Negócios do Esporte

O último degrau que falta para o futebol

Erich Beting

A barreira finalmente parece começar a se quebrar para que o futebol seja, finalmente, um esporte bastante popular no único mercado que não conquistou. Como falado por aqui ontem, um levantamento da publicação “Sports Business Journal” colocou o futebol como o segundo esporte mais “jovem” no mercado dos Estados Unidos.

O ranking leva em conta a média de idade do público que consome esporte pela TV nos EUA. O futebol só perde para as duas competições de X Games (inverno e verão). Tem 39 anos em média o consumidor do esporte pela TV, enquanto as competições dos radicais têm 33 (verão) e 34 anos de idade média do telespectador. Os esportes mais tradicionais e populares, como o futebol americano, ficam com uma média de idade mais alta nessa conta.

Soma-se a isso outro detalhe interessante. Nos estádios, a média de público da Major League Soccer já beira os 20 mil torcedores por partida, quebrando a barreira de falta de atratividade para o consumidor que tinha há questão de 20 anos, quando voltava-se a discutir a criação de uma liga de soccer no país (a MLS estreou pós-Copa, em 1995).

Vale lembrar que esporte, nos EUA, é tratado como produto de entretenimento. Precisa, portanto, ter público, transmissão pela TV, patrocinadores e dar lucro ao final da operação. É por isso que vemos muitos times acabarem ou mudarem de cidade, nas mais diferentes modalidades.

O que faz o futebol ganhar espaço por lá? Além, claro, da miscigenação maior da população, com a notada e crescente parcela de imigrantes latinos (tanto da Europa quanto da América), tem um ponto que é crucial, que é a expansão para o mercado dos EUA de times europeus mais populares.

Manchester United, Barcelona, Real Madrid e outros do mesmo calibre já fizeram suas excursões de pré-temporada na terra do Tio Sam. Da mesma forma, as ligas principais da Europa invadiram o mercado de televisão dos EUA, especialmente por conta da expansão mundial da Liga dos Campeões da Uefa.

Esse talvez seja o fator novo em todo o processo de “popularização” do futebol no mercado dos Estados Unidos. Jogos de qualidade estão próximos de uma população que tem mais familiaridade e interesse pelo tema do que há dez anos.

Sem dúvida que é praticamente impossível, por uma questão cultural, o futebol se tornar o esporte número 1 na preferência do torcedor de lá. Mas é fato que, no país que tem o consumo arraigado em sua cultura, o crescimento do futebol parece romper com a última barreira que existia.

Agora, com o jovem prestando cada vez mais atenção ao soccer, a tendência é que as empresas decidam buscar falar mais com ele a partir do futebol. Desde a primeira tentativa com Pelé e cia., no final dos anos 70, que o futebol nos Estados Unidos não via um futuro tão atrativo.

A última barreira deve ser rompida muito em breve.