Negócios do Esporte

Após quase 800 jogos, Red Sox não lota o estádio

Erich Beting

Crise no Boston Red Sox. Após quase dez anos e 794 partidas, o time de beisebol americano não viu todos os lugares do Fenway Park estarem ocupados numa disputa do time pela Major League Baseball. É, caro leitor, não é delírio deste que vos escreve ou mesmo seu que tenta acompanhar com certa credulidade essas linhas.

Foram quase dez anos de casa lotada. Não é cheia. É lotada. Sem um ingresso que tenha ''encalhado''. Num clube que faz em média 81 jogos em seu estádio ao longo da temporada, muitos deles ''inúteis''. Mas o número histórico acabou na noite de quarta-feira, quando o Red Sox anunciou via Twitter que não teria o estádio lotado para o jogo contra o Baltimore Orioles.

O fim desse recorde histórico talvez evidencie uma preocupação cada vez mais frequente nos esportes americanos. Com a crise econômica, a tendência é o americano ser mais precavido na hora de gastar. E isso implica, necessariamente, em cortar os gastos com atividades de lazer. Como a ida a eventos esportivos é um dos programas mais caros que existe, um reflexo natural da crise é diminuir a presença de público nos jogos das diferentes modalidades.

Num primeiro momento, nos anos de 2009 e 2010, o esporte nos EUA acusou o golpe. Passou a reduzir o número de eventos em algumas modalidades e, claro, a reduzir o tíquete médio dos ingressos para o torcedor.

Mas agora o pesadelo dos americanos é a televisão.

Um dos principais meios de financiamento do esporte, a TV é hoje vista também como uma espécie de vilã do esporte. Sim, ela continua a pagar a maior parte da conta. O problema, porém, é que a experiência que o torcedor tem hoje em frente à televisão evoluiu muito mais do que aquela dentro do estádio.

Ir a uma partida hoje é quase a mesma coisa de quando o Fenway Park começou a receber os jogos do Red Sox, nos anos de 1910. Pouca coisa evoluiu de fato para o torcedor. Já na televisão, a cada temporada existe uma inovação. Seja a qualidade de transmissão, a possibilidade de interagir com o torcedor ou o simples conforto do tamanho da tela de televisão, o programa só melhora.

No beisebol, algumas franquias decidiram apostar no compartilhamento de imagens dos torcedores que estão presentes ao estádio para aguçar nos seus amigos o interesse de participar do jogo ao vivo. Para isso, decidiram colocar sistema de Wifi gratuita para os torcedores.

No Brasil, o jogo inaugural da Itaipava Arena Fonte Nova convidava o torcedor a compartilhar fotos e tuítes de dentro do estádio. O problema? Não existia um sistema de conexão sem fio e muito menos havia qualidade no sinal de transmissão do telefone celular. Espero, daqui a dez anos, ver um estádio brasileiro com 100% de lotação durante bons anos. Sonhar ainda é possível…