Negócios do Esporte

A Conmebol ataca outra vez!

Erich Beting

Quarta-feira, dia 22 de agosto de 2012. Universidad do Chile e Santos se enfrentam pela final da Recopa Santander Sul-Americana, em partida disputada em Santiago. No mesmo horário, Botafogo e Palmeiras decidem, no Rio de Janeiro, um dos classificados para as oitavas-de-final da Copa Bridgestone Sul-Americana.

O resultado, para moradores de São Paulo e Rio de Janeiro, era óbvio. TV aberta com o duelo brasileiro pela Sul-Americana, enquanto o torcedor santista tinha de buscar a TV por assinatura para conseguir acompanhar o empate do Peixe contra ''La U''.

Se ainda fossem entidades distintas que organizassem as duas competições, até poderíamos aceitar a ''coincidência''. Mas vindo da mesma organizadora dos dois torneios, é simplesmente desesperador ver o nível que anda a gestão esportiva na América do Sul. Isso para não entrar no mérito de que a final da Recopa acontece depois que o campeão da Santander Libertadores do ano corrente já foi definido.

O fato é que a Conmebol, que já é mestre em não exigir dos detentores dos direitos de transmissão de suas competições que exibam as partidas decisivas dos torneios, atacou mais uma vez. Conseguiu marcar para o mesmo dia e horário a final de um de seus torneios e uma fase de classificação de outro.

Quando muita gente não entende porque se fala que um Neymar, um Oscar ou um Lucas devem jogar no exterior, é exatamente por motivos como esse. O atleta ir para a Europa não representa apenas a possibilidade de ganho esportivo. Ao cruzar o oceano, ele terá de aprender a se posicionar num outro nível.

É só perceber que, quase sempre, o jogador brasileiro que consegue fazer uma grande carreira na Europa volta num outro patamar para o Brasil. O grau de profissionalismo, a forma como ele trabalha o relacionamento com o clube e a maneira como se comporta, entendendo muitas vezes que seu papel vai muito além das quatro linhas.

Qual a chance de um atleta evoluir para um estágio maior de profissionalismo quando se tem exemplos de gestão como os da Conmebol ou de uma CBF?

O caminho para manter os ídolos em atividade dentro do Brasil não é só a economia do país melhorar e, dessa forma, ter mais recursos para manter os atletas. Ele passa, obrigatoriamente, por uma melhor preparação da indústria do esporte para evoluir como negócio. Definitivamente não será marcando dois jogos de competições diferentes num mesmo dia e horário que vamos evoluir.