Vermelho da esperança
Erich Beting
O Morumbi pintado de vermelho na classificação do São Paulo às semifinais do Paulistão Chevrolet deixou muito tricolor vermelho de raiva. Mas no blogueiro deu a sensação de que a cor é o vermelho, mais do que da raça, da esperança.
E agora, depois de já receber uns 300 comentários alusivos à minha querida mãe, vamos tentar explicar.
Sim, a camisa vermelha é meio ''estranha'', dando a ideia de que foi realmente tingida sobre o tradicional uniforme branco do tricolor. Da mesma forma, pela televisão, o uniforme simplesmente ''apaga'' as marcas dos patrocinadores, que é importante destacar, aprovaram com antecedência o desenho da camisa.
Mas, caro leitor, vamos parar e pensar desde quando o São Paulo não fazia uma ação que causasse tamanha repercussão na mídia? Os primeiros 45 minutos do jogo contra o Penapolense foram sofríveis, e pelas redes sociais só se lia sobre o novo uniforme. Depois do jogo, também, muitos comentários eram sobre a camisa.
O lançamento do terceiro uniforme são-paulino é, também, emblemático. Ele coloca fim a um marasmo que teimava em existir no clube. O estatuto dos anos 30 não permitia ao São Paulo inovar em suas camisas. Com isso, as confecções dos uniformes são-paulinos praticamente não tinham grandes novidades. E isso traz um reflexo direto nas vendas. Sem inovação, o torcedor que tem a camisa dos anos 90 usa um uniforme muito similar àquele que tem a camisa atual.
É só reparar nas imagens que a televisão faz da arquibancada do Tricolor paulista que logo se percebe esse fenômeno. Pelos patrocinadores na camisa você percebe que os uniformes do São Paulo raramente são ''reciclados''.
Ao fazer a camisa vermelha, o São Paulo cria, após quase 80 anos de história, uma camisa diferente, de jogo, para o seu torcedor. Isso rompe com a mesmice e, claro, impacta nas vendas. Os cálculos preliminares são de que, só com a venda do uniforme, cerca de R$ 2 milhões irão entrar diretamente nos cofres do clube, apenas com a participação nas vendas. O quanto isso não beneficia o time?
Isso sem falar no marketing que o próprio clube faz. O projeto do ''Morumbi Vermelho'' fez o São Paulo, pela primeira vez no ano, ir para um jogo decisivo sem tanta pressão na mídia. O foco de boa parte da cobertura foi sobre o vermelho que cobriria o estádio e o lançamento da nova camisa, ''esquecendo-se'' de debater os problemas dentro de campo que o clube eventualmente tivesse.
O vermelho da raça é muito mais o vermelho da esperança no Morumbi. O marketing do Tricolor voltou a existir, antes com um planejamento e, agora, com execução. O maior erro cometido por muitos clubes é deixar o marketing letárgico, quase sem atuação. O segredo é sempre criar novidades para a torcida.
O vermelho pode ainda estar longe do ideal. Mas o impacto por ele produzido neste domingo mostra quão certa foi a tacada do São Paulo ao acabar com uma estúpida tradição que teimava em atravancar bons negócios no Morumbi.