Negócios do Esporte

Barcelona e Real Madrid dominam a festa junina

Erich Beting

Sou fã de festas juninas. Daquelas de escola, com direito a dança de quadrilha, correio elegante, cadeia, quentão e tudo mais. No último sábado, fui à festa dos sobrinhos e me espantei com uma nova realidade. No velho e bom bingo, o prêmio máximo não era uma camisa do Corinthians, do Palmeiras, do São Paulo, do Santos ou da seleção brasileira, como costumava ser nos meus tempos de infância. Agora, o máximo era ganhar a camisa do Real Madrid do Cristiano Ronaldo ou a do Barcelona.

É curioso perceber como, aos poucos, os grandes times da Europa invadiram nosso cotidiano e tornaram-se mais fortes do que algum dia sonhamos em imaginar. O orgulho que, no passado, ostentávamos ao ver equipes brasileiras desbravando continentes, hoje deu lugar a um sentimento de admiração e respeito pelas grandes potências europeias.

Não é nem mais o jogador brasileiro atuando no exterior que chama a atenção do torcedor, mas sim Cristiano Ronaldo e Messi! O pior é que os clubes do país ainda não perceberam que, a cada dia que passa, perdem espaço para essas potências europeias.

Há cerca de dez dias foi divulgada a notícia de que o Manchester United era o clube com maior número de torcedores no mundo. Vi muita gente, seja em conversa pessoalmente ou pelo Twitter, reclamar do levantamento, argumentando que a tradução para o português do termo ''fan'' foi usada de forma inapropriada. A tese era a de que ''fan'' deve ser traduzido como admirador, e não como torcedor.

Mas ao vermos o comportamento dos clubes europeus com os torcedores em todo o mundo e, pior ainda, comparando-o com o que não fazem os clubes brasileiros, é absolutamente compreensível prever o Manchester como o time de maior torcida no mundo.

Por maior que seja o mercado interno de futebol do Brasil, temos perdido espaço para os grandes clubes europeus. Antes mesmo da necessidade de os times brasileiros expandirem suas marcas para o exterior é fundamental hoje que um planejamento seja traçado para valorizar a marca internamente.

É preciso começar um trabalho de fortalecimento do produto futebol brasileiro, que passe não apenas pela permanência de Neymar, Lucas e quetais em solo nacional. Qual o plano que existe para cativar e fidelizar o torcedor, o fã, o admirador ou o nome que queira se dar a quem segue um time?

Enquanto o marketing não entrar para valer fora de campo nos clubes brasileiros, veremos Barcelona e Real Madrid dominarem as festas juninas Brasil adentro. Isso, no longo prazo, pode ser um problema para o país que se orgulha em dizer ser ''do futebol''.