Negócios do Esporte

O UFC vai às ruas, mas será que emplaca?

Erich Beting

Aos poucos o UFC vai mostrando que o sonho de Vitor Belfort em ver a liga de lutadores se tornar o segundo esporte mais popular do país está muito longe de se tornar realidade. Na manhã desta quarta-feira, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, Belfort é a grande estrela do treino em local público que reunirá os lutadores do UFC São Paulo, que acontece no final de semana.

A reunião prévia dos lutadores é uma das estratégias do UFC em promover o evento na cidade mais populosa do país. Não é nenhuma grande novidade, já que diversas outras modalidades fazem esse tipo de ação para tentar levar ao público aquilo que acontecerá no fim de semana. Mas, passada a euforia da realização de outros combates da liga em solo nacional, aos poucos vai ficando claro que o UFC não conseguirá se livrar do rótulo de ''esporte da moda''.

Até mesmo a Globo, maior interessada nos combates, abriu mão de exibir o evento em TV aberta, restringindo ao pay-per-view a transmissão das lutas. Atrapalha para o esporte, também, o fato de não termos sempre o atleta mais midiático em ação. Por todo o trabalho feito em cima dele, Anderson Silva é o homem capaz de popularizar e levar para além do fanático pelas lutas o interesse em consumir o esporte. A cada evento do UFC no Brasil sem a presença do ''Spider'' fica mais nítido que ele ainda é maior que a modalidade em questão de aglutinar pessoas.

Nos meses em que surgiu como grande mania no Brasil, com direito a personagem na novela das 21h e atletas contratados para fazer propaganda, o UFC parecia que conseguiria sair daquele grupo fechado de adeptos da pancadaria. A luta de Silva contra Sonnen, no Rio de Janeiro, gerou uma correria desenfreada por ingressos e abriu os olhos do UFC para o mercado nacional.

Agora, em São Paulo, sobram ingressos (ao custo mínimo de R$ 400 também fica difícil querer que haja lotação máxima) e falta, principalmente, apelo de mídia para o UFC romper a barreira dos fãs das lutas. A cada nova etapa da liga no Brasil fica a impressão de que, no futuro, veremos que tudo o que se passou com o UFC no Brasil não foi mais do que um ''amor de verão''. Ainda mais se os promotores continuarem a promover o esporte a partir do ídolo nacional, e não do evento em si.