Negócios do Esporte

A CBF precisa criar uma marca para a seleção

Erich Beting

Já falei isso por aqui tempos atrás, e mais uma vez isso fica evidente. É preciso, urgentemente, um trabalho para aproximar a marca da seleção brasileira do torcedor brasileiro. Não há qualquer vínculo que una o consumidor à equipe nacional.

Isso, quando a Copa do Mundo acontece além-mar, não é assim tão problemático. Chega o período do Mundial, a euforia da cobertura da mídia, o sentimento de ''todos contra nós'' e pronto, naturalmente o vínculo está criado.

Mas agora o buraco é mais embaixo.

A Copa é aqui, em meio a questionamentos sobre atraso de obras, ausência de legado, caos nas cidades reviradas para atender às exigências da Fifa, além, claro, da salgada conta que fica para a população. Junta-se a isso o episódio que vimos na noite de quarta-feira em Belo Horizonte. Um time sofrível, uma torcida impaciente e, o que era para ser um momento para unir torcedor e atleta se transforma em mais pressão sobre todos.

É preciso fazer um trabalho de resgate da marca da seleção brasileira. Isso passa, necessariamente, pela criação de um departamento de marketing dentro da CBF que se preocupe não apenas em fechar novos contratos de patrocínio, mas em fazer o torcedor relembrar o prazer de torcer pelo Brasil.

Só que, para isso, precisamos saber o que queremos como marca. O que o torcedor quer de uma seleção nacional? É torcer pelos espetáculos de 70 e 82 ou pela eficiência vitoriosa de 2002? As vaias ao time brasileiro mostram, sistematicamente, que o torcedor espera sempre mais da equipe.

Mas será que isso é só pelo que não fazemos dentro de campo?

Um dos maiores desafios que há hoje para a CBF não é apenas montar um time vitorioso dentro de campo, mas repensar a função da seleção para o torcedor. A forma como o negócio se desenvolveu no futebol tornou-o muito mais identificado com os clubes do que com as seleções nacionais.

A partir do momento em que falta um projeto para resgatar a união entre o brasileiro e a seleção, fica complicado depender apenas do desempenho dentro de campo para que o torcedor sinta-se empenhado a torcer pelo Brasil. E hoje essa é a única forma de relacionamento que a CBF permite existir entre o torcedor e a seleção.

A saída, além de Felipão achar um time, é a CBF encontrar uma marca que identifique a seleção para o brasileiro.