Negócios do Esporte

O futebol expande os tentáculos para outros esportes

Erich Beting

Corrida das Torcidas e Timão Run são duas provas de corrida de rua que acontecem nas próximas semanas. Uma delas envolve os times do Rio de Janeiro, enquanto a outra é destinada a torcedores corintianos. Ambas seguem uma tendência que foi criada em 2009, pelo Palmeiras, quando fez a ''Corrida da Arrancada Heroica'', relembrando a conquista do Paulistão de 1942.

O fato é que o futebol e os clubes começaram a perceber a força de suas marcas e, assim, começam a expandir seus tentáculos para outros esportes. O foco, nesse caso, não é a produção de atletas, mas algo muito mais rentável para o clube, que é explorar a paixão do torcedor por ele.

Esse é o degrau que falta para que o futebol, no Brasil, ganhe uma gestão mais qualificada. A partir do momento em que é preciso trabalhar para atrair o torcedor e fazê-lo consumir cada vez mais, a estrutura precisa ser modificada. O mais curioso é que essa mudança vai partir do próprio consumidor.

Não será via força de lei ou por uma conscientização de quem dirige o futebol de que é preciso mudar. Será na marra. Mais ou menos como é na mudança de hábito do relacionamento das empresas com os seus clientes. Quando o consumidor passa a exigir melhores condições, o meio que se encontra de sobrevivência é adequar-se a essas novas necessidades.

O mercado de corrida de rua, no Rio de Janeiro e em São Paulo, já começa a dar sinais de saturação. Uma prova tendo como tema o futebol é uma forma de atrair um cliente novo para esse mercado. E, também, é uma maneira de o clube mostrar para o torcedor que ele não é só um time de futebol, mas um acalentador da paixão que ele tem por aquela marca.

No Brasil, o clube de futebol tem uma das mais poderosas marcas para trabalhar o consumidor. Com a economia em alta, com mais dinheiro para ser gasto em atividade de lazer e com mais condições de dar ao torcedor conforto, a tendência é que o futebol se espalhe para outros esportes, sempre procurando fisgar um pouco mais dinheiro do consumidor.

E, no fim das contas, essa é uma excelente notícia para toda a cadeia produtiva do esporte. Afinal, o futebol é a locomotiva para as demais modalidades no país.