Sinal dos tempos…
Erich Beting
Não, o texto a seguir não falará sobre a épica conquista que pode ser alcançada pelo Corinthians em cerca de 24h. Até porque não é perfil deste blog falar sobre o que acontece dentro das quatro linhas enquanto isso não interfere no que acontece fora dela (e isso pode ser tema para um bom post noutro dia).
O espaço, agora, é para falar de um evento que está sendo realizado desde esta terça-feira, dia 3, na cidade de Curitiba. O 3º encontro dos departamentos de marketing esportivo dos clubes do futebol brasileiro se estende até o fim da tarde desta quarta-feira e pretende debater de que forma os clubes podem trabalhar suas marcas para aumentar o faturamento, principalmente no mercado de licenciamentos.
Tive o prazer de participar do evento, que é promovido pelo Coritiba, como palestrante, falando sobre os desafios que o futebol encontra hoje dentro da indústria do esporte no Brasil. Confesso que saí de Curitiba um tanto quanto esperançoso e um tanto quanto preocupado.
A esperança vem exatamente desse importante passo que é reunir todos os clubes para debater como é possível unir esforços para fortalecer a indústria do futebol. Historicamente a cadeia produtiva do esporte no Brasil se acostumou a fomentar rivalidades (e a gritaria sem fim em torno do torcer contra ou a favor do Corinthians contra o Boca é só uma prova disso).
O problema é que isso claramente vale apenas para a brincadeira do torcedor. Não tem resultado prático para fora da competição esportiva. E daí entra a ligeira preocupação com o evento. Faziam parte do encontro os profissionais dos departamentos de marketing dos clubes. As pessoas que, no dia-a-dia, sabem o quanto é mais interessante trabalhar em conjunto entre os clubes para poder barganhar melhores contratos, serviços mais eficientes, etc.
O dirigente que está à frente dos clubes, que dá entrevista para a imprensa, que discute com os conselheiros e que é, em última instância, quem toma a decisão sobre os rumos de uma entidade esportiva, estava afastado do debate. E aí é que entra o problema. É esse dirigente que deveria entender que negociar contratos coletivos com a televisão, com empresas de licenciamento e outras coisas do gênero só beneficiam os clubes.
O futebol, como parte da indústria do entretenimento, não tem a concorrência entre os clubes, mas sim com as outras atividades de lazer da população. Sinal dos tempos de que já possamos debater isso dentro dos clubes. Mas, é claro, poderia ser ainda melhor…