A grande mudança na CBF
Erich Beting
Houve uma grande mudança no comando do futebol brasileiro com a troca de Ricardo Teixeira por José Maria Marin. Não me refiro, obviamente, ao tipo de presidente que passou a ocupar a cadeira na CBF, nem a uma nova mentalidade sobre como gerenciar o esporte mais popular do país e que por conta disso é o que mais movimenta dinheiro.
Afinal, a CBF continua a ser uma entidade controlada por poucos e para poucos, amparada por um sistema político que atrapalha, diretamente, na sustentabilidade do futebol como o mercado exige hoje, que não dá bola para nada a não ser para o time principal do Brasil, que faz conchavos entre presidentes de 27 federações para garantir um status quo moldado e viciado desde os tempos da ditadura militar.
O que mudou realmente desde o momento em que Teixeira concedeu a Marin o bastão de soberano do futebol no Brasil é a sensação de que todos podem ''chegar lá''.
Durante duas décadas, especialmente desde as inconclusivas CPIs sobre o futebol no início dos anos 2000, o poder de Ricardo Teixeira era inabalável. Resumido, talvez, pela frase do próprio ex-chefão, de que ele ''cagava de montão'' para as críticas e denúncias que pipocavam aqui e acolá. Teixeira envergou na ambição de se tornar mais influente na Fifa apoiando, veladamente, a candidatura de oposição a Joseph Blatter.
E aí entrou Marin. Como grande mudança, ficou aquela sensação no meio de que uma dinastia havia acabado. De uma hora para outra, muitos passaram a ver que o mundo da bola no Brasil não se resumia mais a ter de pedir alguma permissão a Teixeira para fazer qualquer coisa. E essa sensação de hiato no poder já começa a mostrar sua faceta mais clara, e perversa, para Marin.
Ele parece ser condenado a ter novamente uma breve passagem por um alto cargo de poder. Há questão de dois meses começou a série de denúncias, ampliada hoje por reportagem da ''Folha de São Paulo'' mostrando um superfaturamento de cerca de R$ 30 milhões na compra do novo edifício-sede da CBF. Parece cada vez mais nítido que o caminho a seguir por ele pode ser encontrar uma luxuosa e confortável casa em Boca Ratón para fazer companhia a Ricardo Teixeira.
A grande mudança na CBF é que hoje há disputa pelo poder. E será assim até que alguém assuma o controle e consiga conciliar clubes, federações, governo brasileiro e Fifa. Pelo visto, lá por 2015, um novo reinado deve começar no futebol brasileiro.
Até lá a cadeira da CBF parece que estará sempre quentinha…