Negócios do Esporte

Roland Garros “antecipa” problema que Brasil terá

Erich Beting

Um dos mais tradicionais torneios do circuito de tênis do mundo, Roland Garros vive hoje um dilema que futuramente deverá atingir o esporte no Brasil, a começar pelo futebol.

O Grand Slam francês chegou ao limite de crescimento. Para quem olha os corredores do complexo de quadras, o torneio parece um sucesso absoluto. Sem dúvida não deixa de ser. Mas, para quem está ali, caminhando pelas alamedas do complexo, a vida não é tão cômoda assim.

Há muitas opções para compras, especialmente de alimentação e produtos oficiais, mas mesmo assim é inevitável pegar filas relativamente longas por causa do amontoado de pessoas circulando ao mesmo tempo pelo espaço, ainda mais quando chove.

Já há alguns anos que a Federação Francesa de Tênis literalmente batalha pela reforma do complexo. O projeto, que prevê a ampliação do espaço e cobertura da quadra central, é sempre boicotado pela associação de moradores do bairro, que não quer ver destruído um jardim botânico para que essa ampliação seja feita.

Até mesmo os patrocinadores são prejudicados com essa falta de espaço. Os stands são pequenos e, em sua maioria, não podem oferecer grande opção de entretenimento. O maior espaço, batizado de RG Lab, fica no subsolo das quadras, tendo um movimento bem pequeno de pessoas.

Como os atletas querem cada vez mais dinheiro para disputar os torneios, Roland Garros está hoje num beco sem saída. Precisa aumentar receita, mas não consegue ampliar os ganhos de bilheteria (que com iluminação artificial nas quadras seria possível, por exemplo) e também tem chegado ao número máximo de patrocinadores disponíveis (este ano bateu o recorde com 22 parceiros comerciais).

Com a chegada de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos no Brasil, vamos aprender o quanto pode ser benéfico para a organização de um evento ter uma estrutura de primeiro nível para atender a todos que lá estão, do atleta ao público. E isso fará muita gente perceber que será preciso reformar estádios para conseguir sobreviver.

É a conclusão atual de Roland Garros. Ou a estrutura é ampliada, ou por mais tradicional e charmoso que o torneio seja, em breve ele terá dificuldades para se manter financeiramente.