Negócios do Esporte

O saldo do bando de loucos: R$ 200 milhões

Erich Beting

Pelo que recebi de mensagens nas redes sociais, parece que as pessoas que estão no Brasil duvidam muito da tal ''invasão'' corintiana no Japão. Bom, segundo o departamento de marketing do clube, a vinda dos Corinthianos para cá, oficialmente, movimentou R$ 200 milhões (leia a reportagem aqui). O número não é o que fica de dinheiro no caixa do clube, mas tudo o que se gastou por torcedores e entidade para a viagem. Pode até estar um pouco inflacionado. Ou, pior, subdimensionado.

Sim, o Japão está tomado por corintianos. Não apenas aqueles que moram no Brasil, mas vindos da Austrália (em enorme proporção), da Inglaterra, da Alemanha, dos Estados Unidos, etc. A proporção é absurda, e isso, curiosamente, ao mesmo tempo que traz soluções para o Corinthians, cria alguns problemas.

A invasão é um reflexo claro de que o torcedor corintiano é apaixonado. Não é mais apaixonado do que muitos apaixonados por outros clubes, mas pode ser em maior contingente.

Muita gente tem se apegado aos números de público nos jogos de São Paulo e Inter da semifinal para tentar dizer que a invasão não foi tão grande assim. O cerne da questão não é o número em si, mas a proporção de torcedores presentes no estádio. Em Toyota, cerca de 90% dos 31 mil torcedores era de corintianos. São Paulo e Inter, e também Santos, não conseguiram colocar tanta gente assim.

Há diversas razões para isso. A primeira, e mais óbvia, é a economia. O momento atual, para o brasileiro, é melhor para viajar do que há sete ou três anos. Além disso, ao montar a operadora de viagem oficial, o Corinthians ''facilitou'' a viagem para seu torcedor, com prazos de pagamentos distintos e, às vezes, mais acessíveis.

Mas há, de fato, muita gente espalhada pelo Japão torcendo para o Corinthians.

Esse é  um ponto importante a ser frisado. Pelas ruas, japoneses falam ''Corinthians'' ao ouvir palavras em português. Nos locais turísticos, o ''Vai, Corinthians'' virou uma espécie de cumprimento entre brasileiros, mesmo que você não esteja trajando qualquer vestimenta do clube.

Tudo isso, porém, tem duas interpretações interessantes. Ao mesmo tempo que o bando de loucos significa um bom punhado de dinheiro nos cofres corintianos, ele também representa um fardo que o clube precisa carregar.

Com uma torcida tão apaixonada pelo clube, fica difícil para o Corinthians trabalhar a imagem de um ídolo. Nenhum jogador consegue se tornar ícone, já que a paixão fica centrada no time como um todo. Isso gera um problema para trabalhar a promoção do clube em outros mercados, que foi a base do crescimento internacional dos times europeus.

Outra oportunidade é a paixão da torcida ser trabalhada pelo marketing para levar o Corinthians a outros lugares. A ''Fiel'' pode se transformar numa espécie de produto de exportação do clube. A invasão, realmente, pode proporcionar algo inédito para o futebol no Brasil.

*O blogueiro viaja a convite da Toyota do Brasil