Conselho do Pão de Açúcar repensa venda do Audax
Erich Beting
Aconteceu nesta manhã uma reunião do Conselho de Administração do Grupo Pão de Açúcar que colocou um pé no freio no projeto de venda do Audax, clube de futebol idealizado e mantido pela empresa.
O encontro foi usado por Abílio Diniz, principal mentor do time de futebol, para conseguir brecar a pretensão dos novos controladores do Pão de Açúcar de se desfazer do clube. O executivo, que preside o conselho, tentou mostrar aos demais membros do grupo que o Audax pode ser rentável sob vários aspectos para o Grupo Pão de Açúcar.
Na reunião, foram apresentados dados da empresa de pesquisas Informídia que revelam um retorno em mídia espontânea de R$ 15 milhões para a marca Extra, principal patrocinadora do time, neste primeiro semestre de 2013. Como no ano que vem o Audax jogará a Série A-1 do Paulistão Chevrolet, a expectativa é de que os números aumentem e, só com a veiculação da marca na mídia, traga o retorno sobre o investimento de R$ 22 milhões para a manutenção do clube.
O benefício que o clube traz para a marca do Pão de Açúcar foi, aliás, o grande argumento usado por Diniz na reunião para que o projeto seja mantido. O próprio exemplo do grupo Casino, na França, foi levantado na reunião. O fundador da rede de supermercados dá nome ao estádio do tradicional St. Etienne, clube que foi fundado pela empresa no início do século passado. Da mesma forma, o vínculo atual da marca com o clube, como fornecedor de serviços de alimentação, foram argumentos levantados na discussão.
A estratégia foi aparentemente bem aceita pelos membros do Conselho de Administração. A princípio, a ideia de já colocar o clube à venda foi descartada. Agora, apenas se aparecer um comprador o negócio será levado adiante. Antes, os planos dos novos controladores do Pão de Açúcar eram de ir ao mercado atrás de um interessado.
Curiosamente, o que é o grande negócio mesmo do projeto do Audax, que é a revelação e negociação de atletas, não foi um tema levantado na reunião. O potencial de geração de receita com a venda de jogadores, como o volante Paulinho, do Corinthians, que ainda tem 50% dos direitos econômicos ligados ao Audax, não foi debatido pelos executivos.
Esse, talvez, seja o negócio que mais valorize o Audax atualmente. Dados preliminares feitos pelos gestores do clube mostram que pelo menos R$ 100 milhões entrariam no clube a partir da negociação de atletas. Isso sem falar no quanto representa, financeiramente, o terreno no qual está localizado hoje o CT do clube.