O mico do BB na estreia das Confederações
Erich Beting
Tinha tudo para ser um tiro certeiro, mas virou um mico gigantesco. Literalmente atrás das vaias a Dilma Rousseff, um acontecimento no mínimo curioso mexeu com o mercado de patrocínio esportivo. Ninguém vai dizer se foi emboscada ou não. Até porque, nessas horas, a regra é sempre deixar o mistério no ar.
Mas soou como algo muito bem arquitetado por algum marqueteiro a presença da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, com uma camisa da seleção brasileira de vôlei justamente atrás da presidente da República. No meio de todos os políticos trajados com roupas sociais, Gleisi vestia uma vistosa camisa amarela que, naturalmente, trazia a marca do Banco do Brasil, patrocinador do time de vôlei brasileiro.
O posicionamento da ministra na arquibancada fazia com que a marca do BB fosse estampada com clareza na transmissão da TV quando Dilma fosse filmada. Como o Itaú é quem patrocina a Copa do Mundo, o banco concorrente não poderia ter essa exposição. Teoricamente, poderia ser pedido a Gleisi Hoffmann que retirasse a camisa. Faz parte das regras da Fifa, como forma de proteger quem patrocina o seu evento. O próprio BB faz isso nos jogos de vôlei com quem não usa a camisa amarela com a marca do banco na torcida que aparece na televisão.
Na África do Sul, em 2010, uma ação de marketing de emboscada gerou a prisão de algumas modelos, a demissão de um comentarista de TV na Inglaterra e um grande problema para a Fifa. Mas, lá, existe uma lei contra o marketing de emboscada que prevê a prisão de quem tentar algo que fira os interesses de um patrocinador de um evento. A África do Sul, aliás, foi o primeiro país do mundo a criar uma legislação específica sobre isso, tendo em vista o Mundial de rúgbi de 1995.
Como por aqui, assim como em diversos outros países, não há nada que impeça de forma mais eficiente o marketing de emboscada, o Banco do Brasil tinha nas mãos uma excelente oportunidade. De fato foram quase dois minutos de aparição da marca na TV pelo mundo todo. O detalhe foi o momento em que isso aconteceu. Justamente no instante em que Dilma Rousseff e Joseph Blatter eram vaiados pelos torcedores no estádio…
O Banco do Brasil tinha tudo para sair vitorioso, mas no fim atrelou sua imagem ao maior vexame inaugural da Copa das Confederações. Claro que não se sabe se o tiro saiu pela culatra ou se o banco deu um tremendo azar. Mas, juntando todos os fatos, é praticamente impossível achar que tudo foi uma tremenda sucessão de coincidências…
Abaixo o clique de Evaristo Sá, da agência AFP.