O fim do sonho brasileiro de Anderson Silva
Erich Beting
Nos últimos dois anos, Anderson Silva conquistou o Brasil. O principal lutador do país no UFC foi, ao lado de Neymar, a grande personalidade do esporte brasileiro dos últimos tempos. Por meio de um trabalho de gestão de imagem bem programado, Silva ganhou os principais programas de TV do país, foi capa de revistas de comportamento e, no fim, deixou de ser apenas um rosto conhecido para os amantes de artes marciais.
Mas o sonho brasileiro de Silva parece ter chegado ao fim. O lutador já não renovou o contrato que tinha com o Corinthians (leia aqui) e deve partir para um trabalho de exploração de marca no exterior, principalmente nos Estados Unidos. Foi criada uma empresa para gestão de sua imagem lá fora, a Spider Company, enquanto os serviços da 9ine, maior responsável pelo sucesso do trabalho de marca do lutador no país, ficarão restritos ao solo nacional.
A decisão do staff do lutador tem relação direta também com o que acontece no esporte no Brasil. O uso de atletas como garotos-propagandas ainda é muito pouco difundido. Mais do que isso, as marcas estão pouco preparadas para trabalhar os esportistas como uma propriedade para a empresa, como acontece no mercado americano, por exemplo.
Outro problema para o mercado brasileiro é a aproximação de Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, o que tem levado as marcas, naturalmente, para outros esportes além do MMA. Para completar, a própria estagnação do crescimento do UFC no país tem feito com que Silva tenha atingido também o ''teto'' na gestão de sua marca no país.
O fim do sonho brasileiro de Anderson Silva, ou pelo menos a mudança de seu foco para o mercado brasileiro é apenas mais um indício de que a indústria esportiva no país não está tão madura quanto se esperava.