Negócios do Esporte

O mercado de material esportivo é a nova bola da vez

Erich Beting

Corinthians e Flamengo vão, mais uma vez, puxar a fila da próxima mudança que se aproxima no futebol. O contrato que o Corinthians renovou com a Nike, e aquele que Flamengo e Adidas assinaram na última noite, devem levar a um novo patamar a relação das fabricantes de material esportivo com as principais marcas do futebol brasileiro.

A renovação antecipada da Nike com o Corinthians, pagando cerca de US$ 30 milhões anuais num contrato de dez anos, tem a ver com o primeiro movimento nesse sentido, que foi a aproximação entre Adidas e Flamengo, ainda no ano passado. Quando a Adidas ofereceu R$ 30 milhões ao ano para o Rubro Negro, a Nike precisou se armar para não perder seu maior produto em solo nacional.

Agora, o processo tende a se espalhar para os clubes na linha de sucessão em importância, que são Palmeiras e São Paulo (que deve assinar com a Penalty em breve). E, em todos os casos, a tendência é termos um aumento no contrato motivado por dois fatores: mercado interno aquecido e início de entendimento maior dos clubes de seu poder de venda.

Hoje, Corinthians e Flamengo começam a ser alçados ao patamar das principais marcas do futebol no mundo. Em valores, seus contratos já são semelhantes aos praticados com as maiores potências da Europa, como Manchester United, Milan, Chelsea, Real Madrid ou Barcelona.

Antes, com o mercado interno brasileiro numa tendência de baixo consumo, e com os clubes sem explorar o consumo do torcedor, as marcas esportivas não davam valor para o potencial de receita de um patrocínio a uma equipe. Agora, pelo contrário, já ficou claro que há um imenso potencial a ser explorado. Os próprios clubes hoje trabalham sabendo da importância que é reverter a paixão do torcedor em receita para o caixa.

Esse foi o primeiro ponto, iniciado em 2006 com as parcerias de São Paulo e Inter com a Reebok, que começou a mudar o relacionamento da marca com os clubes. Agora, finalmente começamos a querer chegar ao que é praticado na Europa, em que há quase que uma sociedade entre fabricantes e entidades. Resta saber se as subsidiárias brasileiras das multinacionais estarão prontas para atenderem à demanda.

Talvez esse seja o ponto principal a ser discutido hoje na hora de um clube fechar um contrato com uma marca. Dinheiro não é o problema, mas sim a capacidade de entrega.