Negócios do Esporte

O fiasco dos ingressos e as lições para 2016

Erich Beting

Reportagem de capa nos principais jornais de Londres, exaustivas matérias na TV e na internet pelo mundo todo. A falta de gente nas competições dos Jogos Olímpicos tem sido um motivo de grande vergonha para os britânicos nesses primeiros dias de Olimpíadas. E, também, motivo de indignação por parte da população e, principalmente, dos torcedores de outros países que estão sem ingressos.

Ontem presenciei, na entrada do EXcel Arena, local onde há competições do judô, boxe, esgrima e tênis de mesa, entre outras, uma discussão entre italianos (o que, convenhamos, não é qualquer novidade) por não conseguirem entrada para as competições que rolavam por lá, enquanto viam as reportagens de que até militares eram convocados para ''preencher espaço'' nas arenas.

O fato é que a péssima experiência que os londrinos têm tido com ingressos deixa para o Brasil uma enorme lição. Assim como nós, os ingleses têm uma cultura esportiva muito voltada para o futebol. A falta de conhecimento sobre outras modalidades esportivas causa a baixa procura por entradas para competições em que não há um grande nome do esporte envolvido. Um bom exemplo é que natação, atletismo e basquete masculino são algumas das modalidades em que os ingressos se esgotaram rapidamente.

Também ontem, mas no estádio de Wembley, tivemos uma clara mostra da força do futebol para a Inglaterra. A partida do feminino entre Grã-Bretanha e Brasil foi vista por 70 mil pessoas. Foi o maior público dos Jogos até agora desde a cerimônia de abertura. E foi uma clara mostra de que o britânico gosta mais de futebol do que dos outros esportes.

Para não passar vexame, até 2016 o Brasil tem a necessidade de ampliar a audiência das demais competições e, até lá, criar o interesse no público em acompanhar os Jogos Olímpicos. O problema para isso é que, até lá, tem ''apenas'' uma Copa do Mundo (de futebol), pelo caminho.

A outra solução é o COB criar, em conjunto com o COI, um sistema muito mais flexível de venda de bilhetes, o que tornaria muito mais fácil a procura por quem não é brasileiro e, consequentemente, aumentaria o potencial de o país receber mais turistas no período dos Jogos.

De qualquer forma, os maus exemplos ingleses também têm de ser estudados à exaustão para o Rio-2016. O relógio, a cada dia que passa aqui em Londres, fica mais penoso para os brasileiros.