Negócios do Esporte

Decisão esportiva x decisão financeira

Erich Beting

Esperei sair o resultado do primeiro jogo da final do Campeonato Paulista para poder emitir a opinião. Não falo, aqui, dos 3 a 0 do Santos sobre o Guarani, que praticamente sacramentaram o título paulista em favor do time do litoral pelo terceiro ano seguido.

A análise em questão é referente ao resultado financeiro da venda de ingressos para a partida, que foi realizada no estádio do Morumbi, em São Paulo, em vez do Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas.

E o fato é que, só com a final do Paulista, o Guarani ganhou mais com a bilheteria do que havia arrecadado com todos os outros 11 jogos que fez em seu estádio na competição (leia os detalhes aqui).

Esse é um ponto importante que muita gente reclama quando se discute o esporte como um negócio. Para o torcedor, a decisão, sempre, é passional. Mas para o gestor, é preciso ter um equilíbrio entre a decisão esportiva e a financeira.

Para o Guarani, a presença na final do campeonato já é um grande trunfo. Esportivamente o clube já ganhou, e muito, chegando até lá. Além disso, houve uma possibilidade de ganho financeiro com a presença na final, que não seria tão potencializado caso a partida fosse disputada em seu estádio.

Para o próprio organizador do evento, a FPF, o estádio do Morumbi é um palco mais adequado para fazer a final. O estádio é maior e mais estruturado, permitindo dar uma entrega melhor a patrocinadores e parceiros comerciais, como a televisão, que tem condições de fazer uma melhor transmissão. Além, claro, de faturar mais com bilheteria, já que 5% da renda bruta do jogo fica com a entidade, graças ao regulamento assinado pelos clubes que concordam com o pedágio pago à entidade.

A decisão esportiva sempre tem de prevalecer sobre a decisão financeira. Mas, no caso da final do Paulista, esportivamente o Guarani já havia alcançado um enorme feito ao eliminar o maior rival e chegar à decisão do Estadual após mais de duas décadas. Nessas horas, o gestor também deve pensar na questão financeira. E o torcedor, claro, tem de agir com o coração. Tanto que o torcedor do Guarani ocupou boa parte do espaço no Morumbi no domingo.