A lição de Dilma após as Olimpíadas
Erich Beting
O assunto já está ficando velho, mas não deu para escrever na semana pós-Londres. O fato é que a presidente da República, Dilma Rousseff, talvez tenha sido a primeira autoridade pública da história a não fazer oba-oba em cima do desempenho brasileiro após um grande evento.
Depois de dois mandatos de Lula e seu populismo em torno do esporte (como não lembrar da promessa ao futebol feminino depois de Atenas-04 ou das infindáveis recepções a esportistas nacionais e promessas de incentivos?), ou de FHC e a pataquada da cambalhota de Vampeta no Palácio do Planalto, não tivemos simplesmente qualquer barulho em torno da volta dos atletas brasileiros dos Jogos Olímpicos de 2012.
Pelo contrário.
Dilma tão somente recepcionou a bandeira olímpica (que trouxe a tiracolo os irmãos Falcão, do boxe) num evento muito mais protocolar porque os Jogos de 2016 serão em solo nacional. E olha que não faltariam motivos para festas. Além das inéditas conquistas do judô, da ginástica e do bi do vôlei feminino, o Brasil encerrou Londres com o maior número em sua história de medalhas conquistadas numa mesma edição de Jogos Olímpicos.
Qualquer que fosse o político, teríamos sem dúvida um tremendo carnaval, com promessas de mais ouros e mais investimentos até 2016 e quetais. Dilma recepcionou a bandeira olímpica, beijou as medalhas de Esquiva e Yamaguchi e cobrou mais determinação do país para que conquiste mais do que as 17 medalhas londrinas nos Jogos do Rio de Janeiro.
Não parece muita coisa, mas sem dúvida é um tremendo benefício para o esporte brasileiro alguém que comanda o país não querer tanto aparecer na foto com os campeões e sim poder celebrar mais esportistas bem-sucedidos. Nunca antes na história deste país tivemos tão pouca promoção em cima de uma participação brasileira num evento esportivo de grande porte.
É uma lição que fica para o esporte pelos próximos anos.