Negócios do Esporte

Viva a imprevisibilidade!

Erich Beting

Jenson Button reclamou publicamente por esses dias sobre o recorde batido pela Fórmula 1 neste ano. Para o piloto inglês, o fato de a temporada ter tido seis diferentes vencedores em seis diferentes provas, é ruim para o futuro da categoria. Na lógica de Button, o público ficará achando que qualquer um pode ganhar na Fórmula 1 a partir dessa diversidade.

Pego carona com dois especialistas da velocidade para meter meu bedelho nessa história. Em seu blog na Folha.com e na edição de hoje na Folha de São Paulo, Fábio Seixas, o idealizador da enquete, perguntou o que o torcedor prefere. Uma competição sem favoritos, como a atual, uma que tenha um único favorito, ou uma com dois favoritos duelando pela liderança.

Hoje, em seu blog, Flávio Gomes aprofundou o debate. Colocou as mesmas perguntas de Seixas, mas nas seguintes condições: um campeonato sem favoritos, um campeonato com um único favorito, desde que seja piloto brasileiro, ou um campeonato com um grande duelo, desde que um dos dois pilotos seja brasileiro.

As respostas de Seixas deram, de goleada, a opção atual, em que não há favoritos à conquista do campeonato e das provas. A enquete de Gomes ainda está fresquinha no blog, então não dá para ter qualquer base de análise.

Mas, como já foi dito por aqui, o esporte vive da imprevisibilidade. Quanto mais improvável for a competição, mais interesse ela pode atrair no consumidor. Para que esse conceito vingue, porém, é preciso que o próprio esporte saiba usar essa característica em seu benefício. De nada adianta a F-1, agora, não chamar a atenção para o feito que acabou de ser alcançado. É preciso criar a história e contá-la ao público.

Quem será o próximo a vencer na Fórmula 1? Nunca houve tanta troca de vencedores como hoje, então você não pode perder a prova da próxima semana para saber quem será o próximo.

Falta, muitas vezes, o conceito americano de trabalhar com o esporte. Sem explorar o imprevisível, o esporte perde a atratividade. É muito legal não saber qual será o final de uma história. Mas, no meio dela, é preciso saber contá-la de forma a manter o suspense em alta. Isso aumenta a repercussão em torno do esporte e, claro, aumenta a audiência do público.

Viva a imprevisibilidade!