E a briga pelos direitos de TV fica cada vez mais acirrada
Erich Beting
A ESPN anunciará na próxima semana a aquisição dos direitos para transmitir a Copa do Brasil Sub-20, que acontece entre outubro e dezembro (detalhes aqui). Até aí, aparentemente, o negócio não é nada demais.
Competição que estreia no calendário do futebol nacional este ano, a Copa do Brasil Sub-20 está longe de ser um grande evento e é uma grande aposta do que será, ainda mais acontecendo paralelamente a outras grandes disputas das equipes profissionais. Mas o negócio é emblemático para o mercado brasileiro de direitos esportivos.
Depois de quase duas décadas, uma emissora consegue ''bater'' a Globo e conseguir exclusividade sobre um evento de futebol no país. E num momento que é extremamente delicado para o mercado de compra de direitos na TV paga brasileira. A entrada da Fox no começo do ano ''bagunçou'' o coreto e gerou uma inflação que há muito tempo não se via. Ou melhor, há cerca de uma década, quando a entrada da PSN causou o mesmo alvoroço.
Depois de a Fox elevar em quase cinco vezes o valor que era pago pelos direitos do Campeonato Italiano, que saltaram a estrondosos US$ 20 milhões apenas para o território brasileiro, e a Globo contra-atacar negociando um prolongamento do contrato com os clubes de futebol no Brasil para ter as maiores competições, a ESPN dá agora o ar de sua graça com esse negócio com a CBF.
O único problema, nisso tudo, é que a escalada de preços e de concorrência não vem acompanhada de uma evolução na gestão de quem é o detentor desses direitos. Fosse isso, nenhum clube teria aceitado a luva a ser paga pela Globo para ampliar seus contratos e passaria a entender que a força está com eles para aumentar o valor que é pago atualmente e discutir, de forma contundente, quais os planos da emissora que deterá os direitos no segmento de TV fechada, para um mercado que vai se transformar substancialmente num país cada vez mais conectado à internet e também com mais acesso à TV a cabo. Isso sem falar na chegada da TV por demanda, algo que em menos de dez anos acontecerá no país.
Mas debater isso é perda de tempo depois que implodiram com a negociação coletiva dos direitos. Pelo menos o consumidor vai ganhando mais opções dentro de um mercado que ficou quase uma década estagnado. E isso, no fim das contas, ajuda o próprio esporte, mesmo sem ele estar pronto para isso.