O MMA pode ocupar a lacuna deixada pela F-1
Erich Beting
Uma pesquisa encomendada pelo jornal ''Gazeta do Povo'', de Curitiba, mensurou a relação do curitibano com o esporte. Os resultados foram publicados na edição do último domingo do diário e revelam uma possível tendência nacional. As lutas do MMA podem vir a ocupar uma lacuna deixada pela Fórmula 1.
De acordo com o levantamento, feito com 422 moradores de Curitiba acima de 16 anos de idade e com margem de erro de 5 pontos percentuais, as lutas já ocupam o terceiro lugar na preferência do torcedor para acompanhar esporte pela televisão. Futebol (54%) e vôlei (14%), seguem líderes. O fato novo é que as lutas (5%) ficaram à frente do automobilismo (4%), embora, é claro, ambos estejam tecnicamente empatados.
Outro fato interessante é a presença de Andreson Silva entre os maiores ídolos do curitibano. Nesse caso, o lutador aparece em quarto lugar, atrás de Neymar (26%), César Cielo (17%) e Giba (15%). Silva, que alcançou 13% das respostas, bate Felipe Massa, o quinto na preferência, com 10%.
Ok, não é possível generalizar o caso de Curitiba para o Brasil inteiro, principalmente porque as variações da pesquisa estão dentro da margem de erro. Mas é por isso mesmo que o ''pode'' foi colocado no título do texto.
Considerando que o interesse por esporte no Brasil ainda é ditado pela programação da TV aberta (e logicamente pela Globo, que detém maioria absoluta de audiência e de alcance), o MMA pode vir a ocupar o espaço que a Fórmula 1 vai deixando livre. Sem novos e competentes pilotos brasileiros na disputa da principal categoria do automobilismo, a tendência é que o torcedor se afeiçoe por outros esportes que a TV aberta transmitir.
Como a Globo passou a dar ênfase ao UFC nos últimos meses, é provável que o torcedor vá aos poucos se acostumando às lutas e deixando de lado o interesse pela Fórmula 1, que não produz ídolos e resultados bons de brasileiros. É exatamente essa a diferença hoje do automobilismo para o UFC, que tem como protagonistas os atletas nascidos aqui.
Vale lembrar que o maior crescimento da Fórmula 1 no país foi justamente nos anos vitoriosos de Piquet e Senna. Foi nessa época que o público jovem se aproximou da F-1. Hoje, o jovem se afastou do automobilismo e começa a buscar alternativas, como as lutas, cuja audiência cresce exatamente entre os mais novos.
Sem o apelo do ídolo, a cobertura da mídia de massa como um todo diminui. E isso distancia o torcedor do esporte. Curitiba é um caso isolado. É questão de tempo (e de pesquisas mais abrangentes no território nacional) para vermos se a tendência vai se consolidar.
Os ingredientes para que isso aconteça, porém, estão todos reunidos.