileiro virou pó. O Nacional foi novamente inflado e o C13 passou a ter meramente uma função comercial. Essa, aliás, foi a causa da morte da instituição no ano passado. Ao ser apenas representante comercial dos clubes, ela deixou de ter força. Afinal, nos últimos 20 anos, apesar de a presidência da CBF não ter se alterado, os clubes aprenderam bastante a gerenciar melhor as suas marcas. E, por isso, destituíram o C13 quando ele deixou de ser interessante para negociar contratos de TV.
Há, hoje, grande chance de o poder no futebol ser dividido, como não havia nas últimas duas décadas. O problema é que, enquanto continuarmos com o conceito de que uma liga representa clubes, e não competições, ela estará fadada ao fracasso. Ainda mais quando o maior contrato que uma liga negocia, que é o da televisão, já está comprometido pelos clubes até 2015.
A liga não vai dar liga. E o presidente da CBF, seja ele o Marin ou qualquer outro, vai continuar a ter o poder de tomar as decisões relativas ao Campeonato Brasileiro. Talvez em 2016 as coisas, realmente, comecem a mudar para melhor.